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Cão mais tímido de ninhada que sempre 'se arrumava' para feiras de adoção não entende porque é sempre ignorado

Por
em Proteção Animal

Quem conhece o cãozinho Panco pessoalmente não economiza nos elogios.

“Neném lindo! Meigo, carinhoso, manso, doce!”, escreveu Caroline Medeiros, responsável pelo resgate dele, no Instagram. “Você é um lorde, Panco!”

Com pouco mais de um ano de idade, Panco é um cão SRD de grande porte, “super bobão”, já castrado e vacinado. Ele se dá bem com crianças, com outros animais e, ainda assim, segue esperando pela sua chance de ser feliz.

Ninhada encontrada no meio do nada

Panco e seus irmãozinhos Espoleta, Luffy e Tuca não tiveram um começo fácil. Ainda bebês, foram cruelmente abandonados em um matagal na cidade de São Paulo.

“Por sorte do destino, antes que o pior acontecesse, os quatro conseguiram chegar até uma rodovia”, contou o perfil Hyppet em um vídeo no Instagram.

Com curvas perigosas ao redor e apenas um pote de água como companhia, os filhotes estavam sozinhos e completamente desprotegidos. Até que Caroline e Jayme, ao passarem de carro pelo local, avistaram a cena e não conseguiram ignorar.

Os filhotes estavam visivelmente machucados, com bicheiras e, como o casal descreveu no Instagram dedicado aos cães, “numa situação muito dolorosa”.

A partir dali, tudo começou a mudar. Eles foram levados a uma clínica veterinária e passaram por um processo intenso de cuidados e recuperação.

“Foram muitos exames, medicamentos e vários titios Vets cuidando da nossa saúde até estarmos lindões como somos hoje!”, diz a legenda de uma publicação carinhosa feita em nome dos filhotes. “Fomos castrados e vacinados depois que estávamos fortes.”

Um 'lorde' reservado

Desde o início, Caroline e Jayme notaram um comportamento diferente em Panco. Ele se escondia atrás dos irmãos, como se quisesse desaparecer. Mesmo em um ambiente amoroso, a timidez excessiva sempre foi uma barreira.

Embora alguns cães se recuperem rapidamente de traumas, outros carregam as cicatrizes por mais tempo. Esse parece ser o caso de Panco.

Por que alguns cães têm tanto medo?

Segundo a veterinária comportamentalista Wailani Sung, em artigo publicado no PetMD, o medo pode ser uma resposta normal e até saudável em cães. No entanto, quando atinge níveis extremos e persistentes, passa a exigir atenção especial.

Diferença entre medo, fobia e ansiedade:

  • Medo: resposta instintiva a uma ameaça real ou percebida.
  • Fobia: medo exagerado e persistente de um estímulo específico (ex: fogos de artifício).
  • Ansiedade: antecipação de algo negativo que pode nem acontecer, levando a comportamentos como destruição e vocalização excessiva.

Sinais clínicos de medo ou ansiedade:

  • Tremores
  • Encolher o rabo ou se esconder
  • Respiração ofegante e andar em círculos
  • Diarreia
  • Lambedura ou mordidas no próprio corpo
  • Tentativas de fuga

Principais causas:

  • Falta de socialização nas primeiras 14 semanas de vida
  • Traumas, como abandono ou maus-tratos
  • Genética (certas raças, como Border Collie e Greyhound, podem ser mais propensas)
  • Histórico de realocações, negligência ou ausência de um tutor fixo

Em muitos casos, como destaca a Dra. Wailani, o medo pode ser "desaprendido" com paciência, reforço positivo e exposição gradual ao que o cão teme.

Os irmãos seguiram caminhos diferentes

A aparência de Panco é idêntica à de Tuca, que foi adotada ainda pequena e hoje vive cercada de carinho.

Espoleta, o mais animado do grupo, também encontrou uma nova família e ganhou o nome de Merlot.

Luffy, sempre alegre e sociável, não vai demorar para ser adotado.

Mas Panco continua esperando e, provavelmente, se perguntando por que ninguém o escolhe.

“Panco, por ser um cãozinho muito tímido, mesmo tendo frequentado as mais diversas feirinhas de adoção, até hoje não teve nenhum interessado em adotá-lo”, lamentou o Hyppet.

Como ajudar um cão tímido

De acordo com o American Kennel Club (AKC), cães como Panco, marcados por traumas ou socialização insuficiente, precisam de tempo e consistência para se sentirem seguros novamente.

Em alguns casos, geralmente os mais extremos, veterinários podem prescrever medicamentos ansiolíticos para se utilizar em conjunto com as técnicas de manejo e demais exercícios.

É importante lembrar que somente um veterinário poderá avaliar a necessidade de incluir um remédio na rotina, levando em consideração o quadro clínico do cão. Além disso, os tratamentos tendem a ser longos e exigem acompanhamento veterinário.

“Tenha em mente que medicamentos prescritos não são adequados para todos os animais de estimação e geralmente são implementados apenas como último recurso em casos graves”, informa a Dra. Wailani.

Dicas práticas para fortalecer a confiança

Algumas recomendações do AKC para construir e fortalecer a confiança de um cãozinho tímido incluem:

  • Crie uma rotina previsível

Alimentação, passeios e momentos de descanso devem seguir horários regulares.

  • Ensine comandos básicos com reforço positivo

Sentar, deitar e vir quando chamado ajudam o cão a sentir que tem controle sobre o ambiente.

  • Reforce bons comportamentos com recompensas

Recompense com carinho, petiscos ou brinquedos após ações desejadas.

  • Evite forçar interações

O cão deve decidir quando se aproximar. Forçá-lo a conviver com estranhos ou animais pode aumentar o medo.

  • Explore esportes caninos para confiança, não competição

Esportes de agilidade, por exemplo, ajudam o cão a lidar com obstáculos e desafios em um ambiente positivo.

  • Associe o tutor a boas experiências

Caminhadas tranquilas, brincadeiras seguras e momentos de carinho ajudam a reforçar o vínculo.

  • Apenas treinamentos positivos

Em vez de punir o cão, prefira ignorar e redirecionar os comportamentos indesejados.

  • Seja paciente

Deixe seu cão seguir o próprio ritmo. O medo pode interferir na velocidade de aprendizado. Não crie expectativas irreais.

Panco talvez nunca se torne o cão mais extrovertido da vizinhança e está tudo bem! Como lembra o AKC, o objetivo não é mudar a personalidade do animal, mas sim, ajudá-lo a se sentir confortável e seguro. Isso é o que importa.

Dê uma chance ao Panco

Você não precisa ser especialista em comportamento animal para mudar a vida de um cão como Panco. O que ele precisa é de um lar paciente, gentil e disposto a acolher sua timidez como parte de quem ele é.

Se você é da região de São Paulo e se sentiu tocado pela história dele, entre em contato pelo Instagram @meaudota2025 ou via app da Hyppet. A adoção é responsável e feita mediante entrevista.

“Logo logo você vai estar deitadinho recebendo muito amor de alguém maravilhoso, como você merece!”, desejou Caroline, torcendo por um final feliz.

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Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.