“Ó, se eu quisesse”: vira-lata caramelo e caranguejo ignoram instintos de caça para brincar na areia e cena diverte
Por Beatriz Menezes em Mundo AnimalAs praias do Espírito Santo costumam ser palco de cenas cotidianas de lazer humano e animal, mas um evento específico flagrado na areia revelou uma faceta surpreendente do comportamento natural.
Dois animais de mundos completamente distintos encontraram uma linguagem comum. De um lado estava um vira-lata de pelagem caramelo, e do outro um caranguejo em posição de defesa.
A dinâmica estabelecida entre os dois animais dispensou a violência, o cachorro investia com o focinho em movimentos rápidos e recuava antes de qualquer contato físico real.
O crustáceo mantinha suas garras erguidas e acompanhava o ritmo do mamífero sem desferir golpes ou tentar uma fuga desesperada para o mar ou para debaixo da areia.
Essa conexão singular excluiu até mesmo quem tentou participar amigavelmente. Zaki, um border collie residente da região, percebeu a movimentação e tentou se inserir na atividade.
O cão se aproximou buscando socialização, mas sua presença foi ignorada. A bolha criada pelo vira-lata e pelo caranguejo era impenetrável.
Zaki correu ao redor e buscou contato visual, mas a atenção dos protagonistas estava fixa um no outro. O border collie acabou sobrando na cena e teve que se contentar com o papel de observador privilegiado.
O border collie nascido em 30 de março de 2018 é a estrela habitual de um perfil no Instagram que acumula mais de 16 mil seguidores. Seu conteúdo é meticulosamente curado para mostrar o dia a dia de um cão bem treinado, suas viagens, amizades e sessões de adestramento.
O vídeo ultrapassou a marca de 8,8 milhões de visualizações. O engajamento atingiu mais de 1 milhão de curtidas e 5 mil comentários.
“Ele todo delicadinho dando uma mordidinha na mão do caranguejo”.
“Ficaria o dia inteiro vendo os dois na praia”.
“Se o cachorro quisesse teria mordido o caranguejo, e se o caranguejo quisesse tinha usado a puã, ou teria se escondido na areia , os dois claramente fizeram amizade, e estavam brincando . Uma cena raríssima !!!”.
Foram alguns dos comentários.
Este crustáceo que aparece brincando com o caramelo no vídeo abaixo é conhecido como ‘Maria-farinha’ e é um caranguejo comum em praias e se camufla na areia. Muito ágil e arisco, o animal usa oito de suas dez patas para correr e as pinças são utilizadas para pegar comida e se defender.
Assista:
Ele também tem outros nomes populare, podendo ser chamado de: caranguejo-fantasma, vasa-maré, guaruça, guriça e siripidoca e é sensível ao frio e, por outro lado, apresenta boa resistência ao calor, muitas pessoas o confundem com siri.
O caranguejo maria-farinha (Ocypode quadrata) pertence à família Ocypodidaee pode ser encontrado na costa leste dos Estados Unidos e em todo litoral brasileiro. As informações são do Aquário Marinho de Búzios.
Você sabia que todo siri é, na verdade, também um caranguejo?
Quem visita Fernando de Noronha costuma ver siris e caranguejos dividindo o mesmo cenário, mas esses crustáceos escondem diferenças que passam despercebidas à primeira vista.
Segundo o site Bar do Meio Noronha, os siris, por exemplo, são os únicos caranguejos capazes de nadar, uma habilidade garantida pelas patas traseiras achatadas, que funcionam como verdadeiras nadadeiras.
É essa característica que os separa de outros caranguejos, cujas patas são pontiagudas e feitas para caminhar – e, claro, para aquele famoso deslocamento lateral.
O tamanho também muda bastante entre as espécies. Os maiores siris dificilmente ultrapassam 20 centímetros de envergadura, enquanto alguns caranguejos chegam a impressionantes 50 centímetros, dominando rochedos e faixas de areia pelo Brasil.
E embora possam ocupar espaços parecidos à beira-mar, o hábito é outro ponto que diferencia esses animais. Os siris são totalmente marinhos. Vivem em água salgada e, eventualmente, circulam por manguezais, mas não sobem para rios de água doce.
Já os caranguejos têm mais liberdade: existem espécies que vivem tanto em água salgada quanto em água doce.
Aquela “coreografia” típica do andar de lado tem explicação simples. As juntas das patas dos caranguejos se dobram lateralmente, o que faz com que as patas de um lado puxem e as do outro empurrem o animal na mesma direção.
Esse movimento é mais eficiente e rápido, embora eles também consigam caminhar para a frente – só que bem devagar.
Além disso, todos pertencem ao grupo dos artrópodes, animais de patas articuladas, e à classe dos crustáceos, que inclui também camarões.
São cinco pares de patas no total, sendo que o primeiro evoluiu para garras usadas para defesa e disputa territorial.
Outra curiosidade é o comportamento alimentar. Muitos caranguejos são considerados os “faxineiros” do litoral, já que se alimentam de carniça e restos orgânicos, ajudando a manter o equilíbrio dos ecossistemas costeiros – inclusive nos entornos de Noronha.
Algumas espécies, como o aratu, não nadam, mas compensam escalando rochas e troncos para se proteger e procurar alimento.
Felizmente esses dois se tornaram amigos. Mas a amizade desperta uma curiosidade: será que caranguejos são tóxicos para cães?
Segundo a PetMD a carne de caranguejo não é tóxica para cães e, quando oferecida de forma eventual, sem casca e sem temperos, costuma não representar riscos imediatos.
Muitos tutores até percebem que o pet aprecia o sabor, já que é uma fonte de proteína magra com vitaminas e minerais presentes naturalmente no crustáceo.
Ainda assim, todos esses nutrientes já fazem parte de uma ração comercial equilibrada, então o consumo não traz benefícios extras ao animal.
Mesmo assim, é importante considerar alguns pontos antes de liberar o petisco. A carne de caranguejo possui níveis altos de sódio, colesterol e iodo, substâncias que podem ser prejudiciais para cães quando consumidas em excesso.
Outro cuidado essencial está no preparo. Temperos comuns no preparo do caranguejo podem irritar o estômago do animal e alguns ingredientes chegam a ser tóxicos para cães.
A casca, por sua vez, é um risco significativo. Por ser dura, afiada e não digerível, pode machucar a boca, causar engasgamento ou até provocar uma obstrução intestinal.
Outro alerta vai para a carne crua que o cão pode encontrar na praia. Ela pode conter parasitas capazes de provocar infecções e outros problemas de saúde.
Há ainda uma possibilidade rara, mas existente: alguns cães podem desenvolver alergia à carne de caranguejo quando expostos repetidamente ao alimento.
