Após tempestade, homem encontra filhote de pássaro indefeso e tem ideia genial para assumir o papel de mãe
Por Larissa Soares em Proteção AnimalDepois de uma tempestade, Paulo Henrique e o irmão encontraram um filhote de bem-te-vi caído no chão, encharcado e completamente indefeso.
O ninho original ficava no topo de um poste, tão alto que não havia nenhuma possibilidade segura de recolocar o filhote no lugar.
Sem saber ao certo o que fazer, mas movido pelo impulso de não deixá-lo ali à própria sorte, Paulo decidiu cuidá-lo até que estivesse forte o suficiente para voar por conta própria.
E foi assim que nasceu a saga de Enzo Bentivi.
Com o passar das horas, Paulo usou e abusou da criatividade. Para substituir o ninho perdido, Paulo cortou ao meio uma bola de Natal brilhante e dourada e colocou um forro macio.
Mas o que realmente dominou as redes sociais foi a engenhosidade que ele usou para alimentar o filhote: uma mãe bem-te-vi de papelão.
Com palitos, papelão e muita imaginação, Paulo construiu uma espécie de fantoche de uma mamãe bem-te-vi. E não é que Enzo aceitou a ideia?
No vídeo que viralizou no Instagram, com mais de 187 mil curtidas, Paulo dá vida ao fantoche enquanto oferece um pedacinho de banana ao passarinho.
“Você comeu, meu filho? Você comeu? Está muito difícil buscar a comida para você, entendeu? Estou tentando buscar carne, mas eu encontrei para você aqui o que? Banana!”, diz a ‘mãe’ ao filhote.
“Come essa daí, que eu vou voar, vou atrás de inseto e trago o inseto agora para você, está bom?”, completou.
A encenação arrancou gargalhadas dos internautas.
“O pássaro pensando ‘que mãe engraçada é essa?’”, brincou um internauta.
“As mamães mastigam e dão da boca delas já mastigado... Só avisando pra você fazer igual”, observou outra pessoa.
Outra fez piada com o ninho brilhante: “Ele nasceu em berço de ouro.”
Paulo sabia que a banana até quebrava o galho, mas não seria suficiente. Então, ele e o irmão foram até uma área de mato para procurar insetos. Depois de muito esforço, encontraram alguns grilos.
Mas a alimentação ficou mais fácil. Seguindo as sugestões dos seguidores, ele comprou tenébrios, larvas muito usadas na alimentação de aves insetívoras e peixes.
Além disso, Enzo ganhou a companhia de outro filhote, um pouco mais desenvolvido, também encontrado no mesmo local três dias depois.
Batizado de Miguel, ele e Enzo agora dividem um ninho maior, feito especialmente para os dois se fortalecerem juntos.
Com o caso viralizando, veterinários começaram a enviar orientações ao cuidador.
Uma das principais recomendações foi reduzir gradualmente as alimentações diretamente pela “mamãe fantoche”, para que Enzo aprendesse a comer sozinho.
Paulo passou a deixar os alimentos disponíveis no recinto, e o filhote rapidamente entendeu o processo. A presença de Miguel também tem sido importante: aves aprendem muito observando outras aves.
Agora, doze dias após o resgate, os dois filhotes estão fortes, ativos e quase prontos para voltar à natureza.
Acompanhe a saga no Instagram de Paulo: (@paulohumor_ofc)
O bem-te-vi: uma ave ousada, versátil e cheia de personalidade
Segundo o WikiAves, o bem-te-vi é uma das espécies mais adaptáveis do Brasil. Muito comum em ambientes urbanos, pousa em postes, canta nos fios, invade comedouros e até toma banho em chafarizes públicos.
O canto característico, que dá origem ao nome, costuma ser ouvido logo no amanhecer.
No quesito alimentação, o bem-te-vi é uma ave oportunista. Embora seja essencialmente insetívoro, devorando centenas de insetos por dia, também come frutas, minhocas, pequenos peixes, lagartos, ovos, pequenos roedores e até filhotes de outras aves.
Em cidades, é comum vê-los roubando ração de cachorro ou gato deixada nos quintais.
Versátil, esperto e curioso, o bem-te-vi está sempre explorando novas fontes de alimento e novas maneiras de sobreviver. A adaptação fácil é uma de suas principais características.
O que fazer ao encontrar um filhote de pássaro?
Ao encontrar um filhote de ave, os órgãos de proteção à vida selvagem reforçam que a prioridade deve ser sempre tentar devolver o filhote ao ambiente natural.
Segundo a RSPCA UK, as recomendações variam conforme o estágio de desenvolvimento da ave.
1. Se o filhote não tem penas ou possui apenas penugem
Nesse caso, trata-se de um filhote de ninho. Ele não sobrevive sozinho e deve ser recolocado imediatamente em um ninho.
Não se preocupe em “deixar cheiro” no filhote. Essa história de que as mães rejeitam filhotes que foram tocados por humanos é mito.
Se o ninho original estiver inacessível, danificado ou inexistente, é possível fazer um ninho substituto.
Uma cesta, vaso de planta ou recipiente com furos para drenagem pode funcionar, desde que preso de forma segura a uma árvore próxima ao local do ninho.
A RSPCA UK reforça que, se a ave estiver ferida, o ideal é procurar rapidamente um centro de reabilitação de animais selvagens ou um veterinário.
2. Se o filhote já tem penas e está no chão
Esses filhotes deixam o ninho pouco antes de aprender a voar e, por alguns dias, permanecem no chão enquanto os pais continuam a alimentá-los.
Nesse caso, o ideal é apenas manter os pets longe e observar. Normalmente, os pais estão por perto.
3. Quando resgatar?
A intervenção humana só é recomendada se:
- a ave estiver ferida;
- os pais estiverem mortos;
- você observar por pelo menos duas horas, de longe, que os adultos não voltaram.
Nesses casos, a recomendação é juntar o filhote e procurar ajuda em um centro especializado o mais rápido possível.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.
