Gata ‘perde a compostura’ e agride convidada canina durante festa; o que a reação nos ensina sobre comportamento felino?
Por Larissa Soares em GatosA tutora da gata Nina estava ansiosa para comemorar o primeiro aninho da felina da melhor forma possível: decoração, parabéns animado, bolo e convidados especiais.
Tinha tudo para ser lindo… mas as coisas não saíram bem como o planejado.
A festa, organizada com carinho pela tutora em agosto de 2021, contava com a participação de uma cachorrinha e um gato.
Na hora dos parabéns, os animais convidados foram para o colo de seus humanos, com Nina no centro das atenções.
E foi aí que o caos tomou conta:
O vídeo do momento virou piada entre amigos. E a tutora, que sempre se referia à Nina como uma gata “brava por natureza”, levou com bom humor.
Mas, por trás da cena engraçada, vale levantar uma questão importante: agressão pode ser sinal de medo?
Medrosos ou furiosos?
De acordo com a veterinária Barri J. Morrison, em artigo publicado no PetMD, muitos gatos manifestam medo e ansiedade através de comportamentos agressivos, como arranhões, mordidas, rosnados ou até aquele famoso tapa.
Embora os gatos sejam caçadores por instinto, na natureza, eles também são presas em potencial.
Isso significa que, quando se sentem encurralados, sobrecarregados por estímulos ou em ambientes que não controlam, podem fugir ou reagir de forma defensiva.
Segundo Morrison, barulhos altos, mudanças de ambiente, visitas, novos cheiros e outros animais estão entre os medos mais comuns dos felinos.
Eles têm um olfato e uma audição extremamente apurados e, tudo isso, pode fazer de uma simples festa de aniversário um evento altamente estressante para um gato.
A importância de entender o comportamento felino
Gatos não são como cães. Eles são animais territoriais, metódicos, furtivos e que preferem ambientes previsíveis. Mudanças súbitas podem ser percebidas como ameaças.
Infelizmente, por mais bem intencionado que seja um tutor, a falta de informação sobre o comportamento e necessidades dos felinos acaba gerando situações estressantes (e até trágicas).
Nina, por exemplo, tinha acesso à rua, o que infelizmente acabou levando a um desfecho triste.
No início deste ano, ela foi atropelada. Um fim doloroso, mas que acontece com frequência justamente pela falsa ideia de que gatos “precisam” sair para viver bem.
Hoje, os especialistas, veterinários e ONGs defendem o gato indoor (dentro de casa) como a opção mais segura e saudável.
Mas, claro, não é só prender o gato em casa. O ambiente deve ser enriquecido com brinquedos, arranhadores, prateleiras, e, claro, muito afeto.
Não é frescura
Reconhecer os sinais de estresse e medo em gatos é essencial para oferecer qualidade de vida a eles.
Um gato que se esconde, que rosna ou que evita contato físico pode estar apenas dizendo, à sua maneira, que está assustado.
A boa notícia é que com paciência, conhecimento e respeito pelos limites do animal, é possível ajudá-los a lidar melhor com diferentes situações.
Técnicas de dessensibilização, reforço positivo, e visitas regulares ao veterinário também colaboram para um gato mais equilibrado.
A ‘agressão’ de Nina pode ter rendido boas risadas na hora, mas deixa um recado importante: gatos não são 'temperamentais' por capricho. Eles estão constantemente tentando se proteger.
Não há dúvidas de que a tutora de Nina amava profundamente a felina. Mas a melhor homenagem que podemos fazer a eles, seja em aniversários ou no dia a dia, é oferecer segurança, compreensão e um ambiente onde possam ser simplesmente... gatos.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.