Tendência capivaras: O que explica a 'epidemia' mundial de amor por esse roedor gigante
Por Larissa Soares em Mundo AnimalDuvido você entrar em uma loja de departamento e não esbarrar em algum produto com estampa de capivara.
Meias, camisetas, pijamas, pantufas, pelúcias, elas estão por toda parte. E não é só no Brasil.
No Japão, por exemplo, existe até um “Capybara Café”, no estilo dos cafés de gatos, onde os clientes podem lanchar enquanto acariciam esses simpáticos roedores.
E não é difícil entender o motivo da capivara estar em alta. Ela é basicamente o espírito da tranquilidade em forma de bicho.
Vive em bando, se dá bem com todo mundo, deita no chão como cachorro e, de quebra, ainda tem uma carinha que mistura serenidade com sabedoria ancestral.
No podcast “Não Importa”, do Porta dos Fundos, Gregorio Duvivier resumiu bem o fenômeno:
“A capivara pra mim é o maior caso de rebranding que já aconteceu.”
Segundo ele, o animal passou de vilã, ou como ele brincou, “o Aedes aegypti de 200kg”, para queridinha da cultura pop.
De vetor de febre maculosa a símbolo mundial de paz e fofura.
“O pistache do reino animal”, completou.
Mas, será que essa mudança de imagem tem alguma relação com os dados sobre a febre maculosa?
A fama subiu, mas o alerta continua
Apesar do carisma inegável da capivara, a febre maculosa segue sendo um problema sério.
Segundo os dados do Ministério da Saúde:
- O Brasil registrou 381 casos da doença em 2024, sendo a maioria na região Sudeste (227).
- A região Sul vem em seguida, com 83 casos.
- Foram 47 mortes confirmadas no ano passado, todas na região Sudeste.
- Já em 2025, até o fim de maio, foram registrados apenas dois óbitos: um em Minas Gerais e outro no Rio de Janeiro.
Ou seja: a doença não está desaparecendo. Muito pelo contrário. O número de casos em 2024 foi o mais alto já registrado.
A boa notícia é que, aparentemente, mais pessoas estão sobrevivendo, analisando a relação casos x óbitos.
Isso, talvez, pode estar diminuindo o pânico popular e contribuindo para o sucesso da capivara nas redes sociais e nas prateleiras.
O que é a febre maculosa?
De acordo com o Ministério da Saúde, trata-se de uma doença infecciosa aguda, causada por bactérias do gênero Rickettsia, transmitidas pela picada do carrapato-estrela.
Os sintomas incluem:
- Febre alta
- Dores musculares
- Manchas vermelhas pelo corpo
- Náuseas
- Vômitos
- Dor abdominal
Em casos mais graves, pode haver paralisia e morte.
O diagnóstico é difícil nos primeiros dias, já que os sintomas se confundem com os de outras doenças.
Por isso, qualquer suspeita deve ser tratada com antibióticos imediatamente, mesmo antes da confirmação laboratorial.
A melhor prevenção ainda é evitar o contato com carrapatos:
- Usar roupas compridas
- Evitar matas e gramados altos
- Aplicar repelente
- Fazer inspeções após passeios em áreas de risco
E as capivaras de Curitiba?
Curitiba talvez seja a capital nacional da capivara. Lá, esses animais circulam livremente por parques e áreas públicas. Mas com responsabilidade.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do município, todas as capivaras são monitoradas e não há registro do carrapato-estrela na região.
De acordo com Edson Evaristo, diretor de Conservação e Fauna, em entrevista ao RICtv, até já foram encontrados outros tipos de carrapatos, mas nenhum estava contaminado pela febre maculosa.
Mesmo assim, especialistas reforçam: capivaras são animais silvestres e devem ser respeitadas à distância, por mais simpáticas que pareçam.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.