Cão comunitário Melão não consegue mais abanar o rabinho desde que seu melhor amigo desapareceu em BH
Por Ana Carolina Câmara em CãesMelão é um vira-lata caramelo que faz parte da turma da pracinha, um grupo de cães de rua que vive em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Eles recebem cuidados diários de moradores da região e dos voluntários do projeto Alimente Um Bichinho.
Com seu jeito tranquilo e sempre acompanhado de outros cães, Melão logo conquistou o carinho da vizinhança. Ao longo do tempo, fez amizades verdadeiras, e a mais especial delas era com Negão, seu companheiro inseparável.
Quem convive com cachorros sabe: alguns criam laços muito fortes entre si.
Mas o que parece apenas uma percepção afetiva tem respaldo da ciência. De acordo com especialistas citados pelo site Ask a Vet, cães que convivem de forma positiva liberam ocitocina, o mesmo hormônio que fortalece vínculos entre humanos. Ou seja, eles não apenas se toleram — eles desenvolvem conexões emocionais reais.
Pesquisas também indicam que cães com vínculos sociais vivem mais, apresentam menos estresse e têm melhor qualidade de vida. E os tutores confirmam essa percepção: 69% acreditam que seus pets têm um “melhor amigo”.
A amizade entre cães, portanto, vai muito além de um simples hábito de convivência. É um laço afetivo verdadeiro, reconhecido pela ciência e essencial para o bem-estar animal.
Contudo, a amizade entre Melão e Negão foi rompida de forma inesperada. No início de julho, Negão desapareceu sem deixar rastros, e desde então Melão tem demonstrado sinais de grande tristeza.
Ele já não brinca como antes, evita interações e passa boa parte do tempo encolhido em uma caixa de papelão, como se aguardasse silenciosamente o retorno do amigo.
Seu comportamento não é de se estranhar, já que os cães realmente sentem saudade.
Segundo um artigo da Psychology Today, estudos apontam que durante períodos de separação os cães apresentam comportamentos de ansiedade, aumento da frequência cardíaca e demonstram alegria intensa ao reencontrar quem amam.
Isso revela que eles formam vínculos emocionais reais e sofrem quando esses laços são interrompidos.
A dor visível no olhar do caramelo comove quem passa pela pracinha e escancara uma verdade muitas vezes ignorada: cães de rua também amam, sofrem e sentem saudade — tão genuína quanto a nossa.
Comovidas com a situação de Melão, as voluntárias do projeto gravaram um vídeo que mostra o quanto ele está abatido desde o desaparecimento de seu melhor amigo.
A gravação foi compartilhada no perfil do Instagram @alimente.um.bichinho no dia 8 de julho. Além de chamar atenção para seu estado emocional, a publicação também busca encontrar um lar definitivo para ele.
"Melão faz parte da turma da pracinha e está cada vez mais triste e magro desde que sumiram com o Negão, seu melhor amigo. Na rua ele corre os mesmos riscos e precisa muito de uma chance!", diz a legenda.
Segundo a publicação, Melão tem um temperamento dócil, tranquilo e carinhoso, convivendo bem com outros cães.
Seu estado de saúde ainda é incerto, por isso a adoção responsável é fundamental. A pessoa interessada deve estar disposta a oferecer os cuidados veterinários iniciais, já que o projeto não possui recursos para arcar com esse suporte.
A publicação acumulou milhares de visualizações e comentários de pessoas comovidas com a história de Melão.
"Mesmo vivendo em condições precárias, tem um sorriso no rosto", escreveu uma internauta.
"Ele vai ser adotado em nome de Jesus", declarou outra.
"Eles têm saudade também, que dó", lamentou uma terceira.
Tudo o que Melão quer é uma oportunidade.
Um lar onde possa ser acolhido, cuidado e, finalmente, feliz.
Assista ao vídeo e compartilhe.
Sua ajuda pode ser o primeiro passo para transformar a vida dele.
Interessados na adoção podem entrar em contato com Déborah pelo número (31) 97222-9768.
Sobre o Alimente Um Bichinho
O projeto Alimente Um Bichinho, localizado em Belo Horizonte, Minas Gerais, busca impactar ao máximo a vida dos animais em situação de rua, oferecendo alimento, abrigo temporário, cuidados veterinários e, sempre que possível, uma chance real de adoção.
O trabalho dos voluntários é realizado com base na Lei Estadual nº 21.970/2016, que assegura a qualquer cidadão o direito de fornecer, em espaços públicos e de forma adequada, alimento e água para cães e gatos comunitários.
A legislação reconhece a importância desse cuidado para o bem-estar animal e serve também como proteção para quem escolhe ajudar.
No Instagram, @alimente.um.bichinho, as voluntárias costumam destacar essa lei justamente porque, mesmo diante de uma ação solidária, muitas pessoas ainda se sentem incomodadas ou ofendidas ao ver alguém alimentando um animal de rua.
A divulgação da lei busca conscientizar e mostrar que o ato de cuidar é legalmente amparado e deve ser respeitado.
Agora, se na sua cidade ainda não existe uma legislação específica sobre o cuidado com animais de rua, é possível se basear no artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal, que estabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
Isso significa que não há proibição legal que impeça um cidadão de alimentar animais em espaços públicos, desde que isso seja feito de forma responsável, sem causar danos ao ambiente ou à coletividade.
Esse princípio constitucional pode servir de amparo jurídico para defender ações solidárias voltadas ao bem-estar dos animais.
Atualmente, o projeto cuida de 46 animais resgatados, entre cães e gatos, que recebem alimentação, carinho e o suporte possível dentro das limitações da equipe.
Veja:
A dedicação dos voluntários faz a diferença na vida de cada um deles, mas o apoio da comunidade é essencial para que esse trabalho continue.
Você pode contribuir com o projeto seguindo o perfil no Instagram @alimente.um.bichinho, compartilhando as histórias dos animais e ajudando a ampliar essa corrente do bem.
Se quiser colaborar de forma mais direta, na biografia do perfil estão disponíveis todas as informações sobre como doar, apadrinhar ou oferecer lar temporário. Cada gesto faz diferença na vida de um animal resgatado.
Você também pode ser a extensão desse projeto e de tantos outros ao ajudar como puder os bichinhos necessitados: oferecendo água, comida, abrigo temporário, divulgando histórias ou simplesmente tratando com respeito e carinho os animais em situação de rua.
"Eu sei que você já passou por um. Por favor, alimente os animais de rua. Enfrente aquele vizinho mesquinho que reclama quando você deixa água e ração na calçada. Brigue por eles. Seja a voz que eles não têm. Alimente um bichinho!", desabafou uma voluntária.
Projetos como o Alimente Um Bichinho mostram que, mesmo com poucos recursos, é possível fazer uma grande diferença quando há empatia, união e vontade de transformar realidades.
Redatora e apresentadora do Canal Amo Meu Pet.
Com formação em Design de Produtos e especialização em Design de Interiores pela Universidade de Passo Fundo, a Ana encontrou sua verdadeira paixão ao unir criatividade, comunicação e o amor pelos animais.
Apaixonada por contar histórias que tocam o coração, ela estudou Escrita Criativa com o escritor Samer Agi e participa do programa JournalismAI Discovery, organizado pela Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e a Iniciativa de Notícias do Google, buscando se aprofundar no universo digital.
Hoje, dedica-se a produção de conteúdos que informam, emocionam, conscientizam e arrancam sorrisos.