Em BH, cães comunitários Hulk e Pretinho ganham casinha linda com recado: 'Por favor não destruir'
Por Larissa Soares em Proteção Animal
Quem passa pelo bairro Serra, em Belo Horizonte (MG), já conhece essa dupla ilustre: Hulk e Pretinho (também chamado de Arana).
Eles não são jogadores de futebol, mas ganharam esses nomes por conta do bar onde vivem, o Bar do Salomão, frequentado por torcedores do Atlético-MG. E, como bons representantes da torcida alvinegra, os dois cães são preto e branco, claro.
Mas por trás dos nomes divertidos, há uma história comovente. Hulk e Pretinho vivem nas ruas há muitos anos e, apesar do carinho da vizinhança e de ONGs, como a Alimente Um Bichinho, eles nunca foram adotados.
E o tempo está cobrando seu preço. Os dois estão envelhecendo, enfrentam frio, chuva e a dura realidade de quem não tem um lar.
Mesmo com tentativas de conforto, como caminhas e cobertores deixados por moradores, tudo era levado por vândalos.
“As caminhas que colocam para eles não duram dois dias e são roubadas”, disse a ONG, em uma publicação no Instagram.
Mas agora, a história deu uma virada. Os dois ganharam uma casinha de madeira linda, bem construída e (detalhe importante) acorrentada a uma árvore. Sim, foi preciso acorrentar a casinha para que ela não fosse levada.
A estrutura traz ainda um recado claro para os desavisados:
“Cães comunitários (Hulk e Pretinho). Protegidos conforme a Lei Estadual n. 21.970. Por favor, não destruir, não furtar, não retirar. Colaborem com a manutenção da casinha e, se possível, ajudem com água e comida. Os cães agradecem.”
No vídeo publicado no dia 24 de julho, os dois aparecem contentes, finalmente podendo se abrigar do frio.
“Outro dia, eu mexendo na casinha do Hulk e Pretinho, um rabugento passou por mim e resmungou: ‘Imagina se essa moda pega?’”, escreveu a ONG. “Tomara, né?!”, completou.
A lei de MG está do lado dos animais
O aviso na casinha faz referência à Lei Estadual 21.970, em vigor em Minas Gerais. E se você cuida de animais de rua, vale conhecer alguns dos principais pontos:
- É direito de qualquer cidadão alimentar e dar água a animais de rua em espaços públicos.
- É proibido impedir ou atrapalhar esse cuidado, inclusive por parte de agentes públicos.
- Animais comunitários devem ser protegidos e podem ser esterilizados, identificados e devolvidos à comunidade.
- O poder público deve criar estratégias de proteção, apoiar protetores independentes e permitir parcerias com ONGs.
E, ainda, destruir ou roubar casinhas, vasilhas de água e comida ou qualquer outra estrutura destinada ao bem-estar animal, pode ser considerado como tentativa de impedir o exercício do direito previsto no Art. 6º-A, sob pena de se configurar maus-tratos.
Ou seja, a casinha de Hulk e Pretinho não é só um ato de carinho, mas também é respaldada pela legislação. E quem tentar prejudicar isso pode sofrer as penalidades cabíveis.
E que tal adotar?
Apesar de todo esse esforço da comunidade, Hulk e Pretinho ainda não têm um lar definitivo. E eles merecem.
Ambos são de porte grande, dóceis e convivem bem com pessoas e com o ambiente urbano. Mesmo com a casinha nova, o ideal seria que os dois tivessem uma casa de verdade, com amor, cuidados veterinários e segurança na velhice.
Quer adotar ou ajudar de alguma forma? A ONG Alimente Um Bichinho – BH/MG é a responsável pelos cuidados e pela divulgação dos dois.
Você pode entrar em contato pelas redes sociais (@alimente.um.bichinho) e se informar sobre como contribuir — seja com adoção, doações ou voluntariado.
“Imagina se essa moda pega?”
A verdade é que tomara que pegue mesmo! Hulk e Pretinho são só dois entre milhares de cães comunitários espalhados por BH e por outras cidades.
Se cada pessoa fizer um pouco, colocar um pote de água, uma ração, ou mesmo construir uma casinha simples com caixas de papelão, já faz uma enorme diferença.
“Façam, gente! Eles ficam tão gratos quando acham água fresquinha e comida”, relatou uma seguidora.
E se alguém ainda se perguntar “mas não é papel do governo?”, vale lembrar: cuidar dos animais também é papel da sociedade. E quando as leis ajudam, como é o caso em Minas, fica ainda mais fácil proteger esses fofinhos.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.