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Jovem resolve tomar atitude ao ver que cão comunitário idoso estava imóvel do lado de fora de casinha

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em Cães

Em uma noite fria de julho, em Curitiba, um gesto simples, porém carregado de empatia, marcou profundamente quem acompanhou em apenas 24h um resgate que teve muita reviravolta.

Ao passar de carro por uma rua da cidade, o jovem e protetor Jonathan Mariano se deparou com um cão comunitário idoso deitado do lado de fora de uma casinha improvisada.

A temperatura baixa e a forma como o cachorro permanecia imóvel, exposto ao frio, despertaram um sinal de alerta imediato no coração de Jonathan, que decidiu parar o veículo e acolher o animal.

Sem saber ao certo qual era a condição de saúde do cão, mas ciente de que ele não resistiria por muito tempo naquela situação, Jonathan pegou o animal no colo e o levou para casa.

Emocionado, compartilhou o momento em suas redes sociais, dizendo:

“Passei de carro agora por ele e vi ele no gelado fora da casinha, e neste frio não teve jeito, fui recolher ele, pois não é normal… estou aqui chorando… se não fosse eu, vai saber o que seria dele e tantos outros aí morrendo à míngua”.

A publicação rapidamente começou a repercutir e gerou comoção entre seus seguidores.

Veja abaixo:

Ao chegar em casa, Jonathan providenciou uma cama quente no quarto e tentou oferecer conforto imediato. No entanto, logo percebeu que o cão, batizado de João, apresentava sinais claros de debilidade.

Era evidente que, além do frio, havia algo de errado com sua saúde. Durante a madrugada, João defecou com sangue, o que deixou o protetor ainda mais alarmado.

Diante da gravidade dos sintomas, Jonathan decidiu buscar atendimento veterinário o quanto antes.

No dia seguinte, João foi levado até a MUVUCÃO Clínica Veterinária, unidade Portão, onde passou por exames de ultrassom e testes rápidos.

A suspeita inicial foi confirmada com os primeiros laudos. O resultado era de que havia um tumor no sistema digestivo do animal. A diarreia com sangue, portanto, não era sinal de virose ou infecção, mas sim resultado da presença do tumor.

Jonathan compartilhou as informações com o público que o acompanhava, visivelmente abalado com a situação.

“Gente, a notícia é das piores. O ultrassom deu tumor, e a diarreia dele é por causa do tumor mesmo, tá tudo ali tomado… vai ter que fazer raio-x agora pra gente ver que tipo de tumor que é, se é maligno, se espalha. Se for metástase, não vai ter como mexer… e o pior é que o tempo é curto, né?”.

Mesmo com o diagnóstico sombrio, Jonathan se recusou a desistir. Com transparência, pediu ajuda financeira nas redes para dar sequência aos exames e custear os procedimentos médicos necessários.

Mas, infelizmente, enquanto compartilhava o caso de forma legítima, outras pessoas começaram a se aproveitar da comoção.

Jonathan recebeu mensagens de pessoas se passando por ele ou por terceiros ligados ao caso, solicitando doações via PIX para compra de medicamentos ou custeio de internação.

O protetor rapidamente identificou o golpe e alertou seus seguidores.

“Vocês acham que devo fazer esse PIX? No ano passado, já tentaram aplicar um golpe em uma internação que deixei no Nivo. Na época, ele chegou a pedir até para a página do 190 publicar, pra vocês terem ideia... Quando o caso chegou ao Doutor Nico, ele mesmo respondeu dizendo que não tinha nenhuma relação com o veterinário que estava entrando em contato comigo. Agora está acontecendo algo parecido. A Muvucão ainda não me respondeu, mas o assunto é o mesmo e olha só o DDD”, alertou

Após os primeiros exames e o diagnóstico, João precisaria passar por uma cirurgia, tanto para confirmar o tipo de tumor quanto para tentar removê-lo. Por isso, Jonathan o levou a um hospital veterinário de referência.

Porém, ao chegar ao local, foi surpreendido com uma regra que impedia a realização de cirurgias fora do horário comercial, mesmo em situações urgentes.

Ele voltou para as redes para desabafar sobre o problema:

“É revoltante! Ele está com um corpo estranho no organismo, pode ser osso, areia ou tumor… só abrindo pra saber. E o hospital diz que só opera em horário comercial? Isso é um absurdo”.

Sem alternativa, Jonathan levou João de volta para casa. Naquela noite, permaneceu ao lado dele, dando o máximo de conforto possível.

“Eu quero muito fazer a cirurgia no João, ele é um sobrevivente, e está muito fraco. A gente descobriu que não é o tipo de tumor que espalha, então a gente vai tentar. Só abrindo pra saber…”, disse em vídeo mostrando o cão ao seu lado visivelmente abatido.

Mesmo ciente dos riscos, Jonathan manteve a esperança.

Na manhã do primeiro dia útil seguinte, ele retornou ao hospital com João. Dessa vez, a cirurgia pôde ser iniciada.

No entanto, o corpo frágil do animal, somado à idade avançada e ao estado clínico debilitado, não resistiu ao procedimento.

João faleceu durante a tentativa de intervenção cirúrgica. A notícia devastou Jonathan e seus seguidores, que haviam acompanhado toda a trajetória do cão em tempo real pelas redes sociais.

Apesar do desfecho triste, João partiu sabendo que finalmente após anos de negligência estava sendo cuidado.

Mesmo depois de ser abandonado e de esperar anos pela sua família na mesma calçada, alguém olhou por ele no fim.

Como forma de homenagem, o protetor guardou um pouco dos pelos de João em um pequeno frasco, como lembrança da breve e intensa conexão que tiveram. O gesto emocionou seus seguidores e gerou uma onda de solidariedade.

Cerca de seis horas após a morte, Jonathan acionou o serviço municipal de recolhimento de animais mortos, disponível pela Prefeitura de Curitiba através do número 156.

Em mais uma publicação, fez questão de compartilhar a informação com seus seguidores, reforçando a importância de divulgar esse tipo de serviço público.

“Para quem ainda não sabe, o 156 tem este serviço que recolhe animais que morreram, isso em Curitiba. Então amanhã às 07:30 minha primeira ligação do dia será para eles. Postando pois tenho certeza que sempre terá alguém que não sabe desta informação. A gente deixa um papel grudado com o nome do cachorro e o nosso nome, e eles nem batem na casa, só recolhem. Creio que cremam também”, escreveu na publicação.

O caso de João escancarou não apenas o abandono enfrentado por cães idosos nas ruas brasileiras, mas também os desafios enfrentados por protetores independentes que, mesmo com recursos limitados, movem verdadeiras correntes de solidariedade para tentar salvar vidas invisíveis.

Em menos de 24 horas, João saiu do abandono e da frieza das ruas para encontrar acolhimento, amor e dignidade.

Embora o tempo tenha sido curto, o cuidado de Jonathan permitiu que João partisse com o sentimento de pertencimento, algo que talvez nunca tivesse experimentado.

Histórias como essa reforçam a urgência de políticas públicas voltadas para o cuidado veterinário de urgência, especialmente para animais de rua.

Também revelam a necessidade de campanhas de conscientização sobre o abandono de animais idosos, que são frequentemente deixados para trás por famílias que não querem ou não podem lidar com os custos da velhice.

João foi um entre tantos que vivem (e morrem) à margem, mas teve a sorte de cruzar o caminho de alguém que enxergou, sentiu e agiu.

Beatriz é jornalista formada pela Universidade de Passo Fundo, com especialização em Escrita Criativa e Editoração pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera. Apaixonada por narrativas envolventes e pelo universo pet, ela também possui certificação em Storytelling para Marketing Digital pela Santander Open Academy, o que complementa sua habilidade de transformar histórias reais em conteúdos informativos e inspiradores. Dedica-se à produção de reportagens que valorizam a convivência ética e afetiva entre humanos e animais de estimação, promovendo empatia, informação de qualidade e o respeito aos animais.