Após viver a vida todo em espaço minúsculo cão idoso é libertado e tem reação emocionante ao receber carinho pela primeira vez
Por Ana Carolina Câmara em CãesVocê consegue se imaginar vivendo em um espaço apertado, sem poder sair, sem ver a luz do sol, sem contato com o mundo lá fora e sendo ignorado dia após dia?
Pois essa foi a realidade de Lupin, um cachorrinho idoso que nasceu com o rabinho abanando, feito para ser livre, feliz e amado. Mas, infelizmente, passou anos confinado, isolado e privado de afeto, longe de tudo o que um cão merece.
Mas a sorte de Lupin começou a mudar quando ele cruzou o caminho da protetora de animais Paola Saldivia. Com olhar atento e coração generoso, Paola enxergou naquele velhinho esquecido uma chance de recomeço.
A partir daquele momento, Lupin passou a conhecer o carinho, o cuidado e a dignidade que tanto lhe faltaram.
O resgate
Paola Saldivia, que vive em Canoas, no Rio Grande do Sul, contou ao Amo Meu Pet que recebeu uma denúncia anônima sobre um cachorro mantido em situação de maus-tratos em uma casa na cidade vizinha, Cachoeirinha.
Segundo os relatos, o animal vivia em um espaço minúsculo, debaixo de uma escada, cercado por entulho, sem acesso à rua e vendo a luz do sol apenas pelas grades.
Quando Paola, acompanhada da Polícia Civil, chegou ao local, se deparou com a triste cena descrita pelo denunciante: um cachorro solitário, confinado em um espaço apertado, debaixo de uma escada e cercado por lixo.
Seus latidos de socorro já haviam se tornado parte do cenário, ignorados por quem passava por ali. Como disse Paola, era como se ele tivesse “cometido um crime” e estivesse ali, vivendo uma condenação.
O policial informou ao tutor que a situação em que Lupin vivia se enquadrava como maus-tratos, de acordo com a legislação brasileira.
Por lei, maus-tratos a animais são definidos como qualquer ação ou omissão que cause sofrimento físico ou psicológico, comprometendo a saúde, o bem-estar e a dignidade do animal. Isso inclui agressões, negligência e abandono.
Entre as práticas mais comuns que caracterizam maus-tratos estão:
- Agressões físicas, como espancamentos, queimaduras ou mutilações
- Manter o animal em ambientes sujos, pequenos, sem ventilação ou luz
- Privá-lo de alimento, água limpa ou atendimento veterinário
- Abandono em vias públicas ou locais isolados
- Confinamento prolongado ou isolamento extremo
Além do sofrimento causado ao animal, os maus-tratos representam um risco à saúde pública, já que favorecem a disseminação de zoonoses, como raiva, leptospirose e esporotricose.
No Brasil, esse tipo de crime está previsto na Lei Federal nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais). Em 2020, foi reforçado pela Lei nº 14.064, conhecida como Lei Sansão, que aumentou a punição para casos envolvendo cães e gatos. As penalidades incluem:
- Reclusão de 2 a 5 anos
- Multa
- Proibição da guarda do animal
Se houver morte do animal, a pena pode ser agravada.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, qualquer pessoa pode - e deve - denunciar casos de maus-tratos à polícia, ao Ministério Público ou aos órgãos ambientais do município.
Diante da constatação de maus-tratos, Lupin foi imediatamente retirado do tutor e entregue aos cuidados da equipe de resgate, iniciando enfim o caminho para uma vida com dignidade.
Ao perceber que perderia o animal, o tutor ainda fez um alerta: pediu que todos tivessem cuidado com o manejo, alegando que Lupin era muito bravo. Mas, segundo Paola, a realidade era outra:
“Tudo o que vimos foi o pavor de quem nunca soube o que era carinho de verdade.”
Assim, aquele que por anos viveu isolado e esquecido finalmente deu os primeiros passos rumo a uma vida livre, digna e cheia de afeto.
"Bem-vindo a uma nova vida, cheia de amor e cuidado", disse Paola a Lupin.
Repercussão
O resgate foi filmado e compartilhado no perfil do Instagram de Paola, @paolasaldivia__, no dia 29 de julho. Na legenda, ela escreveu um texto comovente:
"Condenado ao esquecimento! Ele já foi filhote um dia, já balançou o rabo entusiasmado… Hoje, ele vive trancado no vão de uma escada. Um espaço escuro, úmido e sujo. Não vê o sol, não sente o vento no rosto, não cheira a grama. Ali, naquele canto esquecido da casa, ele cumpre uma pena injusta por simplesmente ter envelhecido. Sem passeios. Sem carinho. Sem nome que lhe chame com doçura. Apenas o som oco dos passos passando por cima, ignorando sua existência. A comida? Às vezes vem. A água? Suja, em algum pote esquecido. O que era para ser um lar virou um cárcere. Seus olhos, opacos e cansados, não pedem mais nada — apenas observam, em silêncio, esperando o fim, como se a morte fosse a única promessa de libertação. Mas ali, naquele vão frio, vive alguém que só conheceu a pior face da solidão humana. E a pergunta que fica é: como alguém consegue fechar os olhos sabendo que há um coração pulsando na escuridão, esquecido, sofrendo em silêncio todos os dias?"
A publicação tocou o coração de milhares de internautas, acumulando mais de 271 mil visualizações e milhares de comentários emocionados.
"O que mais dói é saber que existem milhares desses anjos passando por isso", escreveu uma seguidora.
"Esse agora vai conhecer o amor no restinho da sua vida", declarou outra.
"Por que uma pessoa dessas tem cachorro? Ninguém é obrigado a ter. Mas se tiver, é obrigado a cuidar", desabafou uma terceira.
Assista:
Nova vida
Lupin foi encaminhado para uma clínica veterinária, onde foi diagnosticado com problemas nas articulações e ruptura bilateral de ligamento, provavelmente causada pela sobrecarga nos joelhos após anos de confinamento e abandono.
Por causa da gravidade da lesão, ele precisou passar por uma cirurgia para aliviar a dor e recuperar parte da mobilidade comprometida.
A previsão é que na sexta-feira, 8, ele receba alta e vá para a casa de Paola, onde ficará sob cuidados especiais, cercado de amor e atenção até o domingo.
Após esse período, Paola seguirá viagem para Santa Catarina, onde irá entregar Lupin à sua nova família, dando a ele a chance de finalmente viver uma vida digna, livre e cheia de afeto.
"Ele merece nos últimos anos de vida pelo menos viver saudável e receber atenção que merece", declarou Paola.
Que Lupin seja imensamente feliz em seu novo lar, cercado por uma família responsável e amorosa.
Sobre o trabalho de Paola Saldivia
Paola Saldivia, fundadora do Instituto Eu Salvo Vidas, em Canoas, no Rio Grande do Sul, coordena um trabalho inspirador que vem transformando a vida de centenas de cães e gatos resgatados do abandono.
Com dedicação e compaixão, o Instituto atua no resgate, recuperação e reabilitação de animais em situação de risco, oferecendo não apenas abrigo e cuidados veterinários, mas também uma nova chance de ser feliz ao lado de famílias responsáveis.
"Transformar vidas é a nossa missão!" — declara a equipe, que comemora cada adoção como uma vitória que abre espaço para novos resgates.
Esse trabalho só é possível com o apoio de pessoas que acreditam no poder do amor. Para contribuir, é possível fazer um PIX solidário para o CNPJ 59.527.395/0001-28.
Além da doação, compartilhar essa causa também salva vidas. Siga e divulgue os perfis no Instagram: @institutoeusalvovidas e @paolasaldivia__.
Com sua ajuda, o Instituto continua espalhando esperança, salvando vidas que foram esquecidas e mostrando que todo animal merece amor, dignidade e um recomeço.
Redatora e apresentadora do Canal Amo Meu Pet.
Com formação em Design de Produtos e especialização em Design de Interiores pela Universidade de Passo Fundo, a Ana encontrou sua verdadeira paixão ao unir criatividade, comunicação e o amor pelos animais.
Apaixonada por contar histórias que tocam o coração, ela estudou Escrita Criativa com o escritor Samer Agi e participa do programa JournalismAI Discovery, organizado pela Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e a Iniciativa de Notícias do Google, buscando se aprofundar no universo digital.
Hoje, dedica-se a produção de conteúdos que informam, emocionam, conscientizam e arrancam sorrisos.