Dois veterinários achavam que esta gata era surda — eles estavam errados
Por Larissa Soares em GatosQuando Wren Yoder e seu noivo entraram no abrigo de animais em abril de 2024, o luto ainda era recente. O casal havia perdido seu primeiro gato poucos dias antes. Mas bastou uma troca de olhares com uma gatinha preta e laranja para que tudo mudasse.
A pequena felina estava ali, amassando pãozinho no jornal, no chão da gaiola. Quando Yoder se aproximou, a gatinha esfregou o rosto nela de imediato.
Em menos de um minuto, Yoder pediu ao noivo que começasse a papelada da adoção. Ela nem quis ver outros gatos.
“Eu não consegui deixá-la nem por um segundo... já estava chorando por ela”, contou ao The Dodo.
O nome escolhido para a nova integrante da família foi Puddles, “poças” em inglês. Mas logo ficou claro que Puddles não era apenas fofa: ela também era especial.
A gata que enganou dois veterinários
Desde o início, algo em Puddles parecia… diferente. Apesar de carinhosa, ela não reagia a sons altos e parecia não rastrear objetos em movimento com os olhos. Suspeitando de surdez ou cegueira, Yoder a levou ao veterinário.
“Ela convenceu dois veterinários de que era surda. Eles literalmente chutavam a parede atrás dela com força, e ela nem piscava”, relatou Yoder.
Mas a verdade logo começou a aparecer: às vezes, Puddles olhava para cima quando Yoder falava com ela e até miava de volta. Seu exame de vista não apontou anormalidades, mas ela frequentemente caía de móveis e se movia com certa dificuldade.
Os veterinários passaram a suspeitar que Puddles havia sofrido um traumatismo cranioencefálico (TCE), provavelmente ainda filhote. A suspeita fazia sentido, já que, ao chegar ao abrigo, a gatinha já tinha o quadril deslocado. Outro indício de que teria sofrido um acidente grave.
Um cérebro diferente, uma vida única
O TCE, segundo a VCA Animal Hospitals, pode causar uma série de alterações neurológicas em gatos, como perda de consciência, convulsões, sangramentos e desequilíbrios motores.
Em alguns casos, há dificuldade em regular a temperatura corporal, assim como alterações nas pupilas e reflexos anormais. As causas podem incluir atropelamentos, quedas, exposição a toxinas ou doenças graves.
Mesmo que a lesão cerebral em Puddles não possa ser revertida, a adaptação da gatinha é impressionante. Yoder descreve várias peculiaridades da rotina da sua companheira:
“Ela não vira a cabeça para a esquerda ou para a direita. Ela raramente olha para trás. Ela apenas inclina a cabeça para trás e olha para você de cabeça para baixo.”
Puddles também aprendeu um jeitinho próprio de se locomover. Ela caminha rente às paredes e, para mudar de direção, se apoia com as patas dianteiras como se estivesse recalculando a rota.
“Ela se perde tentando achar o alimentador automático, esquece para onde estava indo, mas nunca desiste. Ela é um amor”, conta Yoder.
Apesar das limitações, a gatinha vive com alegria. Adora se esconder em cobertores, observar passarinhos pela janela e tem uma paixão por pipoca.
Tudo isso com a companhia protetora de seus dois irmãos felinos, que parecem entender suas dificuldades.
“Eles vivem abraçados com a Puddles e ainda cuidam da higiene dela, porque ela não é muito boa nisso sozinha”, disse Yoder.
Veja a história de Puddles contada pela tutora:
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.