Cachorra de 2 patas é recebida com todo carinho por outros cães em seu 1º passeio, e cena emociona tutora que temia rejeição
A tutora ficou apreensiva mas logo percebeu que para os animais a limitação física não importa.
Por Beatriz Menezes em Aqueça o coraçãoCatarina, furacão no corpo de uma cachorra de duas patas e meia, viveu no dia 23 de julho um momento que transformou um medo antigo em pura emoção.
Em seu primeiro passeio ao ar livre, a cachorrinha foi recebida com carinho por outros cães, entre eles vira-latas caramelos e uma golden retriever sem qualquer sinal de rejeição.
A tutora Eloá Vidotti, que temia olhares diferentes, chorou ao ver apenas rabos abanando, cheirinhos e boas-vindas.
O registro foi publicado no Instagram de Catarina com a legenda:
"Meu primeiro passeio emocionou a mamãe, porque ela tinha medo de que eu não fosse aceita pelos outros bichinhos. Mas quem causou? Eu mesma: a tripatinha mais sociável do bairro.
ALERTA DE SOCIALIZAÇÃO ATIVADA
Levaram a braba pro parque e eu entrei no modo ‘turista emocionada’: cheirei tudo, fiz pose, fiz aumigos e fui recebida como CELEBRIDADE canina. Nem uma olhadinha torta, só cheirinhos, rabinhos abanando e boas-vindas. Mamãe tava toda tensa achando que iam me olhar diferente. Mas spoiler: quem ficou diferente foi ela, depois de chorar de emoção. Sim, sou especial. Mas especial mesmo é esse amor que me cerca."
A publicação obteve mais de 600 mil visualizações, 68 mil curtidas e 419 comentários.
“Coisa linda! Os animais nos ensinam muito”, disse Gabriela.
“9 da manhã e eu chorando com o pão na boca”, comentou outra seguidora.
“Eu tenho uma pcd ou ccd (cão com deficiência como diz minha filha), eles são mais imperativos que os ‘’normais’’, acrescentou Cleiciane.
Confira o registro:
Amor à primeira vista na adoção
Eloá respondeu uma caixinha de perguntas que está salva nos destaques e contou que conheceu Catarina em uma feira de adoção, quando a cachorrinha tinha apenas dois meses.
Sua intenção inicial era adotar um cão adulto, de porte pequeno e sem deficiência, mas tudo mudou quando viu a filhote.
Hoje, com cerca de seis meses, Catarina já se tornou parte inseparável da família.
Os primeiros dias após a adoção foram dedicados a entender a deficiência da cadela.
Eloá a levou ao veterinário, onde foram realizados exames, raio-X e consulta com ortopedista.
“Todos os profissionais que passaram por nós até agora foram muito bons. A princípio, a orientação era realmente não tinha o que fazer em termos de tratamento, apenas fisioterapia e pensar em uma cadeirinha. No caso dela, como ela tem uma patinha torta, não dá pra ser aquela padrão do mercado, precisa ter uma adaptação.”
Planos para tratamento e adaptações
Buscando mais possibilidades, a família procurou uma segunda opinião e encontrou um veterinário referência.
A expectativa agora é realizar uma cirurgia para reposicionar a pata torta. Caso não seja possível, a alternativa será a amputação nos próximos meses.
“Ela já aprendeu a morar nesse corpo dela, óbvio que não é o ideal porque força a coluna dela então precisa de fisioterapia. Ela não faz ainda os exercícios, por enquanto foram avaliações justamente porque ela vai passar por essa cirurgia.”
Eloá entende que a cirurgia não trará mobilidade igual à de uma pata saudável, mas que a amputação, se necessária, será benéfica, já que retiraria um peso extra.
Existe ainda a possibilidade de uma prótese no futuro, quando Catarina atingir o tamanho adulto.
Aprendizado com outros tutores de pets PCD
“Eu tenho conversado com outros tutores de pets com deficiência”, disse Eloá ao responder seguidores e internautas.
Nessas conversas e também com profissionais ortopedistas, ela descobriu que animais não sentem a perda de um membro como os humanos.
“No caso deles, a amputação de um membro que está atrapalhando não traz uma perda sentimental e emocional.” Apesar disso, a decisão ainda não é definitiva.
Adaptação no dia a dia
Hoje, Catarina se locomove arrastando o rosto no chão, algo que no início deixava a tutora agoniada.
Com o crescimento, no entanto, a cadela está conseguindo se manter mais tempo ereta.
“A tendência dos bichinhos que têm problemas com as patas dianteiras é justamente que andem como bípedes conforme o tempo”, explica Eloá, citando como exemplo Horácio “T-rex”, outro cão famoso nas redes por superar limitações físicas.
No Instagram, Eloá deixa claro que o objetivo não é arrecadar dinheiro.
“Eu não estou aqui para pedir doação, dinheiro e nenhum tipo de ajuda monetária. Se eu fizer qualquer tipo de apelo ou compartilhamento neste perfil vai ser para conhecer outras histórias de outros pets com deficiência ou sem. E convidar vocês quando estiver pensando em adotar, para se abrir a possibilidade de adotar um com deficiência.”
O caso de Catarina mostra que a aceitação não depende de aparência ou limitações físicas.
No parque, a recepção calorosa dos outros cães provou que, para eles, amizade é feita de cheiros, brincadeiras e respeito sem julgamentos.