Feliz por ser adotada, cachorrinha de abrigo corre para os braços dos novos donos — mas uma semana depois, sofre nova decepção
Por Beatriz Menezes em Proteção Animal
Uma cena de cortar o coração aconteceu recentemente em um abrigo dos Estados Unidos: Lucky Charm, uma filhote de apenas 5 meses, correu cheia de alegria para os braços de seus novos donos.
Porém, apenas uma semana depois, a cachorrinha voltou para o canil, após ser devolvida pela família que a havia adotado.
O caso, relatado pelo site The Dodo, reacendeu a discussão sobre os desafios da adoção responsável e a necessidade de preparo das famílias que desejam receber um animal de estimação em casa.
A alegria da primeira adoção
Lucky Charm chegou à Benton-Franklin Humane Society, em julho, e logo conquistou funcionários e voluntários com sua energia e personalidade vibrante.
“Ela é super brincalhona e obcecada por brinquedos”, contou Julie Saraceno, voluntária da instituição.
Durante semanas, a cadela chamou a atenção por seu jeito carismático, mas não conseguia encontrar um lar definitivo.
Para aliviar a rotina estressante de viver em um canil, a voluntária decidiu levá-la para um passeio fora do abrigo.
Lucky se encantou com coisas simples, como um passeio de carro e até mesmo a chance de provar um petisco canino.

Experiências novas que revelaram ainda mais sua doçura e entusiasmo. Quando finalmente uma família decidiu adotá-la, a cena foi emocionante.
“Ela correu para a porta como se soubesse que estava indo para casa. Eu fiquei animada porque achei que seria o começo de uma nova vida para ela”, relatou a voluntária.
A decepção inesperada
O que parecia ser o início de uma história feliz, no entanto, durou pouco. Apenas sete dias depois, a família devolveu a filhote ao abrigo.
O motivo: Lucky era “um pouco demais para eles”.
Ou seja, sua energia típica de um filhote acabou sendo um desafio para os adotantes, que não estavam preparados para lidar com a dedicação necessária.
Embora tenha sido um momento doloroso para os voluntários, a voluntária destacou um ponto positivo:
“Pelo menos ela teve um tempo fora do canil, conseguiu esticar as pernas e experimentar a vida em família, mesmo que por pouco tempo”.
O perfil ideal para Lucky
Agora, a pequena Lucky aguarda por uma nova chance e desta vez definitiva.
Segundo os cuidadores, ela se daria muito bem com pessoas experientes em cães de alta energia, que possam oferecer treinamento, paciência e uma rotina estruturada.
Apesar de seu começo difícil, Lucky adora estar perto de pessoas e também se dá bem com outros cães.
“Com a orientação certa, ela seria a cadela perfeita para qualquer família”, afirma Julie.
No site Petfinder, Lucky Charm ganhou até uma descrição divertida:
“Um pouco atrevida, muita mexida. Beijos sob demanda. Um coração do tamanho das minhas orelhas”.
O texto ainda reforça que ela precisa de alguém disposto a investir em aulas para filhotes e treinamento, para que todo o seu potencial seja desenvolvido.
O desafio da adoção responsável
O caso de Lucky Charm não é isolado. Segundo dados da American Society for the Prevention of Cruelty to Animals (ASPCA), cerca de 6,3 milhões de animais entram em abrigos todos os anos apenas nos Estados Unidos.
Desse total, milhares acabam sendo devolvidos após tentativas frustradas de adoção.
Especialistas em comportamento animal explicam que muitas devoluções acontecem porque famílias subestimam as demandas de um filhote.
Cães jovens precisam de tempo, paciência, brinquedos interativos, socialização e, principalmente, treinamento básico. Quando esses fatores não são considerados, a chance de frustração aumenta.
No Brasil, a situação também é desafiadora, estima-se que 30 milhões de animais vivam em situação de abandono, de acordo com a ONG Ampara Animal.
Entre eles, muitos já passaram por experiências de rejeição, o que torna a adaptação ainda mais delicada.
Por que histórias como a de Lucky importam?
Casos como o de Lucky servem de alerta para quem pensa em adotar um cachorro. A decisão deve ser pautada na consciência de que animais são seres sencientes, com necessidades físicas e emocionais.
Adotar não é apenas oferecer abrigo, mas também compromisso e responsabilidade ao longo de toda a vida do pet.
Para evitar situações de devolução, especialistas recomendam que as famílias:
- Avaliem seu tempo disponível para passeios e brincadeiras;
- Verifiquem se o espaço da casa é adequado para o porte e energia do cão;
- Considerem os custos com alimentação, vacinas e veterinário;
- Procurem orientação de adestradores, especialmente no caso de filhotes.
Um futuro cheio de esperança
Enquanto espera pelo seu “final feliz”, Lucky continua recebendo carinho dos voluntários e encantando quem a visita.
Nas redes sociais do abrigo, a história da cadelinha tem mobilizado pessoas que torcem para que ela encontre, em breve, uma família capaz de corresponder ao seu amor incondicional.
Confira o vídeo:
Para os cuidadores, a mensagem é clara:
“Adotar é mudar a vida de um animal, mas também é transformar a vida de quem adota. Lucky só precisa da pessoa certa para mostrar o quanto pode ser especial.”
Assim, a trajetória da pequena filhote não termina na decepção da primeira adoção.
Pelo contrário, representa uma nova chance de conscientizar tutores sobre a importância da adoção responsável e, ao mesmo tempo, manter viva a esperança de que cada animal de abrigo encontrará, um dia, seu verdadeiro lar.