Criadora explica por que mostra pouco cães da raça golden retriever em seu perfil

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Pelos dourados e brilhantes, sorriso no rosto, simpatia de sobra… Não é por menos que os cães da raça golden retriever estão sempre liderando os rankings de raças mais amadas.

É fácil ficar com o coração derretido ao se deparar com uma imagem de um goldinho. Mas o que o Instagram nem sempre mostra é que a realidade da raça pode ser, digamos assim, suja.

‘Golden maloqueiro’

Recentemente, a criadora Rosana Moraes, proprietária do canil Anamã Aram, em Porto Alegre (RS), arrancou algumas risadas ao mostrar o lado ‘não Instagramável’ desses cães.

“Aí as pessoas me perguntam por que eu tenho pouco material de golden no Instagram, sendo que o golden seria a nossa raça principal. Mas dá uma olhada nas criaturas pra vocês verem a situação”, brincou ela.

Na sequência, ela mostra dois Goldens brincando, correndo livres pelo campo. Um está ensopado, o outro cheio de lama.

“Como é que tu vai ficar postando coisa de ‘golden maloqueiro’? É isso o que acontece: não tem golden de pet shop”, completou.

Na legenda, resumiu a filosofia do canil:

“Goldens livres, felizes, que curtem uma boa poça de água de chuva... Nossa vida com goldinhos.”

De protetora a criadora responsável

Apaixonada por pets desde sempre, a relação de Rosana com os cães começou bem antes da fundação do canil.

“Assim que tive espaço, comecei a recolher os cães desprezados nas ruas. Durante muito tempo atuei na causa da proteção animal, e até hoje sigo militando”, contou ela ao Amo Meu Pet.

Foi nesse contexto que ela conheceu e se encantou pelo universo da criação responsável.

“Vi pessoas que criavam seus cães com método e respeito. Sempre fui louca por Goldens, então pensei: por que não?”, disse. “Quis mostrar para a sociedade que o problema não está em comprar um cão, mas sim em não assumir responsabilidade, em descartar animais.”

‘Não é pelo dinheiro’

Quem pensa que a criação é um negócio fácil está bem equivocado.

“Logo entendemos que não criávamos cães pelo dinheiro. Os custos são enormes quando se faz tudo corretamente: alimentação de qualidade, acompanhamento de nutricionista e veterinário, estrutura adequada, além da seleção genética. Aí vem impostos, mão de obra…”

Ela explica que esse é o verdadeiro papel de um criador responsável: manter vivas as características originais das raças, tanto físicas quanto comportamentais.

Mas, no fim, todo o trabalho é gratificante:

“A felicidade que a gente entrega com cada filhote colocado na família certa é indescritível. A emoção da chegada, as lágrimas, a alegria das crianças... A gente se sente meio cegonha.

Embora os Goldens sejam a “raça principal” do canil, Rosana acabou se apaixonando por outros cães ao longo do caminho.

“O primeiro Whippet ganhei de um amigo criador. Conforme fui convivendo, percebi que ali tinha um companheiro incrível: silencioso, brincalhão, inteligente e muito apegado”.

Mais recentemente, chegaram também os Dachshunds: “O que dizer daquelas orelhas e do andar saltitante? São apegados, chorões, mas muito brincalhões”.

Hoje, o canil é especializado nas três raças, para “realizar sonhos de todos os tipos de família”.

Rotina puxada, mas feliz

O dia no canil começa cedo, às seis da manhã, com a limpeza dos espaços, alimentação e suplementação, quando necessário. Depois, os cães são soltos em áreas específicas por raça.

“Levamos os adultos para socialização em parques, treinamos duplas para exposições, damos banhos quando necessário.”

E, claro, o que não falta é brincadeira.

“Nossos cães são criados livres. Os canis servem apenas para dormir. Então por isso o vídeo daqueles Goldens embarrados e encharcados”, explica Rosana, rindo.

Deixar o cachorro ser cachorro

O American Kennel Club (AKC) descreve o Golden Retriever como um cão de trabalho robusto, energético e alegre, originalmente selecionado para caçadas em lagos e campos.

“Eles precisam de bastante exercício diário, gostam de nadar e de buscar. Quando não recebem estímulos suficientes, podem desenvolver comportamentos indesejados”, destaca a entidade.

Ou seja: um Golden correndo na grama, se jogando na lama e mergulhando em poças de água é um Golden feliz.

E para quem sonha em ter um, Rosana deixa uma mensagem:

“Goldens são a própria expressão do amor. Ele não sabe que é um cachorro e precisa de muita atenção. São bobalhões, atrapalhados, apegados e inteligentes”, e completa: “A vida não tem graça sem um Golden. Então não dá pra perder a oportunidade de ter um deles.”

É justamente aí, na bagunça, que mora a beleza.

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.