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Sem poder brincar, gato sofria em silêncio — até que cirurgia arriscada lhe devolve a vida

Por
em Aqueça o coração

“Ele praticamente caiu aqui de paraquedas, só que sem o paraquedas”. Foi assim que Sthefany Silva descreveu a chegada de Gabriel, um gato frajola que mudou sua vida para sempre.

A frase, dita em tom de brincadeira em um vídeo publicado no TikTok, mal resume a história real: um gato que literalmente despencou de uma altura de 10 metros, caiu por acaso no pátio da atual tutora, quase perdeu a vida pelas sequelas e, atualmente, renasceu.

O dia que um gato caiu do céu

Era 2023 e Sthefany apenas colocava um tapete para secar no jardim de inverno, quando levou o maior susto. Um gato estava encolhido em um canto, ofegante.

Ela nunca havia convivido com felinos, tinha alergia e morava com quatro cães que não toleravam gatos. E ela também não era a maior fã de felinos.

Ainda assim, ofereceu água, ração e até deu um nome para aquele visitante surpresa: Gabriel.

A princípio, ela pretendia ajudar o gato a encontrar o caminho de volta. Mas o destino tinha outros planos.

Gabriel desapareceu por algumas horas, deixando Sthefany de coração apertado. Ela achou que ele tinha ido embora, até perceber uma janela aberta.

Gabriel tinha se instalado no quarto dela, como quem dizia: “cheguei para ficar”. E ficou.

Um problema invisível

Apesar da queda, Gabriel parecia estar bem. Comia, andava e não reclamava de dor. Era apenas mais quieto e respirava com certa dificuldade.

Mas, como Sthefany não tinha experiência com gatos, acreditou ser normal e até suspeitou que Gabriel fosse um idoso.

O primeiro veterinário consultado levantou a hipótese de um problema nasal. Mas a verdade só veio à tona meses depois, quando ele quase não resistiu à sedação para a castração.

O raio-x revelou um quadro dramático: com o impacto da queda, Gabriel havia rompido o diafragma e parte do tórax. Seus órgãos, incluindo o coração, estavam fora do lugar.

Ao contrário do que se imaginava, ele era jovem, com apenas seis anos, mas vivia em constante sufocamento.

A notícia trouxe também um choque: segundo a primeira avaliação, a cirurgia para corrigir o problema era extremamente arriscada e Gabriel teria 80% de chances de não sobreviver.

Ele só queria brincar

Com o tempo, Sthefany foi adotando outros gatos. Enquanto eles se divertiam juntos, correndo pela casa e explorando brinquedos, Gabriel apenas observava de canto, sem forças para se juntar a eles.

Ele também dormia sentado, pois não conseguia deitar, e parecia carregar no olhar a frustração de não poder viver como os demais.

Foi essa cena de cortar o coração que fez Sthefany tomar a decisão mais difícil de sua vida.

“Ele salvou a minha vida, então no mínimo eu tinha que tentar dar uma qualidade de vida para ele”, contou ela em um vídeo.

Ao compartilhar a história nas redes sociais, recebeu apoio de seguidores e ajuda financeira para custear a cirurgia.

Com a orientação de uma veterinária especialista em felinos, ela ganhou confiança de que valeria a pena arriscar.

A cirurgia que mudou tudo

O procedimento foi descrito pela profissional como um dos mais complexos que já havia realizado. E, contra todas as expectativas iniciais, correu bem.

Duas semanas depois, veio o momento mágico: Gabriel brincou pela primeira vez.

“É como se ele tivesse nascido de novo”, disse Sthefany. “Acho que no fundo a maior vontade dele era de brincar, de ser, de fato, um gatinho normal.”

Hoje, em recuperação, ele já ganhou peso, dorme deitado pela primeira vez em anos e está amando descobrir cada brinquedo.

Seus vídeos emocionam os seguidores, que não contêm as lágrimas ao vê-lo animado, brincando e se divertindo.

“Como pode eu estar emocionada vendo ele fazendo as coisinhas de gatinho dele. Te amo, Gabs gatinho, te amo. Que felicidade ver você vivendo e aproveitando a vida”, escreveu uma internauta.

“Qualquer vídeo que eu vejo do Gabriel eu choro, fico tão feliz que deu tudo certo”, comentou outra.

“To passando mal de chorar. Que amor, meu Deus”, disse mais uma.

‘Gatos brincam até o fim da vida’

Um dos pontos que mais incentivou Sthefany a optar pela cirurgia foi descobrir que os gatos amam brincar, não importa a idade. Brincar não é apenas diversão para os gatos, mas uma necessidade.

Segundo a veterinária psiquiatra de gatos Larissa Rüncos, os felinos continuam brincando até o fim da vida.

Muitos tutores têm a impressão de que os gatos perdem a vontade de brincar na fase adulta, mas o motivo é que os filhotes se interessam por qualquer estímulo. Já os gatos mais velhos precisam de desafios que envolvam o instinto de caça.

Brincadeiras com varinhas, brinquedos que imitam presas e circuitos que exigem raciocínio são ideais para manter a mente ativa e o corpo saudável.

O PetMD recomenda duas ou três sessões de 10 a 15 minutos por dia, adaptadas à energia e personalidade de cada gato. Sessões curtas ao longo do dia funcionam melhor do que uma longa. Mesmo os gatos idosos precisam desse estímulo.

O renascimento de Gabriel

Para Gabriel, brincar nunca foi tão simbólico. Ele sobreviveu ao improvável e ganhou uma nova chance.

Hoje, cada corrida pela casa, cada pulo atrapalhado e cada soneca esticado no chão representam vitórias diárias. E, para Sthefany, vê-lo assim é a maior recompensa.

Acompanhe a rotina de Gabriel no TikTok (@sthe.faany).

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.