Cachorrinha é consolada após futuro adotante desistir de adotá-la quando descobriu detalhe sobre sua saúde
Por Beatriz Menezes em Proteção AnimalEm 11 de setembro, Melissa Dallier, voluntária da causa animal, compartilhou um desabafo pessoal após presenciar mais uma desistência de adoção quando o possível tutor descobriu sobre a condição de saúde do pet que estava interessado.
Melissa atua no Projeto Animal LifeLine em Atlanta, Geórgia, e acolhe cães resgatados em sua própria casa até que encontrem uma família.
Atualmente, ela cuida de Agnes, ou Aggie, uma mestiça de pitbull, de 10 anos, que enfrenta limitações auditivas.
Mesmo com tanto carinho, a cadela viu a chance de ganhar um lar se perder por causa de sua surdez.
Poucos dias antes, Melissa acreditava que Aggie finalmente teria um desfecho feliz. Durante um passeio, uma mulher se encantou com a cadela, que vestia seu colete escrito “adote-me”.
Animada, a possível tutora anotou o contato, recebeu fotos e até preencheu um formulário de interesse.
Um encontro chegou a ser marcado, mas, ao receber informações detalhadas sobre a idade de Aggie e sua dificuldade de audição e visão, a mulher desistiu. Ela não compareceu no dia combinado.
Para Melissa, a decisão não foi uma surpresa.
“Eu disse que ela era parcialmente ou totalmente surda, mas acho que a pessoa não entendeu o que isso significava”, contou à Newsweek.
Essa não foi a primeira vez que alguém desistiu da adoção por causa da condição de Aggie, que só foi identificada quando a voluntária a levou para casa.
Assista:
A cadela foi resgatada após ser encontrada vagando sozinha. O controle de animais local descobriu um microchip, mas o tutor registrado nunca apareceu para buscá-la.
Em um abrigo lotado, magra e debilitada, Aggie chamava atenção pelo olhar triste.
Foi nesse cenário que Melissa decidiu levá-la para casa e iniciar sua recuperação.
Desde então, a mudança tem se tornado evidente. Com cuidados veterinários, alimentação adequada e carinho, a cadela ganhou peso, recuperou a vitalidade e voltou a brincar.
Melissa, que também é treinadora de cães, ensina Aggie a responder a sinais de mão e reforça a autoconfiança dela.
“Ela evoluiu muito. Hoje anda bem na guia, observa tudo com atenção e adora conhecer pessoas novas”, explica.
No entanto, a idade e as limitações físicas continuam sendo barreiras para sua adoção.
Confira:
Muitos interessados ainda procuram filhotes ou cães jovens, embora estudos mostrem que animais mais velhos podem oferecer companheirismo, calma e afeto na mesma medida.
Uma pesquisa publicada em 2018 pela revista Applied Animal Behavior Sciences apontou que apenas 15 minutos de interação individual já são suficientes para melhorar significativamente o bem-estar de cães de abrigo.
Melissa reforça que a surdez de Aggie não deveria ser vista como um problema.
“Nos comunicamos com os cães quase sempre por linguagem corporal. Ela fica de olho em mim o tempo todo e se contenta com uma caminhada por dia e um sofá confortável.”
Para a voluntária, o que falta é alguém disposto a enxergar além da deficiência auditiva e dar a Aggie a chance de viver seus últimos anos cercada de amor.
A conexão da cadela com as pessoas ainda é visível. Em alguns passeios, Aggie insiste em se aproximar de certos tipos de carros, como se buscasse por alguém que já tivesse feito parte de sua vida.
Essa atitude reforça a ideia de que ela já foi muito querida por uma família no passado.
Hoje, o objetivo é encontrar um lar definitivo que ofereça carinho, atenção e uma rotina estável.
“Ela merece viver seus anos dourados com dignidade. Um lar onde possa ficar aquecida, aconchegada e cercada de afeto seria o ideal”, afirma Melissa.
Enquanto isso, a voluntária segue compartilhando vídeos e relatos em suas redes sociais, como no TikTok, onde publicou:
“Aggie está comigo há seis semanas e ela é uma graça. Boba, doce e um amor. Se você estiver na região de Atlanta e quiser conhecê-la, entre em contato. Só posso mantê-la por mais algumas semanas, pois tenho viagens em outubro.”
O apelo é urgente. Cada dia que passa aproxima Aggie da possibilidade de voltar ao abrigo, algo que Melissa deseja evitar a todo custo.
O caso da cachorrinha é desafio recorrente na causa animal. Cães idosos e com necessidades especiais são os que mais sofrem com a rejeição em processos de adoção.
Dar uma segunda chance para um pet como Aggie não é apenas um gesto de solidariedade.
É também um ato de transformação, capaz de ressignificar a vida de quem adota e de quem é adotado. Afinal, como destaca Melissa, “um pouco de amor pode mudar tudo”.