Parece filme: Mulher se disfarça para tentar resgatar cão 'Cometa' que era impossível de se aproximar
Por Larissa Soares em Proteção Animal
Quem vê a cachorrinha Cometa hoje, de lacinho novo e cara de quem nunca aprontou, nem imagina o trabalhão que essa pequena de apenas 5 kg deu para ser resgatada.
A vira-latinha foi encontrada em uma estrada de Viçosa, Minas Gerais, pela Sociedade Viçosense de Proteção aos Animais (Sovipa), e se mostrou uma fugitiva profissional, sempre um passo à frente dos voluntários.
Três semanas de trabalho

A primeira vez que viram Cometa foi na estrada de terra. Magrinha, faminta e curiosa, ela até chegava perto, mas no instante seguinte sumia estrada afora.
A partir daí começou a saga e, durante três semanas seguidas, os voluntários iam todos os dias ao local, munidos de paciência e muita criatividade.
Teve armadilha simples, armadilha camuflada, tentativas de aproximação e até disfarce.
Nada funcionava. Desconfiada, a princesa parecia saber de cada plano com antecedência.
“Um baile dado por um ser de 5 kg, é mole?”, brincou a Sovipa nas redes sociais.
Mas os protetores não desistiram. Preocupados que algo ruim pudesse acontecer, resolveram usar um drone para acompanhar os passos de Cometa e um medicamento para deixá-la mais calma.
Mesmo sonolenta, ela ainda correu mais do que todos, mas dessa vez não conseguiu escapar. Encontrada em um esconderijo, foi finalmente resgatada — mas não sem antes tentar morder quem se aproximava.
Do abandono ao colo
A cena que partiu corações foi descobrir que, apesar de tão traumatizada, Cometa usava um lacinho na cabeça. Isso mostrava que, em algum momento, ela já tivera uma família. Por que acabou abandonada, ninguém sabe.
O que importa é que essa história ganhou um novo capítulo e a cadelinha foi acolhida por uma família disposta a dar a ela o que mais precisava: paciência, respeito e muito amor.
Hoje, aquela que não deixava ninguém chegar perto virou a cachorrinha mais grudenta. Cometa ainda tem seus traumas, que estão sendo trabalhados, mas já se permite brincar, se aconchegar e confiar.
‘Operação do FBI’
O vídeo do resgate fez sucesso nas redes sociais. Nos comentários, internautas se divertiram com a engenhosidade da missão:
“Primeiro vídeo de resgate que eu vejo que foi uma operação criada pela CIA e pelo FBI kkkkk parabéns.”
“A cara dela pensando... Meu Deus, que vida boa. Por que não me entreguei logo antes.”
E, claro, não faltaram agradecimentos:
“Obrigada por não desistirem.”
Hoje, voluntários dão risada do sufoco, mas não escondem que houve choro e preocupação. Como disse a protetora Marly:
“Foram muitos dias de aflição até que conseguimos. Hoje Cometa vive uma vida plena, cheia de amor, carinho e dignidade, com uma família maravilhosa.”
A adaptação no novo lar
O caso de Cometa é um exemplo de como resgatar um animal é apenas o primeiro passo. Depois começa a adaptação que exige tempo e dedicação.
Segundo a Longmont Humane Society, uma boa forma de entender esse processo é a chamada regra 3-3-3:
- 3 primeiros dias: o cão precisa de um período de descompressão. Nesse tempo, ele pode se sentir sobrecarregado, inseguro e até apresentar comportamentos inesperados. É essencial oferecer um espaço tranquilo, sem exigir demais.
- 3 primeiras semanas: começa a fase de aprendizado da rotina e do vínculo. É quando o cão passa a conhecer melhor sua família, as regras da casa e pode até testar alguns limites.
- 3 primeiros meses: é quando, aos poucos, o cão começa a se sentir verdadeiramente em casa. Já está mais confiante, socializa melhor e se adapta à nova vida.
A regra não é uma fórmula exata, mas ajuda os tutores a manter expectativas realistas e, principalmente, paciência.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.