Socorrista ouve latidos vindos de casa desabada e encontra alguém preso lá dentro
Por Larissa Soares em Proteção AnimalLucky, uma cadelinha de apenas 10 meses e três patinhas, viveu dias de puro sufoco em Chester, na Pensilvânia (EUA).
A cachorrinha estava desaparecida havia mais de uma semana, quando finalmente foi localizada em um lugar tão improvável quanto perigoso.
Lucky estava dentro de uma casa geminada em ruínas, condenada para demolição.
Quem encontrou Lucky foi Colleen Bell, fundadora da organização GoodBoy Dog Recovery, especializada em resgatar cães perdidos.
Bell vinha tentando atrair Lucky para uma armadilha com comida, mas a cadelinha tinha outros planos. Em vez de se aproximar, a cadela correu para trás das casas abandonadas e logo começaram a ecoar latidos vindos de dentro dos prédios fechados com tábuas.
Quando Bell conseguiu olhar por uma pequena janela do porão, ela viu Lucky encolhida entre uma pilha de escombros, sem conseguir sair.
“Nem acredito que ela conseguiu descer até ali. Mas caiu num buraco cheio de lixo e ficou totalmente presa”, contou Bell ao The Dodo.
A cena era desesperadora, já que a casa não tinha piso, nem parede nos fundos, o que facilitava a entrada, mas tornava a saída praticamente impossível — ainda mais para uma cachorrinha com apenas três patas.
Uma missão de família
A situação era tão arriscada que os bombeiros não puderam ser chamados, já que o prédio estava condenado. Mas Bell, que há 12 anos dedica sua vida a reencontrar cães desaparecidos, não desistiu.
Ela montou seu próprio time de resgate, composto pelo irmão, o primo e uma amiga. Além disso, comprou tábuas de madeira e compensado, e juntos eles improvisaram uma rampa de sete metros até a janela do porão, que era o único ponto de acesso seguro.
Com a ajuda de cordas e um sistema improvisado de polias, eles conseguiram alcançar Lucky, que rosnava de medo, sem entender que aqueles estranhos estavam ali para salvá-la. Mas, depois de alguns minutos de tensão, a missão foi concluída.
E foi só a cadelinha ser colocada em segurança dentro do carro de Bell que tudo mudou:
“Ela estava só amor. O rabinho não parava de abanar. Parecia saber que estava salva”, relembra Bell.
Reencontro emocionante
Assim que esteve segura, Bell passou o leitor de microchip em Lucky. E foi graças a esse pequeno dispositivo que a cadela pôde reencontrar sua família, que morava a poucos quilômetros dali. Eles a tinham adotado em um abrigo local e estavam em desespero com seu desaparecimento.
Ao rever os tutores, Lucky não conteve a felicidade e abanava o rabo com tanta força que mal cabia em si. Depois de tantos dias de incerteza, ela finalmente estava de volta ao lar.
A importância do microchip
Se não fosse o microchip, a história de Lucky poderia ter sido bem diferente. Esse dispositivo, que tem o tamanho de um grão de arroz, funciona como uma espécie de “RG dos pets”, armazenando informações essenciais como nome, raça, idade e, principalmente, os dados de contato do tutor.
Quando um animal é encontrado na rua e levado a uma clínica veterinária, ONG ou centro de zoonoses, basta passar um leitor de microchip para acessar as informações e localizar sua família.
Muita gente ainda acredita que o microchip é um rastreador por GPS, mas isso não é verdade. Ele não indica a localização em tempo real, mas serve para identificação e para aumentar as chances de reencontro em casos de fuga ou perda.
Além disso, a microchipagem também ajuda a combater o abandono, já que é possível identificar o responsável por um animal resgatado em situação de maus-tratos.
Não à toa que várias cidades brasileiras já oferecem mutirões gratuitos de castração com microchipagem, e em locais como Rio de Janeiro e Jundiaí (SP) o procedimento já é obrigatório, segundo a PetLove.
A aplicação é rápida, indolor e feita de forma semelhante a uma vacina, sem necessidade de anestesia. Depois disso, o tutor só precisa manter os dados atualizados no sistema.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.