Em abrigo de animais, cachorrinha vê todos seus filhotes serem adotados enquanto só ela fica para trás
Por Beatriz Menezes em Proteção Animal
Mama Gladice chegou ao Lancaster Animal Care Center, no sul da Califórnia, em uma situação que refletia a realidade de muitos animais de rua.
Ela não tinha um passado conhecido e foi encontrada tentando proteger e alimentar seus quatro filhotes.
Sem histórico, sem dono e sem garantias, encontrou no abrigo o primeiro espaço de segurança em muito tempo.
Em poucos dias, a equipe conseguiu encaminhar cada um dos filhotes para lares adotivos.
As adoções trouxeram alívio à instituição, que enfrenta superlotação constante, mas deixaram Mama Gladice sozinha em um espaço que antes compartilhava com os pequenos.
A diferença de comportamento não demorou a ser percebida pelos voluntários.
Evelyn Garces, que acompanha os animais no abrigo, relatou a transformação.
“Gladice sempre foi quieta e tímida, mas quando os filhotes partiram ela pareceu perder o brilho. Passava horas deitada, não abanava o rabo, não demonstrava interesse. Era como se tivesse perdido o sentido da vida.”, contou ao The Dodo.
Para a equipe, a mudança foi dolorosa de acompanhar. O silêncio de Gladice representava mais do que tristeza: significava risco.
Assista o vídeo abaixo:
Em abrigos superlotados dos Estados Unidos, cães que apresentam sinais de apatia ou não se adaptam ao ambiente tornam-se candidatos à eutanásia, medida extrema usada quando não há espaço ou alternativas.
Com o nome incluído na lista de animais em risco, os voluntários iniciaram uma corrida contra o tempo.
A história de Gladice foi divulgada nas redes sociais e compartilhada em grupos de resgate e proteção animal.
O apelo pedia uma chance para que ela pudesse viver a mesma felicidade que seus filhotes encontraram.
O vídeo publicado no Tik Tok obteve 2,3 milhões de visualizações, 391 mil curtidas e 9421 comentários.
“Eu não teria como adotar o último filhote e deixar a mãe para trás... os dois teriam ido para casa comigo”.
Muitos outros também manifestaram o interesse de ir até o abrigo conhecê-la e possivelmente adotá-la.
A mobilização deu resultado. Dois dias após a publicação a organização Promise 4 Paws Rescue respondeu ao chamado e decidiu retirar Mama Gladice do abrigo.
A transferência representou uma virada de página para a cadela, que ganhou a oportunidade de receber cuidados veterinários, alimentação adequada e atenção constante em um lar temporário.
Embora os primeiros exames tenham apontado problemas de saúde a serem tratados, a equipe garantiu que cada necessidade será acompanhada.
Agora, em um ambiente de acolhimento, Gladice voltou a se alimentar melhor, demonstrar interesse pelas pessoas ao redor e até a ensaiar movimentos tímidos de alegria.
Para a voluntária que acompanhou a reviravolta, o sentimento é de gratidão.
“Quando a vimos sair do abrigo, foi como assistir ao renascimento de uma vida. Ela não está sozinha, não foi esquecida. Sei que em breve encontrará uma família disposta a oferecer o amor que merece.”
Filhotes costumam encontrar famílias com rapidez, mas cães adultos, principalmente os tímidos ou com histórico desconhecido, enfrentam mais dificuldades. Isso os deixa vulneráveis ao abandono ou à morte prematura.
Cada adoção deve considerar o compromisso de longo prazo. Abrir as portas de casa para um animal adulto é oferecer a chance de uma vida digna a quem já sofreu privações.
Além disso, animais adultos costumam ter temperamento mais definido e podem se adaptar com tranquilidade a rotinas familiares.
O resgate de Gladice também demonstra a importância da rede de apoio formada por voluntários, abrigos e instituições independentes.
Sem a divulgação e a rápida resposta da Promise 4 Paws Rescue, o destino da cadela teria sido outro.
Agora, ela se prepara para uma nova etapa: receber cuidados até estar pronta para conhecer sua família definitiva.
O futuro de Gladice ainda guarda incertezas, mas pela primeira vez em muito tempo há esperança.
A cadela que parecia ter perdido sua centelha de vida ganhou uma segunda chance.
Ela não precisará mais enfrentar a solidão de um abrigo superlotado, nem o risco da eutanásia.
