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Após raça de cachorro ser proibida, mulher muda de país para não ter que entregar seu pet

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em Cães

Quando o Reino Unido proibiu a posse de cães da raça American Bully XL, milhares de tutores se viram diante de uma escolha impossível. Danielle foi uma delas. E para ela, desistir de Enzo, seu companheiro de quatro patas, nunca foi uma opção.

Por anos, eles viveram uma rotina simples e feliz. Enzo adorava correr pelo parque, carregar sua bolinha e brincar de buscar gravetos. Mas, de repente, tudo mudou.

“As pessoas o viam como perigoso”, contou Danielle ao The Dodo. “Ele era obrigado a usar focinheira o tempo todo. Isso dificultava que carregasse sua bolinha ou pegasse um graveto.”

No dia 31 de dezembro de 2023, o governo britânico tornou ilegal possuir um XL bully. E o que antes era uma vida tranquila virou um fardo.

“Ele não queria mais sair para passear como antes. Eu conseguia ver claramente como aquilo afetava a felicidade dele. Foi de partir o coração.”

A mídia, que por meses já vinha retratando a raça como uma ameaça, ajudou a espalhar o medo. Mas para Danielle, isso não fazia sentido: Enzo era doce, equilibrado e obediente.

“Ele odiava a focinheira. Parecia que aquilo o fazia sentir que havia algo errado com ele. E não havia.”

Foi então que, em meio à frustração, um anúncio de emprego na Austrália apareceu na tela do computador. Danielle começou a pesquisar: será que lá ele poderia viver livremente? Descobriu que sim, o país não tinha restrições à raça.

A decisão veio do coração.

“Todo o processo levou cerca de nove meses e custou em torno de 11 mil libras. Mas eu faria tudo de novo”, disse.

Quando o avião aterrissou e Enzo foi entregue por uma agência de transporte de animais, a cena compensou cada centavo.

“Assim que nos viu, ele ficou radiante. Correu direto para a porta da frente. Nunca vi um cachorro tão feliz por estar em casa.”

Hoje, morando a cinco minutos da praia, Danielle e Enzo têm uma nova vida.

“Vamos ao mar quase todos os dias. Ele corre, brinca e busca gravetos outra vez. Eu sabia que tínhamos tomado a decisão certa.”

Veja o vídeo publicado pelo The Dodo:

“Ela desistiu da vida no Reino Unido para que seu cachorro pudesse viver livre novamente. E faria tudo de novo num piscar de olhos”, diz a legenda.

Nos comentários, internautas se identificaram:

“Eu com certeza me mudaria para o outro lado do mundo antes de abrir mão da qualidade de vida dos meus 'bebês' de pelo. Parabéns, 'mamãe'!!!”

E foi exatamente isso que Danielle fez: atravessou o mundo por amor.

Entenda a polêmica sobre a proibição dos XL Bullies no Reino Unido

De acordo com a BBC, o American Bully XL é a maior variação do American Bully. São cães musculosos e potentes, que podem atingir até 51 centímetros de altura.

Apesar de não serem reconhecidos oficialmente como uma raça específica, tornaram-se populares no Reino Unido nos últimos anos.

Mas, após uma série de ataques fatais (23 mortes entre 2021 e 2023, segundo o governo), o país incluiu os Bullies XL na lista de cães proibidos pela Lei de Cães Perigosos de 1991, junto com o pitbull terrier, o tosa inu, o dogo argentino e o fila brasileiro.

A partir de 1º de fevereiro de 2024, tornou-se crime possuir um Bully XL sem certificado de isenção. Os cães registrados devem ser castrados, microchipados, segurados e mantidos com coleira e focinheira em público. A venda, doação e reprodução foram totalmente proibidas.

Quem não se enquadrou na lei teve de entregar o animal a um veterinário para eutanásia — o que gerou revolta. Até abril de 2024, o governo britânico havia processado 395 pedidos de reembolso de donos que foram obrigados a sacrificar seus cães.

Por que muitos consideram a medida injusta

A decisão de banir os XL Bullies é criticada por diversas instituições de bem-estar animal.

A Dog Control Coalition, que reúne entidades como a Battersea Dogs & Cats Home, o Dogs Trust, o Kennel Club, a RSPCA e a Associação Veterinária Britânica, argumenta que proibições por raça não funcionam e punem os donos responsáveis junto com os maus tutores.

O grupo defende que o foco deveria estar em educação, socialização e responsabilidade na criação, não na aparência física do cão.

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.