'Eu Errei': Protetora se lamenta após cachorro vira-lata José ser devolvido 6 meses após adoção
Por Larissa Soares em Proteção Animal
José, um cãozinho alegre de porte médio, deixou o abrigo do Projeto Luz de Maria, no Rio de Janeiro, ainda filhote.
Para Nath, voluntária e uma das responsáveis pelas entrevistas e acompanhamentos do projeto, cada adoção é uma aposta em um futuro melhor. Naquele 17 de fevereiro de 2025, ela acreditou que o destino de José estava traçado.
No dia seguinte, como faz com todos os casos, Nath entrou em contato com a tutora aprovada para a adoção. A mulher era veterinária, o que naturalmente inspirava confiança.
A família tinha uma filha pequena, de dois anos, e, por isso, Nath fez o que sempre faz: reforçou os cuidados, explicou os limites e lembrou da importância da supervisão. Mesmo assim, algo escapou.
“Logo eu, que sou considerada criteriosa e rigorosa nesse processo, dessa vez, eu errei”, confessou Nath em um vídeo publicado no Instagram do projeto.
A fala não era de quem busca culpados, mas de quem ainda tenta entender o ponto em que tudo desandou.
‘Ele só avisava’
Durante meses, José parecia bem. Mas, em julho, chegaram os primeiros sinais de alerta: a tutora relatou que o cachorro estava rosnando para a criança.
Nath ofereceu ajuda, consultoria com adestradores, acompanhamento. Tentou entender o que havia por trás daquele rosnado.
No acompanhamento seguinte, descobriu o que ninguém queria ouvir. José havia sido levado para uma creche para morar lá, afastado da família.
A tutora alegava que ele “rosnava para a filha” e que buscaria outro lar para o cão, algo proibido pelo termo de adoção do projeto. Foi quando a verdade apareceu, dura e simples, em uma troca de mensagens:
José rosnava porque apanhava.
“Sim, a própria adotante, que agora nos ameaça com processo, disse isso claramente. José nunca mordeu, mesmo sendo agredido. Ele só avisava”, relatou Nath. “E o que ele fez? Se defendeu avisando. A verdade é simples. José é doce e sociável com cães e pessoas. O que falhou não foi ele. Foi a responsabilidade da família.”
‘Adotar também é educar’
No vídeo, Nath desabafa que “é sempre mais fácil descartar do que educar”.
José voltou ao abrigo. Voltou mais calado, talvez confuso, mas ainda carinhoso. E reencontrou em Nath e nos voluntários o afeto que não exige perfeição, apenas presença e respeito.
“Ele não errou. A criança também não errou. O erro foi de quem esqueceu que adotar é também educar”, escreveu o projeto na legenda que acompanhou o vídeo.
Nos comentários, uma enxurrada de apoio:
“Nati, você não errou. Quem errou foi essa família que preferiu descartar o cãozinho a educar a criança”, escreveu uma seguidora.
“José, a sua família de verdade vai chegar! E ela vai ser maravilhosa!”, disse outra.
Hoje, José está novamente disponível para adoção. Castrado, vacinado, microchipado e, acima de tudo, pronto para recomeçar. Mas, dessa vez, com alguém que entenda que respeito também se ensina.
Veja o vídeo:
Se você é da região do Rio de Janeiro e tem interesse em adotar o José ou outro cão, acesse o Instagram do Projeto: (@luzdemaria.rj)
Educar para conviver: como ensinar crianças a interagir com animais
Os adultos têm um papel muito importante na mediação entre crianças e animais de estimação.
De acordo com especialistas do PetMD, toda convivência deve começar pela supervisão constante e pela educação emocional de ambas as partes.
Antes de apresentar o animal à criança, é essencial conhecer o temperamento. Observar se ele se assusta com barulhos, movimentos bruscos ou toques em determinadas áreas ajuda a evitar sustos e reações defensivas.
A especialista em comportamento animal Rachel Geller recomenda criar uma “voz de animal de estimação”, um tom de fala calmo e gentil, usado durante as interações.
“Crianças, especialmente as mais novas, tendem a falar alto e podem não ter consciência do volume e do tom”, explica.
É importante também ensinar consentimento e limites. O animal deve ser acariciado apenas quando demonstra aceitação, e nunca deve ser abordado enquanto come, dorme ou usa o tapete higiênico. Carícias suaves, na direção dos pelos, ajudam a estabelecer confiança.
A convivência diária pode incluir pequenas tarefas, como encher o pote de água ou ajudar a guardar os brinquedos, atos esses que reforçam a noção de cuidado e responsabilidade.
Por fim, brincadeiras devem ser seguras e supervisionadas. Correr pela casa ou puxar brinquedos do animal pode despertar medo ou agitação excessiva.
Separar um espaço tranquilo para as interações e ensinar gestos gentis são formas simples de prevenir traumas.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.