Ao voltar para casa, motorista avista 2 'anjinhos' cor de caramelo correndo no meio da pista e decide agir

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em Proteção Animal

Em uma estrada escura e sem movimento no interior do Piauí, a rotina de um protetor de animais foi interrompida por uma cena que, embora tristemente familiar para ele, chocou milhões de brasileiros.

No dia 5 de outubro, Fernando José Antão Machado, fundador do projeto Lar do Nando em Teresina, dirigia seu carro quando os faróis revelaram duas pequenas e indefesas figuras no meio do asfalto.

Eram dois filhotes de cachorro, sozinhos, assustados e completamente vulneráveis.

O que se seguiu foi um ato de compaixão imediata, registrado em um vídeo que se tornaria um poderoso símbolo da luta contra o abandono de animais.

O vídeo, gravado de dentro do veículo, começa com a narração da situação inusitada e comovente.

Uma legenda na tela informa:

"Eu com 2 dentro do carro e me aparece mais dois". A frase revela que Fernando já estava em uma missão, transportando outros animais resgatados.

Então ele desce do carro e caminha com passos cautelosos em direção aos filhotes, que a princípio recuam, amedrontados pela aproximação.

Com a paciência de quem entende o trauma dos animais de rua, ele se agacha e, com gestos suaves, consegue conquistar a confiança deles.

"O bichinho chega tá com a língua pra fora", comenta, observando o estado de um dos animais, visivelmente ofegante.

Este resgate, embora um entre tantos, teve um destino diferente. Ao ser postado no perfil @lardonando no Instagram, a plataforma de trabalho de Fernando, o registro ultrapassou as fronteiras do Piauí.

O vídeo viralizou de forma massiva, alcançando a marca de 1,8 milhão de visualizações, 153 mil curtidas e mais de 6.570 comentários.

"Eles são tão puros!", escreveu um usuário.
Outro comentário apontou para o que muitos viram como um encontro predestinado: "Poderia ser qualquer pessoa passando por ali, mas graças a Deus (e não por acaso) foi você!".

A onda de apoio virtual validou e amplificou a importância do trabalho de protetores independentes como Fernando.

Assista ao vídeo:

O homem por trás do resgate, idealizador do Lar do Nando, informa em seu perfil já ter realizado mais de 1000 resgates e castrações.

Este número representa anos de dedicação em uma batalha diária contra o descaso.

O projeto sobrevive exclusivamente da solidariedade, tornando cada contribuição fundamental para salvar a próxima vida.

O abandono de animais reflete questões sociais mais profundas, como a falta de políticas públicas de controle populacional e de educação sobre posse responsável.

Para cada resgate bem-sucedido como o de Fernando, inúmeros outros animais não têm a mesma sorte e acabam vítimas de atropelamentos, doenças e fome.

Como ajudar?

Na legenda da publicação, Fernando José Antão Machado fez um apelo direto. "Bora seguir o @lardonando e ajudar a cuidar de mais 2? Aqui é igual coração de mãe", escreveu.

Para viabilizar que a comoção se transformasse em ajuda prática, ele disponibilizou diversos canais para doações que mantêm o projeto Lar do Nando ativo.

As contribuições podem ser feitas através das seguintes opções:

  • Pix (E-mail): lardonando@hotmail.com
  • Pix (CPF): 644.413.693-87 (Fernando José Antão Machado)
  • Pix (Celular): (86) 99502-0743 (Fernando José Machado)
  • PayPal: lardonando@hotmail.com
  • Conta Corrente (Banco do Brasil): Agência: 44-2 | Conta: 55442-1 (Fernando José Machado)
  • Conta Poupança (Caixa Econômica): Agência: 0029 | Operação: 1288 | Conta: 000777025636-5 (Fernando José Machado)

O portal Amo Meu Pet entrou em contato com Fernando José Antão Machado para obter mais detalhes sobre o destino dos filhotes resgatados e o impacto das doações após a viralização.

Contudo, até o momento da publicação desta reportagem, não obteve retorno. O espaço permanece aberto para a manifestação do ativista.

Um problema que se agrava com as festas de fim de ano

O resgate realizado por Fernando no Piauí, embora chocante por si só, não é um evento isolado.

Ele representa a ponta de um iceberg de um problema crônico que, segundo especialistas e organizações de proteção animal, se intensifica drasticamente em épocas específicas do ano, especialmente durante as festas de fim de ano e os períodos de férias escolares.

Conforme aponta uma reportagem da CNN Brasil, o número de animais abandonados tende a crescer de forma significativa entre os meses de dezembro e fevereiro.

A principal causa para este aumento sazonal está ligada aos planos de viagem das famílias.

Muitos tutores, ao se depararem com a dificuldade ou o custo de encontrar um local seguro para deixar seus animais de estimação, optam pela solução mais cruel: o abandono em estradas, parques ou áreas urbanas.

Outro fator que agrava a situação é a cultura de presentear com animais, especialmente no Natal.

Um filhote é frequentemente visto como um presente afetuoso, mas a decisão é muitas vezes tomada por impulso, sem o planejamento necessário.

Quando a novidade passa e a família se depara com as responsabilidades reais, custos com alimentação, vacinas, cuidados veterinários, além da necessidade de tempo e dedicação, muitos desses "presentes" são descartados nos primeiros meses do ano novo.

Essa triste realidade sobrecarrega ainda mais o trabalho de protetores independentes como Fernando José Antão Machado.

Enquanto a sociedade celebra, voluntários e abrigos enfrentam o período mais crítico do ano, com um aumento expressivo no número de pedidos de resgate e um fluxo constante de animais deixados à própria sorte.

Os recursos, que já são escassos durante todo o ano, tornam-se insuficientes para lidar com a demanda crescente.

Portanto, o caso dos "dois anjinhos" encontrados na estrada por Fernando é um lembrete urgente da importância da guarda responsável.

A decisão de ter um animal de estimação é um compromisso de longo prazo, que pode durar mais de 15 anos e exige planejamento financeiro e emocional.

A adoção consciente é a principal ferramenta para combater essa cultura do descarte e garantir que menos animais tenham suas vidas interrompidas pela conveniência humana.

Beatriz é jornalista formada pela Universidade de Passo Fundo, com especialização em Escrita Criativa e Editoração pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera. Apaixonada por narrativas envolventes e pelo universo pet, ela também possui certificação em Storytelling para Marketing Digital pela Santander Open Academy, o que complementa sua habilidade de transformar histórias reais em conteúdos informativos e inspiradores. Dedica-se à produção de reportagens que valorizam a convivência ética e afetiva entre humanos e animais de estimação, promovendo empatia, informação de qualidade e o respeito aos animais.