Mulher vê mancha preta assustadora em árvore e percebe ser um bicho selvagem precisando de ajuda
Por Larissa Soares em Proteção AnimalUma mulher que caminhava por uma trilha em Brisbane, na Austrália, notou algo estranho no chão, como uma pequena “sombra” que se movia de forma desesperada.
Ao se aproximar, percebeu que não se tratava de um plástico ou folha presa, mas sim de um animal selvagem em apuros: uma raposa-voadora, espécie de morcego-da-fruta nativa da região.
Sem saber como agir, a mulher decidiu procurar ajuda e ligou para a organização Bat Conservation & Rescue QLD, especializada no resgate de morcegos. A atitude rápida fez toda a diferença.
“Qualquer morcego sozinho durante o dia ou no chão precisa de ajuda. Não é um comportamento normal”, explicou Rebecca Appleton, cuidadora de traumas e socorrista da ONG, em entrevista ao The Dodo.
Resgate emocionante
Quando Rebecca chegou ao local, o pequeno morcego, mais tarde batizado de Angélica, já havia conseguido subir em uma das árvores, mas ainda estava fraco e machucado.
Com cuidado, ela retirou o animal do tronco e o levou para casa para uma avaliação inicial.
Durante o exame, Rebecca percebeu que Angélica tinha um ferimento na mandíbula, possivelmente causado por uma queda ou por se prender em algum galho.
Para garantir um tratamento adequado, ela encaminhou a paciente à RSPCA QLD, onde os veterinários limparam e trataram o ferimento.
Hoje, Angélica está quase totalmente recuperada e se preparando para voltar à natureza.
Rebecca disse estar muito feliz por saber que ela logo poderá voar livremente novamente, especialmente considerando o papel fundamental que esses animais desempenham no meio ambiente.
As guardiãs das florestas
Apesar de muitas vezes mal compreendidas, as raposas-voadoras são essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas australianos.
Segundo informações do Departamento de Planejamento e Meio Ambiente de Nova Gales do Sul (NSW), esses mamíferos nômades viajam por longas distâncias se alimentando de flores, néctar e frutas nativas.
Enquanto fazem isso, transportam pólen e espalham sementes, ajudando na regeneração de florestas inteiras.
“Todos os morcegos desempenham papéis ecológicos importantes”, disse Rebecca. “As raposas-voadoras são polinizadoras e dispersoras de sementes vitais — muitas de nossas árvores icônicas dependem delas.”
Existem três espécies principais de raposas-voadoras nativas da Austrália:
- Raposa-voadora-negra (Pteropus alecto) – Quase totalmente preta, com um colar avermelhado discreto, pode pesar mais de 700 gramas e atingir uma envergadura superior a um metro.
- Raposa-voadora-de-cabeça-cinzenta (Pteropus poliocephalus) – Reconhecida pela cabeça acinzentada e colar ruivo, chega a um quilo e é considerada a mais vulnerável, já que seu habitat natural vem sendo ameaçado pela expansão urbana.
- Pequena raposa-voadora-vermelha (Pteropus scapulatus) – A menor das três espécies, pesa até 600 gramas e possui pelagem marrom-avermelhada. Costuma viajar mais para o interior do país.
Esses morcegos gigantes podem parecer imponentes, especialmente quando vistos de perto, mas são inofensivos. Alimentam-se exclusivamente de frutas e néctar e têm hábitos noturnos.
Convivendo com as raposas-voadoras
De acordo com o NSW, o aumento da urbanização tem aproximado as raposas-voadoras das cidades. A derrubada de árvores e a perda de antigas áreas de descanso e alimentação forçaram esses animais a buscar refúgio em regiões urbanas, onde encontram frutas cultivadas e menos predadores.
Isso, no entanto, pode gerar conflitos. Moradores relatam ruídos ou sujeira próximos a acampamentos de morcegos, mas especialistas afirmam que o convívio é possível e seguro, desde que se evite o contato direto.
As infecções humanas por vírus transmitidos por raposas-voadoras são extremamente raras.
“Não há risco se você não tocar nelas”, reforça o órgão ambiental australiano. “Não há registros de pessoas que tenham adoecido apenas por viverem perto de acampamentos de raposas-voadoras.”
A socorrista Rebecca Appleton também reforçou que qualquer pessoa pode fazer a diferença, mesmo sem experiência em resgates, apenas mantendo os cães dentro de casa à noite, observando com atenção os animais silvestres e acionando as autoridades quando houver suspeita de ferimentos.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.
