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Cãozinho vira-lata que viu todos seus amigos serem adotados em feira lança olhar triste mais uma vez

Por
em Proteção Animal

Em meio a uma feirinha de adoção em São Paulo, um cão de olhar triste observa as famílias passarem diante dele.

Ninguém para, ninguém pergunta o nome. Theo, um vira-lata de porte médio, parece carregar no olhar a solidão de quem já foi deixado duas vezes - primeiro pelos antigos tutores, depois pelos amigos que encontraram novos lares enquanto ele segue esperando.

Abandonado em uma casa junto de outros cães, Theo sobreviveu graças à ação de protetores independentes. O grupo conseguiu resgatar e encaminhar os animais para adoção, mas, um a um, todos partiram.

O último deles encontrou uma família no mês passado. Desde então, Theo tem sido o único a voltar das feirinhas com a coleira ainda presa ao mesmo vazio: o de não ser escolhido.

Hoje, ele continua morando na casa onde foi deixado, porque os abrigos da região estão lotados.

Os voluntários que o salvam da fome também se tornaram sua principal companhia. Visitam-no diariamente para garantir água, ração e alguns minutos de brincadeira, que parecem ser o ponto alto do dia do cão. Mas, mesmo com tanto cuidado, o espaço ainda carrega o eco do abandono.

O vídeo publicado pelo perfil Hyppet no Instagram no dia 26 de outubro mostra o momento em que Theo permanece sozinho em mais uma feira de adoção. A gravação sensibilizou milhares de pessoas.

Nos comentários, internautas se dizem comovidos com o olhar do cachorro e pedem que ele tenha a mesma sorte que os outros companheiros tiveram.

Theo não é o tipo de cão que costuma atrair olhares imediatos. Não tem raça definida, não é filhote e, por isso, acaba ficando à margem das escolhas.

Ainda assim, sua história virou um símbolo do desafio enfrentado por tantos animais que aguardam por adoção responsável.

O caso expõe um problema recorrente: a preferência por cães de raça, enquanto milhares de vira-latas esperam uma segunda chance.

Assista:

Mesmo assim, Theo continua tentando. Em uma das feirinhas, ele chegou a usar adereços temáticos para chamar atenção como uma bandana colorida e um lenço estampado, mas nenhuma família se interessou.

A cada evento, os voluntários arrumam o pelo, ajustam a coleira e alimentam a esperança de que, desta vez, alguém pare e o veja de verdade.

Nas redes sociais, a campanha pela adoção de Theo ganhou força. Comentários de apoio e compartilhamentos ampliaram o alcance do vídeo.

O objetivo é simples: encontrar uma família disposta a oferecer carinho, segurança e companhia para um cão que, apesar das perdas, mantém o olhar doce e confiante.

Theo tem cerca de cinco anos, é de porte médio, castrado e vacinado. Está disponível para adoção responsável em São Paulo, e o processo pode ser iniciado diretamente pelo aplicativo da Hyppet.

O app reúne perfis de animais disponíveis e orienta os interessados sobre os passos da adoção, uma medida que busca garantir que cada caso seja analisado com cuidado, evitando devoluções e novos abandonos.

A história de Theo também reacende o debate sobre o papel das feiras de adoção. Mesmo com o esforço de ONGs e protetores, muitos cães permanecem por meses à espera.

O espaço físico limitado dos abrigos, o custo com alimentação e cuidados veterinários e a falta de conscientização sobre adoção responsável tornam o desafio ainda maior.

Para quem trabalha com resgate animal, histórias como a de Theo são um retrato da realidade. Há centenas de cães adultos, saudáveis e sociáveis, vivendo sob a mesma condição: esquecidos.

Ainda assim, cada adoção representa um recomeço não apenas para o animal, mas para a família que o acolhe.

Os protetores que acompanham Theo acreditam que o desfecho pode ser diferente desta vez. A força das redes sociais têm transformado campanhas simples em histórias de final feliz.

Com a ajuda da comunidade digital, o vira-lata que já foi esquecido pode, enfim, conhecer o calor de um lar.

Enquanto isso, ele segue esperando. O portão se abre todos os dias com o som familiar dos passos dos voluntários.

Theo abana o rabo, corre até o portão e espera pelo carinho que sempre vem, mas que ele ainda sonha em receber de alguém que o leve para casa.

Quem quiser mudar essa história pode acessar o perfil da Hyppet no Instagram ou o aplicativo da plataforma e se inscrever no processo de adoção.

O olhar triste de Theo, que já comoveu milhares de pessoas, pode ser o primeiro capítulo de um novo começo, aquele onde, finalmente, ele deixa de ser o último da feira e se torna o primeiro no coração de uma família.

Números no Brasil

De acordo com a Agência Câmara de Notícias da Câmara dos Deputados em 2028 o (IBGE) estimou que existiam cerca de 54,2 milhões de cães e 23,9 milhões de gatos.

Conforme esses dados, 5% dos cães e gatos do País estão em condição de vulnerabilidade, o que representa 3,9 milhões de pets.

“O levantamento do Instituto Pet Brasil apurou também a existência de 370 ONGs [organizações não governamentais] atuando na proteção animal. Essas ONGs tutelam mais de 172 mil animais, dos quais 165.200 (96%) são cães e 6.883 (4%) gatos. Ou seja, com base nos dados levantados pelo censo mais recente, em 2018 existiam mais de 4 milhões de cães e gatos em situação de vulnerabilidade ou de abandono no território nacional”, lista Fred Costa.

Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam mais de 30 milhões de animais abandonados no Brasil, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães.

A falta de controle dos animais de rua pode levar ao aumento de zoonoses, como raiva e leishmaniose.

Beatriz é jornalista formada pela Universidade de Passo Fundo, com especialização em Escrita Criativa e Editoração pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera. Apaixonada por narrativas envolventes e pelo universo pet, ela também possui certificação em Storytelling para Marketing Digital pela Santander Open Academy, o que complementa sua habilidade de transformar histórias reais em conteúdos informativos e inspiradores. Dedica-se à produção de reportagens que valorizam a convivência ética e afetiva entre humanos e animais de estimação, promovendo empatia, informação de qualidade e o respeito aos animais.