‘A Branca de Neve tá diferente’: Cachorrinho Jack Russel se encanta com pássaros e tutora registra momento mágico
Por Beatriz Menezes em ComportamentoO instinto de caça, ancestral e profundamente enraizado em raças como a Jack Russell Terrier, exige disciplina e treinamento. Mas o que acontece quando esse instinto é completamente substituído pela ternura e pela paciência?
Sushi é uma cachorrinha, que pertence a uma raça desenvolvida especificamente para a caça a pequenos animais, mas surpreendeu internautas ao demonstrar uma dedicação inesperada: ela se transformou, voluntariamente, em um refúgio para os pássaros de estimação de sua família.
O registro dessa convivência inusitada foi capturado em vídeo, provando que a harmonia entre espécies é possível, mesmo que o cão seja classificado como um predador em potencial.
O vídeo, que já corre nas redes sociais, tem como protagonista a Jack Russell Terrier chamada Sushi.
Nas imagens, a pet aparece calma enquanto permite que periquitos, agapornis e um Ring-Neck azul a usem como ‘poleiro seguro’ e anti gatos.
Sentada e com uma expressão serena ela tem sob seu corpo, quatro pássaros (dois periquitos, um agapornis de cabeça preta e um Ring-Neck azul claro). As aves estão tranquilamente acomodadas, distribuídas entre seus ombros e patas.
O curioso dessa interação é que a raça Jack Russell Terrier é mundialmente famosa por sua vivacidade e um forte impulso de caça.
De acordo com o Premier Pet ela era cultivada para o trabalho de rastrear e desalojar pequenos roedores e raposas de suas tocas.
A quebra dessa expectativa, com Sushi atuando como guardiã em vez de predadora, é o que torna a sua atitude passiva e carinhosa tão cativante e digna de atenção quando a tutora pergunta: "Sushi, você quer o neném?".
Outros cães da mesma raça observam o momento de perto, mas é Sushi quem demonstra o laço mais forte.
A dinâmica sugere que, para Sushi, a companhia dos pássaros não é uma exceção, mas sim uma parte agradável e esperada de sua rotina.
“Os Jack Russell Terrier são extremamente ágeis principalmente para caça, mas vencer os extintos para ser um cão equilibrado é fantástico! Com treino e dedicação é possível ter uma boa convivência com outras espécies de animais. Uma boa genética e índole também faz toda a diferença.”, escreveu na legenda.
O Jack Russell Terrier, originário do Reino Unido e desenvolvido no século XIX pelo reverendo John Russell, é uma raça que exige grande estimulação física e mental.
A calma de Sushi, mesmo com a movimentação e a presença de múltiplos pássaros, não é um acidente, mas sim o reflexo de uma criação dedicada e atenta.
O vídeo original foi publicado por Luciana Dobashi em 25 de outubro no perfil do Instagram @coliseu.da.ilha_kennel e obteve 11 milhões de visualizações, 1,4 milhão de curtidas e 4.020 comentários.
“Inimigo do meu inimigo é meu amigo”.
“Sushi claramente realizando o sonho dela”.
“A branca de neve tá diferente”.
“Parece quando os pais colocam os nenês no colo das crianças”.
Assista:
O portal Amo Meu Pet buscou contato com Luciana Dobashi para obter mais informações sobre a rotina de Sushi e seus amigos emplumados e não obteve retorno.
O espaço segue aberto para futuras atualizações sobre a pet que se tornou a estrela do momento.
Dicas essenciais do para a convivência de cães com pássaros:
Alexandre Rossi, o Dr. Pet, aborda o desafio da convivência entre cães e aves de estimação (como calopsitas e papagaios), alertando que muitos cães, especialmente os de raças caçadoras (Terriers, Spaniels, Retrievers), enxergam pássaros como presas. O sucesso da socialização exige paciência e dedicação
1. Segurança em primeiro lugar
- Proteção constante: a ave deve ser mantida em uma gaiola adequada sempre que o cão tiver acesso ao local.
- Evitar estresse: é fundamental evitar que o cão se aproxime constantemente do viveiro para não estressar nem o pássaro, nem o próprio cão. Essa precaução deve ser mantida durante todo o processo.
2. Acostumando o cão de longe
A socialização deve ser gradual e positiva, introduzindo a ave de forma indireta:
- Estímulo auditivo: deixe o cão ouvir sons de pássaros na internet.
- Estímulo visual e olfativo: dê brinquedos que se pareçam com pássaros (com penas e movimento). use um pano passado na ave para que o cão sinta o cheiro dela perto de sua comida.
- Reforço positivo: recompense (com petiscos e carinho) o cão sempre que ele interagir positivamente com esses estímulos.
- Obediência: treine comandos básicos como “senta”, “fica”, “não” e “devagar” para ter controle durante as futuras interações.
3. A aproximação gradual
Somente após o cão dominar os comandos e se acostumar com os estímulos da ave, inicie a aproximação:
- Controle total: mantenha o cão preso na coleira e guia.
- Distância e comandos: Comece com o cão longe da gaiola. Peça para ele executar comandos básicos ("senta" e "fica") e recompense a obediência e a calma.
- Redução da distância: aproxime-se lentamente, recompensando a cada passo sem reatividade. este processo pode levar semanas.
- Novas interações: se o cão estiver calmo, tente abrir a gaiola (ainda com o cão preso) ou ofereça um brinquedo/ossinho para ele perto da ave, mostrando que a ave é parte normal do ambiente.
O objetivo é garantir que o cão entenda que a ave é um membro da família, e não uma presa.
A liberdade total de ambos no mesmo espaço pode nunca ser atingida, mas estas estratégias garantem qualidade de vida e reduzem o estresse de ambos os animais.
