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Cachorrinha que ajudou tutora a vencer doença agora leva amor a outras pacientes: 'Ela sabe o que fazer'

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em Aqueça o coração

Há dois anos Tânia Bilibio, moradora de Passo Fundo/RS, recebeu uma notícia difícil. O diagnóstico de câncer de mama trouxe um turbilhão de pensamentos e incertezas sobre o futuro.

Em meio a esse momento delicado, uma novidade inesperada bateu à porta. Uma amiga encontrou uma cachorrinha em situação de maus-tratos e decidiu que ela seria a companheira ideal para Tânia enfrentar o tratamento que estava por vir.

Amora chegou no dia 8 de dezembro, um presente que inicialmente causou impacto e dúvida. Tânia não sabia como seu corpo reagiria às sessões de quimioterapia e radioterapia.

O medo de se apegar e depois não conseguir manter a cachorrinha por conta da saúde debilitada era real.

"Minha preocupação maior era comigo e também cuidar dela. E aí depois eu digo, e se eu não conseguir ficar com ela? O que eu vou fazer depois que eu me apeguei?", contou em entrevista ao Amo Meu Pet.

A crença de que as coisas acontecem no momento certo ajudou Tânia a aceitar o desafio. Logo no início do tratamento, Amora se provou essencial e nos dias em que o desânimo batia e a vontade de ficar na cama era maior, a cachorrinha a obrigava a reagir.

Tânia precisava levantar, caminhar e levar a pet para passear. Ela se movimentava pelo animal, lembrando sempre do ensinamento de sua mãe de que só se deve ter um bicho se for para cuidar bem dele.

"Tinha dias que eu não tinha vontade de fazer nada. Era muito sofrido o processo de sair de casa, de caminhar, de poder levar ela pra passear.", acrescentou.

A cachorrinha desenvolveu uma percepção aguçada sobre o estado de saúde da tutora.

Nos momentos mais críticos do tratamento, Amora não saía do seu lado e sabia identificar quando Tânia não estava bem.

“Então, você ter um bichinho de estimação, seja ele qual for, nesse processo, faz toda a diferença.", relatou.

Ela chegava a alertar as irmãs de Tânia, que atuavam como cuidadoras, dando sinais claros de que a tutora precisava de atenção especial naquele momento.

“Eu digo com toda certeza, se não fosse por ela eu não teria passado por esse processo da forma como eu passei. Ela me cuidava muito mais do que eu cuidava dela”, relembrou.

A experiência com Amora despertou em Tânia o desejo de compartilhar esse amor.

"Nessa caminhada toda, eu sempre queria muito que a Amora pudesse levar isso pra outros pacientes, pra outras pessoas que estavam passando por esse processo."

A oportunidade surgiu por meio do programa de Pet Terapia da Universidade de Passo Fundo, no Hospital Veterinário.

"O curso de Veterinária, veio como uma luva nesse processo de cuidado." A seleção de Amora para o programa foi um momento de grande emoção.

"Pra mim, o dia até que a professora Gisele entrou em contato e me disse que ela ia ser avaliada pelo programa de PET-terapia, me emociona."

Atualmente ver a Amora atuando no programa, levando carinho e conforto, é uma das maiores alegrias de Tânia.

"Quando eu vejo ela lá no programa, nas fotos, ou nos vídeos que a professora Gisele compartilha comigo, me deixa muito feliz de saber que ela vai muito feliz e que ela volta muito feliz."

Mesmo cansada após uma hora e meia de trabalho, Amora retorna com os olhos brilhando. A participação de Amora no programa de PET-terapia é, para Tânia, um símbolo de sua própria cura e um presente inestimável.

"O fato dela ter sido escolhida, ter sido avaliada e participar desse programa, é o maior presente que eu ganhei de cura, vamos dizer assim. Então, é muito bom."

Veja o vídeo com o emocionante depoimento de Tânia:

Sobre o programa:

O projeto existe desde 2017 e atende anualmente de 350 a 400 pacientes do Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo, localizado em Passo Fundo no Rio Grande de Sul.

Hoje o projeto conta com 9 cães pet terapeutas e de acordo com a UPF essa técnica é reconhecida cientificamente em vários países como os Estados Unidos, Canadá e França.

“A Terapia Assistida por Animais, mais conhecida como Pet Terapia, são sessões realizadas com pacientes e animais em um espaço hospitalar, promovendo um processo de humanização, conforto, relaxamento, descontração, oportunizando ao paciente um momento mais lúdico durante sua internação hospitalar”, explica a coordenadora dos Programas de Residência Multiprofissional, professora Sandra Maria Vanini.

Douglas Pegoraro, fisioterapeuta no HSVP afirma que pacientes apresentam melhoras após a interação com os pets.

“Eles ficam mais felizes, ficam menos deprimidos, se envolvem mais com a equipe, se alimentam melhor, tudo isso contribui para o tratamento do paciente”.

Nem todos os pacientes são elegíveis para o programa, eles são escolhidos pela equipe médica do hospital. Além disso, nos dias das sessões, os veterinários residentes são responsáveis pela integridade, comportamento e tutoria desses animais.

Apesar de passarem por uma avaliação eles não são treinados, e é isso que torna a sessão espontânea. Os animais escalados para as sessões, tomam banho com antibactericida e fazem limpeza bucal para não carregar microrganismos aos pacientes.

A coordenadora do projeto e médica veterinária Gisele Ritterbusch explica que os tutores que tenham interesse em inscrever seu pet, devem entrar em contato com o Hospital Veterinário da UPF.

“A gente faz as consultas e a avaliação de comportamento desse animal para ver se ele tem perfil para ser Pet Terapeuta”.

O objetivo da Pet Terapia não é promover a cura de doenças, mas proporcionar benefícios físicos e mentais aos pacientes, envolvendo desde a melhoria da capacidade motora, até o aumento da sociabilidade e da autoestima.

Beatriz é jornalista formada pela Universidade de Passo Fundo, com especialização em Escrita Criativa e Editoração pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera. Apaixonada por narrativas envolventes e pelo universo pet, ela também possui certificação em Storytelling para Marketing Digital pela Santander Open Academy, o que complementa sua habilidade de transformar histórias reais em conteúdos informativos e inspiradores. Dedica-se à produção de reportagens que valorizam a convivência ética e afetiva entre humanos e animais de estimação, promovendo empatia, informação de qualidade e o respeito aos animais.