Em ilha paradisíaca de SC, turista é cercada por animais e tenta conversar, mas eles não queriam papo
Por Beatriz Menezes em Mundo AnimalA calmaria da Ilha do Campeche, em Santa Catarina, foi interrompida para uma turista por uma abordagem inusitada. Um grupo de quatis decidiu fazer uma busca minuciosa nos pertences da banhista.
O animal é conhecido por sua curiosidade e atração por cheiros de alimentos. O episódio flagrado em vídeo pela própria vítima circulou nas redes sociais e rapidamente atingiu milhões de visualizações.
A gravação mostra a reação da mulher ao ser cercada pelos mamíferos, que pareciam determinados a encontrar algo na bolsa deixada na areia.
Os quatis chegaram em grupo e demonstraram foco imediato na bolsa da turista. Eles farejaram, fuxicaram e reviraram o objeto em busca de um lanche. A turista identificada como Carmen Fernandes repetia que não havia comida e pedia para os animais se afastarem.
Apesar dos esforços da turista, eles não deram ouvidos e ignoraram continuando a investigação em seus pertences.
A postura da turista foi destacada pelo perfil que viralizou o conteúdo. O Floripa Mil Grau ressaltou que a mulher demonstrou a conduta adequada para a situação. Ela não deixou comida à mostra para os animais nem encostou neles.
A publicação ainda reforçou uma regra fundamental de conservação. É proibido alimentar ou interagir com os quatis na ilha. Esta é uma norma estabelecida pelo IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Em caso de problemas com os quatis na Ilha do Campeche a orientação oficial é acionar um monitor.
A Ilha do Campeche é um Patrimônio Arqueológico e Paisagístico Nacional. A visitação é controlada com regras rígidas para garantir a preservação do ecossistema local. Entre as normas está a proibição de alimentar ou interagir com a vida selvagem.
O IPHAN, responsável pela gestão da ilha, monitora de perto essas interações. O contato indevido com os quatis pode trazer riscos para os turistas e para os próprios animais.
A alimentação humana desequilibra a dieta natural dos mamíferos e pode torná-los dependentes. Os quatis da Ilha do Campeche são uma subespécie do quati de cauda anelada. Eles desempenham um papel vital no ecossistema local. Como onívoros os animais ajudam a controlar populações de insetos e pequenos roedores.
Eles também são importantes dispersores de sementes contribuindo diretamente para a regeneração da flora nativa. O turismo desregulado e a alimentação inadequada criam um processo de habituação.
Os quatis perdem o medo natural das pessoas e passam a associar a presença humana à obtenção de comida fácil. Este processo leva a episódios de invasão de pertences.
A habituação é um problema sério para a conservação da fauna silvestre. Os quatis habituados a alimentos humanos podem desenvolver problemas de saúde como obesidade e diabetes. Eles se tornam mais agressivos na busca por comida.
Essa agressividade coloca os turistas e as crianças em risco de mordidas e arranhões. A solução reside na conscientização dos visitantes.
O IPHAN e os órgãos ambientais trabalham para educar o público. A mensagem principal é observar de longe e respeitar o espaço da vida selvagem.
Levar o lixo embora e guardar os pertences em locais seguros também são medidas cruciais. O post alcançou 2 milhões de visualizações e acumulou mais de 81 mil curtidas e 1554 comentários.
Muitos seguidores compartilharam histórias de encontros anteriores com os quatis em Santa Catarina
"Gente ano retrasado eu estava ai. E haviam avisado que os quatis roubavam a comida se desse bobeira. Então levamos um cooler e deixamos sanduíches dentro. Do nada veio um quati e meteu o bico dele e abriu o cooler ele ABRIU eu fiquei chocada com a inteligência desse animal. O pior de tudo é que foi uma guerra da gente tentando fechar o cooler e ele abrindo. Vencemos. Depois tivemos que ficar vigiando o cooler porque toda hora ele voltava para ver se a gente tava cuidando."
"Já esperei eles resolverem questões familiares no meio na BR116. Tinha uns dez. O barraco era forte depois de muito barulho e uns quinze minutos esperando resolveram seguir. Eu esperei os motoristas esperaram os quatis brigaram e se entenderam. Final feliz."
"Moça não tem comida. Quati Euu que vou dizer se tem ou não fica de boa aí juninho checa a bolsa."
"Daqui uns tempos não será mais possível descer na ilha os quatis vão estar cobrando a entrada."
Foram alguns dos comentários.
Confira:
“Quando você chega na ilha, os monitores informam para cuidar de seus pertences e não alimentar os animais! Esse bichanos aprenderam de maneira rápida e sorrateira a abrir suas mochilas, bolsas e até a térmica para buscar o seu alimento. Sua comida faz mal para os animais, traz um desequilíbrio na fauna local e traz problemas de comportamento e na saúde deles.”, afirmou o órgão no Instagram.
De acordo com uma notícia da NSC Total, pela falta de predadores naturais e oferta abundante de comida, o descontrole populacional da espécie é evidente.
Estima-se que a densidade da população de quatis na Ilha seja quase o dobro da população em áreas continentais, onde a espécie é nativa. Em 2012, a Ilha do Campeche (SC) foi palco de um mistério ambiental: o súbito desaparecimento de centenas de quatis durante o verão.
O evento levantou a suspeita de crime ambiental. De acordo com a GZH na época, moradores locais alegaram que os animais poderiam ter sido envenenados e degolados.
A Polícia Ambiental e a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) iniciaram vistorias para apurar a denúncia. Mais de dez anos depois, o caso permanece sem solução, mas continua a ser lembrado por quem trabalha na conservação da Ilha.
