'Uma mala lacrada, dentro dela, um cachorro': Homem encontra cão debilitado precisando de ajuda e comunidade se mobiliza
Por Larissa Soares em Proteção AnimalRamón, um filhote de cerca de 9 meses, foi encontrado dentro de uma mala lacrada com abraçadeiras plásticas, deixada ao lado de uma lixeira como se fosse lixo.
Quem descobriu a cena foi um jovem que trabalhava na rua. Ao ver a mala pesada, imaginou que tivesse roupas.
Mas, ao romper os lacres, encontrou um cachorro vivo, muito debilitado e sem qualquer chance de escapar sozinho.
Um casal que passava pelo local, Maite e Facu, viu a situação e se aproximou.
Em minutos, moradores que sequer se conheciam estavam unidos em torno do mesmo objetivo: salvar Ramón.
Um ofereceu o carro, outro se prontificou a levá-lo ao veterinário, outro ajudou com despesas emergenciais.
“Graças a eles, Ramón está vivo”, escreveu a ONG Casa do Amigo, da Argentina, que assumiu o caso. “Graças a eles, ele não só está vivo, como também tem a chance de viver com dignidade.”
No veterinário, porém, veio o diagnóstico difícil. Ramón tinha cinomose, além de sarna severa e um quadro de desnutrição. A combinação exigiria paciência, recursos e uma boa dose de esperança.
A montanha-russa da recuperação
A equipe do abrigo explicou que a melhora de Ramón nunca foi linear.
Houve dias muito positivos, com ele fazendo as primeiras travessuras no lar temporário, roubando travesseiros, tentando se levantar para comer e explorando o ambiente.
Mas também houve recaídas.
Como a cinomose pode causar sequelas neurológicas, Ramón passou a apresentar episódios de instabilidade, tremores e dificuldades motoras.

Para piorar, a sarna avançada provoca coceira intensa, o que deixava o cão completamente nervoso e desencadeava novas crises.
E aí surgia o grande dilema: os tratamentos mais eficientes contra sarna são contraindicados em cães com problemas neurológicos.
Por isso, ele precisou ser hospitalizado, para que a equipe avaliasse com cautela cada passo do tratamento.
“Apesar de desejarem que ele morresse, hoje ele continua lutando pela vida”, escreveu o abrigo em uma atualização. “Sua recuperação tem sido uma montanha-russa.”
Hoje, Ramón segue internado, recebendo cuidados intensivos para a cinomose e para a sarna, com a equipe veterinária ajustando o tratamento dia após dia.
Ele ainda enfrenta desafios neurológicos, mas, como lembram os cuidadores, continua respirando, lutando e encontrando maneiras de demonstrar vontade de viver.
Por que a cinomose é tão perigosa?
Segundo o American Kennel Club (AKC), a cinomose é uma das doenças mais graves e contagiosas que um cão pode contrair. E, ironicamente, também uma das mais preveníveis.
Causada por um paramixovírus, parente dos vírus do sarampo e da peste bovina, ela atinge diversos sistemas do organismo, incluindo o respiratório, gastrointestinal e neurológico.
A contaminação acontece principalmente pelo ar, quando um animal infectado tosse, late ou espirra e libera gotículas que podem atingir outros cães ou superfícies.
O vírus não sobrevive muito tempo no ambiente, mas cães contaminados podem transmiti-lo por meses.
Os primeiros sinais costumam incluir secreção ocular ou nasal, febre, tosse, letargia, vômitos e diarreia. Em alguns casos, ocorre a chamada “doença das almofadas duras”, quando as patinhas ficam espessas e endurecidas.
Nos estágios mais avançados, a doença pode atingir o sistema nervoso, causando convulsões, desorientação, paralisia parcial ou total e movimentos involuntários.
Não existe cura. O tratamento é apenas de suporte, com hidratação, controle de sintomas, prevenção de infecções secundárias e, quando possível, medicação para conforto.
A evolução depende da cepa do vírus e da força do sistema imunológico do cão. Muitos ficam com sequelas permanentes.
Por isso, a prevenção é essencial. A vacina contra cinomose é considerada obrigatória pelos veterinários e deve ser reforçada ao longo de toda a vida do animal.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.











