Conheça Pulga: cãozinho que sobreviveu a um tornado com ventos de 300 km no Paraná
Por Beatriz Menezes em Proteção AnimalA força da natureza que devastou partes do oeste paranaense no dia 7 de novembro deixou marcas profundas na paisagem e na memória dos moradores de Rio Bonito do Iguaçu.
Entre telhados arrancados e árvores caídas, uma história de sobrevivência se destaca e ilustra o vínculo inquebrável entre humanos e animais.
Pulga, um cão sem raça definida com menos de um ano de idade, sobreviveu após ser literalmente arremessado pelos ventos de um tornado que atingiu a região.
O animal estava no quintal da residência de Eliane Vieira quando o fenômeno climático tocou o solo. Sem muros ou proteção externa robusta, o cão acabou exposto à fúria do vento.
Eliane presenciou o momento exato em que a corrente de ar envolveu o animal. Segundo o relato da tutora, a força foi tamanha que o corpo do cachorro girou no ar como um pião antes de ser atirado violentamente contra o solo.
A cena descrita por Eliane revela o terror vivido por muitas famílias e seus animais durante a passagem do tornado. O impacto deixou o cão imóvel e causou desespero imediato na família.
“Você não têm noção daquela dor, doía na gente. Aí eu corri, peguei ele e coloquei ele na área. Só que ele não andava mais. Aí meus filhos choravam, porque ele ia morrer.”, contou a tutora ao Amo Meu Pet.
A casa da família sofreu danos significativos e perdeu a cobertura, o que deixou todos expostos.
Mesmo diante da destruição do próprio lar e da necessidade de buscar abrigo seguro para os filhos, a prioridade de Eliane nas primeiras horas após o desastre foi garantir a sobrevivência de Pulga.
“Eu fui atrás de ajuda para ele, na verdade, eu nem fui atrás das coisas para mim. Eu fui atrás de ajuda para ele. Daí encontrei a Alana e falei com eles. Aí eles me trouxeram.Vieram aqui, pegaram e levaram ele. Mas graças a Deus ele está aqui”, acrescentou.
A moradora encontrou apoio na equipe da ONG Bicho Vivo, que atua na região. A presidente da ONG Alana Brito e sua equipe foram acionadas, foram até o local, resgataram Pulga e providenciaram os cuidados veterinários necessários para sua recuperação.
Um histórico de resiliência
O cão chegou à vida de Eliane cerca de nove meses antes do desastre, ainda filhote, com aproximadamente dois ou três meses de vida.
Ele apareceu na varanda da casa durante a noite e dormiu ali, buscando refúgio. Na manhã seguinte, a filha de Eliane encontrou o pequeno animal.
A decisão inicial foi deixá-lo no local, na esperança de que o dono aparecesse ou que ele seguisse seu caminho, já que a família precisava sair para trabalhar.
O animal tremia de fome e estava coberto por parasitas, condição que lhe renderia o nome de Pulga.
A situação do animal comoveu também colegas de trabalho de Eliane. Berenice, encarregada na fábrica onde a tutora trabalha, soube da história e auxiliou na compra de ração, vermífugos e remédios para combater a infestação de pulgas.
Recuperação e a nova companhia
Após o resgate realizado pelos voluntários após a tempestade, o cão passou por cirurgia, tratamento e voltou para casa. Hoje, ele não apenas está recuperado fisicamente, como também ganhou um companheiro.
A família adotou outro cão, batizado de Caramelo, que foi resgatado no tornado, enquanto se recuperava da amputação eles se tornaram grandes amigos.
A presidente da ONG sugeriu que a tutora adotasse o pet devido ao surgimento dessa amizade e assim foi feito. Segundo Eliane, a dupla é responsável por grandes bagunças no quintal, sinal de que a vitalidade de Pulga foi plenamente restaurada.
O cenário em Rio Bonito do Iguaçu
Organizações e entidades sem fins lucrativos mobilizaram dezenas de voluntários para resgatar animais feridos, perdidos ou desabrigados após a passagem do tornado na região Centro-Oeste do Paraná.
A voluntária Cris Britto, ligada à proteção animal local, relatou nas redes sociais a dificuldade em mensurar o número exato de animais vitimados pelo fenômeno.
A presidente da ONG Bicho Vivo, psicóloga Alana Brito, conta que o trabalho de resgate continua intenso semanas após o ocorrido.
“Após o tornado, nós fizemos em torno de 300 atendimentos no local em que nós estamos, 300 atendimentos de primeiros socorros, né? Desses 300 animais que passaram, 50 e poucos animais foram para as clínicas para fora, para fazer outros procedimentos, entre 50 e 60 animais, que foram para cirurgia de amputação. Teve bastante casos, que foram para cirurgia ortopédica, especialidade, que foram para castração, animais que precisaram, então, desses procedimentos um pouco mais invasivos. Então, em torno de 60 animais foram para as clínicas e continuam chegando. Todos os dias chegam animais precisando de suporte, precisando desses encaminhamentos para a clínica, precisando de procedimentos um pouco mais invasivos, cirurgias e tudo mais. Inclusive, hoje, a gente caminhou um cachorrinho para Guarapuava, para a clínica de lá, para fazer uma cirurgia ortopédica, porque ele foi atropelado na data de ontem, o condutor não prestou socorro, ele fugiu e o animalzinho ficou com uma lesão bem séria na pelve e com fratura”, esclareceu ao Amo Meu Pet.
A infraestrutura da cidade foi abalada, o que gerou desabastecimento em mercados locais e dificultou o acesso a itens básicos.
As equipes de voluntários distribuem ração para as famílias que perderam seu poder de compra ou suas casas. A cidade segue em reconstrução, ajude a ONG Bicho Vivo pelo pix: doe@ongbichovivo.com.br
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