Padre diz “Senhor, concedei a graça de sempre nos alegrar”, cão acha que é com ele e rouba a cena em celebração

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Imagine que você está sentado em um banco dentro de uma igreja silenciosa. O ambiente pede recolhimento e seus olhos estão fixos no altar onde o sacerdote se prepara para uma leitura solene.

De repente a concentração se quebra não por um telefone tocando ou uma criança chorando mas por algo muito mais inusitado. O que você faria se visse um cachorro preto invadir o presbitério e começar a brincar de cabo de guerra com a roupa do padre.

Foi exatamente essa a cena que os fiéis da Paróquia São João Batista presenciaram em Conselheiro Lafaiete e a reação geral foi a única possível diante de tamanha espontaneidade.

O episódio ocorreu no interior de Minas Gerais e rapidamente se tornou viral. Um padre estava no ambão tentando ler as intenções de oração e avisos paroquiais quando foi surpreendido por um visitante de quatro patas.

O animal não apenas entrou no espaço sagrado como decidiu que a casula verde do celebrante era o brinquedo ideal para aquela tarde.

O cachorro aparece por baixo da estrutura de madeira do púlpito e além de estar brincando com um pedaço de pano também abocanha a ponta da veste litúrgica.

O sacerdote percebeu a movimentação do cão bem como de coroinhas que tentam manter a postura e despistar o pet. É uma luta perdida contra a fofura do momento.

O ponto alto do registro acontece quando o padre tenta retomar a oração. Ele ergue as mãos e profere as palavras iniciais pedindo a Deus a graça de sempre se alegrar.

O cachorro parece entender o pedido como um sinal verde, ele intensifica a brincadeira tirando a concentração de todos os presentes.

A coincidência entre o texto lido e a ação do animal é perfeita. O padre não consegue mais segurar o riso e se entrega ao momento cômico afirmando que o cachorro está feliz e animado.

A tentativa de um coroinha da igreja de afastar o animal surte pouco efeito imediato pois o cão sai correndo apenas para voltar logo em seguida.

A persistência do bichinho obriga o padre a reiniciar a oração e dessa vez ele consegue concluir o rito embora o visitante ainda rondasse seus pés.

O vídeo termina com o cão correndo alegremente pelo corredor central da paróquia carregando um pano na boca como um troféu de sua aventura litúrgica.

O vídeo publicado em 17 de novembro no Instagram da Paróquia São João Batista Lafaiete tem 833 mil visualizações, 96 mil curtidas e 3.664 comentários.

“O Padre: "Senhor, concedei a graça de sempre nos alegrar." -O cachorro: deixa comigo kkkk. Achou que era com ele e alegrou todo mundo”.
“Foi desse jeito kkkkkk cãotólico kkkkkkkk”.
“São Francisco de Assis deve ficar tão feliz! Mas, também deve falar: Rapaz, não é hora pra brincar e passar pano”.

Comentaram os internautas

Curiosidade: a relação histórica e atual entre animais e a Igreja

De acordo com um artigo publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos, a presença de animais em templos religiosos levanta debates interessantes sobre acolhimento e normas de conduta.

Uma reportagem assinada por Claudia Voltattorni e publicada no jornal italiano Corriere della Sera em fevereiro de 2017 traz luz a esse tema sob uma perspectiva histórica e teológica.

A tradução de Moisés Sbardelotto ajuda a compreender como essa relação evoluiu ao longo dos séculos.

O texto recorda que o Catecismo da Igreja Católica define os animais como criaturas de Deus e instrui que os homens devem estimá-los.

A publicação cita a delicadeza com que santos como São Francisco de Assis e São Filipe Néri tratavam os bichos como exemplo a ser seguido.

Isso explica por que não deveria ser motivo de espanto ver cães e gatos entrarem em igrejas na Itália para assistir à missa com seus donos ou até receberem bênçãos.

Existe inclusive uma bênção específica prevista para eles no livro de ritos. O texto litúrgico reconhece que esses animais participam da vida dos homens seja pelo auxílio no trabalho ou pelo alívio que proporcionam como companhia.

Essa tradição ganha força anualmente no dia 17 de janeiro durante a festa de Santo Antônio Abade. Muitas paróquias italianas celebram a data com procissões repletas de animais domésticos nas cidades e de gado na zona rural. É um dia em que quase tudo é permitido dentro ou na frente das igrejas.

No entanto, a rotina semanal apresenta desafios diferentes das festividades anuais. O texto aponta que os problemas surgem quando fiéis desejam levar seus companheiros de quatro patas para a missa de todos os domingos.

Nesse ponto a tolerância e o bom senso tornam-se as regras principais tanto para os párocos quanto para os donos dos animais.

Casos de conflito já ocorreram como em Genzano perto de Roma. Um pároco denunciou um grupo de ativistas que protestou dentro da igreja após uma senhora ser impedida de entrar com seus cães.

O padre alegou que a mulher levava os animais para perto do altar durante a celebração, o que gerava distrações. Em Nápoles, um padre negou o pedido de uma noiva para entrar com seu cachorro no casamento argumentando que tal excentricidade refletia um desapego humano preocupante.

Por outro lado, existem exemplos de convivência harmoniosa. O padre Luigi Veturi de uma paróquia no coração de Roma relatou que recebe cerca de vinte paroquianos com seus cães todos os domingos sem grandes problemas.

Ele defende que não há uma regra escrita e que cada pároco tem autonomia para decidir, mas ressalta a necessidade de respeito pelo lugar sagrado.

A igreja dele tem um histórico de acolhimento iniciado por seu antecessor conhecido como padre animalista nos anos oitenta.

A reportagem encerra com uma reflexão consoladora atribuída ao Papa Paulo VI. Conta-se que ao ver uma criança chorando pela morte de seu cãozinho o pontífice teria dito que um dia reveremos nossos animais na eternidade de Cristo.

Essa perspectiva reforça a conexão espiritual que muitos sentem com seus animais e explica por que cenas como a do cachorro mineiro brincando com a veste do padre tocam tão profundamente o coração das pessoas.

Beatriz é jornalista formada pela Universidade de Passo Fundo, com especialização em Escrita Criativa e Editoração pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera. Apaixonada por narrativas envolventes e pelo universo pet, ela também possui certificação em Storytelling para Marketing Digital pela Santander Open Academy, o que complementa sua habilidade de transformar histórias reais em conteúdos informativos e inspiradores. Dedica-se à produção de reportagens que valorizam a convivência ética e afetiva entre humanos e animais de estimação, promovendo empatia, informação de qualidade e o respeito aos animais.