'Ele ama as crianças': Alunos comemoram após cachorrinho que pediu ajuda no colégio ser anunciado como mascote oficial
Por Beatriz Menezes em Aqueça o coração
A rotina dos estudantes e funcionários do Colégio Lyon Campinas e da Escola Brasinha, ganhou um novo integrante que chegou sem matrícula e sem aviso prévio.
Um cachorro vira-lata de pelagem caramelo decidiu que aquele endereço seria sua nova casa e a insistência silenciosa do animal transformou a vida da comunidade escolar.
O caso ganhou repercussão nacional após um vídeo publicado nas redes sociais da instituição no dia 6 de dezembro narrar a trajetória do animal que buscou ajuda no lugar certo e acabou escolhido de volta por quem ele elegeu como família.
A história começou de forma discreta em uma manhã comum de atividades letivas. O cão apareceu na calçada da instituição e se deitou próximo ao portão de entrada.
Diferente de outros animais que circulam pelas ruas e seguem seu caminho em busca de alimento ou abrigo temporário, este visitante permaneceu estático. Ele chegou quieto e ali ficou.
A cena se repetiu no dia seguinte e no próximo e perdurou por uma semana inteira. O animal montou guarda na porta da escola como se aguardasse a hora da entrada ou a saída de alguém que nunca chegava.
A presença constante do animal despertou a atenção de quem passava diariamente pela portaria. Funcionários e alunos começaram a notar que não se tratava de um animal agressivo ou arisco.
Pelo contrário, o cão demonstrava uma docilidade que contrastava com a dureza da vida nas ruas.
A comunidade escolar iniciou então os primeiros cuidados paliativos ali mesmo na calçada e passou a oferecer água e comida para garantir a sobrevivência do visitante inesperado enquanto decidiam o que fazer.
A mobilização cresceu e exigiu atitudes práticas para garantir a saúde do animal e a segurança das crianças. Um rapaz identificado como Henrique tomou a iniciativa de pegar o cachorro no colo e levá-lo para uma consulta veterinária completa.
A bateria de exames era necessária para verificar se o animal portava alguma doença contagiosa ou se precisava de tratamentos urgentes. O diagnóstico revelou um cão saudável e os exames de sangue não apontaram enfermidades graves.
O protocolo seguiu com a administração dos remédios necessários e a preparação para a castração. Mesmo com todo o cuidado oferecido, a direção da escola tentou inicialmente seguir o protocolo padrão para animais encontrados em via pública.
A prioridade era encontrar o tutor original que poderia estar à procura do animal ou buscar um novo adotante responsável. Uma plaquinha com os dizeres "ME ADOTE" foi fixada no portão da escola.
O cão permanecia ali, agora sob tutela da instituição, aguardando que alguém parasse o carro ou passasse a pé com a intenção de levá-lo para casa.
No entanto, ninguém apareceu para reclamar a guarda do animal ou para adotá-lo. O silêncio dos possíveis interessados foi interpretado pela comunidade escolar como um sinal definitivo.
O animal já havia feito a sua escolha dias antes ao deitar naquela calçada específica e recusar-se a sair. Faltava apenas a escola formalizar o que o cão já sabia. O Colégio Lyon era o seu lar.
A decisão foi tomada e executada com direito a cerimonial. O cachorro não apenas ganhou um teto, mas foi integrado à identidade visual da instituição.
Ele recebeu um lenço azul no formato de bandana com o logotipo da escola estampado e assim ficou devidamente uniformizado como qualquer outro aluno matriculado.
A adoção deixou de ser um ato administrativo e se tornou um evento pedagógico e social dentro do pátio.
O anúncio oficial ocorreu em um momento de reunião dos alunos. Com o microfone em mãos, uma educadora comunicou a novidade para a multidão de crianças e adolescentes reunida no pátio.
A notícia de que o Caramelo era oficialmente o mascote da escola foi recebida com uma reação calorosa.
A vida do Caramelo mudou radicalmente desde a sua semana de vigília solitária no portão. O animal que antes dormia no concreto agora vive cercado por uma agitação feliz e constante.
A rotina do mascote inclui receber abraços de crianças da educação infantil e festas feitas pelos adolescentes. Os alunos brincam com ele no chão durante os intervalos e alguns chegam a trazer pedacinhos de pão para agradar o novo amigo.

O ambiente escolar que costuma ser rígido em regras se flexibilizou para acolher a espontaneidade que só um animal de estimação pode oferecer.
Uma das cuidadoras revelou um detalhe importante sobre o perfil do novo morador. Apesar do porte, o Caramelo tem apenas um ano de idade. Ele ainda é um bebê em fase de crescimento e mantém comportamentos típicos de filhote, como a necessidade de contato físico constante e o gosto por ficar no colo das pessoas.
Ao acolher o cão, a escola transformou um problema urbano de abandono em uma solução educacional prática. Os alunos aprendem diariamente sobre cuidado, respeito e a importância de não ignorar quem precisa de ajuda, lições que não estão escritas em apostilas mas são vivenciadas no pátio.
Assista o vídeo:
O vídeo publicado dia 6 de dezembro no Instagram do Colégio Lyon tem 242 mil visualizações, 35 mil curtidas e 3442 comentários.
“Linda atitude parabéns. Como ele vai ficar nas férias, alguém irá cuidar dele?”, questionou uma internauta.
“Montamos um revezamento e duas vezes por dia um de nós irá cuidar e levar ele passear.”, esclareceu
“Que máximo!!! Todos ganham, TODOS!! Isso deveria ser o comum e não nos acostumarmos com esses seres especiais vagando pelas ruas a procura de comida, doentes, tristes…Parabéns! Vocês estão ensinando lições de vida e sendo exemplo pra todos esses alunos e funcionários que passam por ai. Vida longa a vocês junto com o Caramelo”, comentou uma segunda internauta.
“Todo colégio deveria ter um mascote... Parabéns”, disse uma terceira.
O Caramelo provou que a lealdade canina pode, sim, encontrar as portas abertas na educação.










