Como último pedido de socorro, mamãe vira-lata chega com filhote na boca e busca ajuda de moça que lhe deu abrigo
Por Beatriz Menezes em Aqueça o coraçãoA mobilização para salvar uma cadela abandonada e seus filhotes começou no pátio de uma escola rural e se transformou em uma história de confiança que comoveu a comunidade local.
A funcionária e defensora da causa animal Cristianne Raquel Ferreira relatou que a cadela, mais tarde chamada de Pitiquinha, apareceu no local assustada, machucada e prestes a dar à luz.
A partir desse encontro, nasceu uma jornada marcada pelo instinto materno da cadela e pelo vínculo criado entre ela e a mulher que se tornaria sua cuidadora definitiva.
Cristianne compartilhou que cuidava da cachorra havia alguns dias enquanto ela buscava abrigo no ambiente da escola. Segundo ela, a cadela optou por fazer o parto escondida no mato.
Dias depois, retornou carregando um dos bebês na boca e surpreendeu a funcionária. A educadora descreveu o momento como um gesto de entrega que nunca esqueceria.
Em seu relato, publicou que “hoje vivi um daqueles momentos que tocam a alma” e completou que a cadela havia se aproximado com um pedido silencioso de ajuda.
Assista o vídeo abaixo:
Ela disse também que “com uma confiança que me emocionou profundamente, ela colocou o primeiro filhote em minhas mãos” e que a cena representou a certeza de que precisava intervir.
O vínculo estabelecido não foi suficiente para conter o comportamento instintivo da cadela, que ainda reagia ao barulho e ao movimento da escola. Por isso, passou a trocar os filhotes de lugar e criar esconderijos improvisados.
A cuidadora relata que fazia buscas diárias e temia que a família fosse levada para longe. A angústia aumentou após um período de chuva forte, quando a cadela apareceu novamente com os bebês e desapareceu pouco depois. O medo de que os filhotes estivessem expostos a riscos cresceu.
A situação foi esclarecida no dia 29 de abril, quando Cristianne descobriu que os filhotes estavam escondidos debaixo de um contêiner.
A mãe havia cavado um buraco para proteger os pequenos, a educadora descreveu alívio ao encontrar o local onde eles permaneciam. Em um vídeo de atualização disse que “ela os abrigou debaixo de um contêiner, num lugar seguro, longe do barulho e da movimentação”.
Com o passar dos dias, a cadela começou a circular com mais tranquilidade entre funcionários e alunos. A confiança cresceu e Pitiquinha passou a se tornar parte da rotina da escola.
Mesmo assim, os filhotes continuavam inacessíveis sob o contêiner, o que mantinha a equipe em alerta. O resgate completo só ocorreu quando os quatro filhotes saíram sozinhos do buraco.
A mudança permitiu que Cris recolhesse todos e os levasse para sua casa com segurança. Ela detalhou que havia risco no local devido a animais peçonhentos, chuva acumulada e fragilidade dos bebês.
Entre os quatro filhotes, um chamou mais atenção pelo estado crítico. Era o Caramelo, que mais tarde ganharia o nome de Pinguinho. Cris descreveu que ele estava quase sem vida quando chegou às suas mãos.
Segundo ela, a mãe o trouxe como último pedido de socorro. Cristianne relatou ter feito massagem, além de rezar e pedir ‘com toda a minha alma’, foi então que o filhotinho voltou a respirar.
A conexão entre as duas se fortaleceu a partir desse momento, quando o instinto da cadela indicou que aquela seria a pessoa capaz de salvar o filhote.
A partir do resgate, os cuidados se intensificaram, a cadela e os filhotes receberam alimentação adequada, abrigo e acompanhamento. Três dos quatro filhotes foram adotados por famílias que ofereceram ambiente seguro e afetuoso.
A mãe e o filhote mais frágil permaneceram com Cristianne. O Caramelo passou a ser chamado de Pinguinho e ganhou atenção especial durante a recuperação. A mulher afirma que a presença dele e da mãe transformou sua casa e sua rotina.
Em atualização feita em 14 de maio, ela descreveu o impacto desse vínculo.
Declarou que “a Pitiquinha me escolheu. E eu aceitei esse presente com todo amor do mundo” e relatou que o gesto da cadela, ao colocar o filhote quase sem vida diante dela, mudou sua forma de enxergar a relação entre humanos e animais em situação de vulnerabilidade.
Então no dia 02 de agosto a história ganhou novo capítulo quando Pitiquinha foi castrada. A tutora compartilhou que a recuperação ocorreu de forma tranquila e que a medida encerrava um ciclo marcado pela dor do abandono e pelo risco de novos partos nas ruas.
Em registro publicado, agradeceu o apoio recebido e afirmou que “a Pitiquinha é mais do que uma cachorrinha resgatada. Ela é símbolo de força, de amor incondicional e de esperança”.
Hoje, a cadela vive de forma protegida e acompanhada de perto e se adaptou ao novo lar mantendo um comportamento amoroso. O filhote Pinguinho também segue em segurança, mostrando bom desenvolvimento após o episódio que quase tirou sua vida.
Dicas para ajudar um cão com medo de acordo com a optimumpet
1. Crie um “espaço seguro”
Ambientes silenciosos com luz baixa, cama e brinquedos ajudam o cão a se regular. Esse refúgio reduz estímulos e evita que o medo evolua para pânico.
2. Use dessensibilização gradual
Exponha o cão, aos poucos, ao estímulo que o assusta — seja o barulho, o objeto ou a situação — sempre em intensidade baixa. Se ele demonstra conforto, aumente gradativamente. Isso forma novas associações positivas.
3. Reforce comportamentos calmos
Quando o cão se mantém tranquilo diante de algo que antes causava medo, recompense imediatamente com petiscos ou carinho. Esse reforço positivo acelera o processo de confiança.
4. Evite forçar aproximações
Nada de obrigar o cão a “enfrentar o medo”. Pressão só piora o estresse e pode gerar reatividade. Afaste o estímulo e respeite o tempo do animal.
5. Mantenha uma rotina estável
Horários previsíveis de alimentação, passeios e brincadeiras ajudam o animal a se sentir no controle do ambiente — algo essencial para cães ansiosos ou medrosos.
6. Ofereça estímulos corretos
Brinquedos interativos, farejamento e enriquecimento ambiental reduzem tensão acumulada e aumentam a confiança do animal no dia a dia.
7. Em sons altos, abafe o ambiente
Durante fogos, tempestades ou obras, feche janelas, use ruído branco, coloque música suave e deixe o cão próximo ao tutor. Essa combinação reduz a intensidade do estímulo.
8. Evite broncas
Repreender um cão com medo agrava a sensação de insegurança e mina o vínculo com o tutor. O objetivo sempre é acolher, não punir.
9. Socialização controlada
Para cães que têm medo de pessoas ou outros animais, apresentações devem ser feitas devagar, com distância segura e sempre associadas a recompensas.
10. Avaliação profissional
Caso o medo seja intenso, persistente ou acompanhado de reatividade, o tutor deve buscar um adestrador positivo ou médico-veterinário comportamental. Em alguns casos, o tratamento inclui acompanhamento clínico.
Você pode continuar acompanhando atualizações sobre essa família canina no Instagram @cris_do_sol.
