"Ela carregava uma tristeza que não cabia naquele corpinho frágil": Protetora se comove ao salvar filhote de olhos claros
Por Larissa Soares em Proteção AnimalHá algum tempo, Alessandra Bellucci, protetora de animais há 35 anos em Piracicaba, interior de São Paulo, recebeu a informação de que uma filhotinha vivia em situação crítica, no fundo de um quintal.
Sozinha, sem cuidados básicos e completamente negligenciada, a cachorrinha tentava sobreviver à fome, à solidão e ao abandono.
“Uma denúncia nos levou até ela. Estivemos no local e não conseguimos localizar o tutor. Magrinha, triste, sozinha. Uma filhote tentando sobreviver à fome, à solidão, ao desprezo”, relatou Alessandra nas redes sociais. “Mas desistir não está nos nossos planos. Voltamos para salvá-la.”
O cenário encontrado era de partir o coração. A cachorrinha estava pele e osso, infestada de carrapatos e sem qualquer tipo de proteção. Ainda assim, o resgate não foi simples.
Segundo a protetora, além da dificuldade para localizar o tutor, houve ameaças. O homem afirmou que, caso levassem a filhote, pegaria outro cachorro depois.
Em 14 de novembro, Alessandra publicou o vídeo do resgate no Instagram, acompanhado de um texto forte:
“Era só uma filhotinha de olhos claros… linda, doce, e carregando uma tristeza que não cabia naquele corpinho frágil. Vivendo sem proteção. Sem afeto. Sem alimento”, escreveu.
“Realmente, há pessoas que parecem gostar de ver os animais sofrerem. A frieza dói — mas não venceu. Ela está salva.”
A filhotinha foi imediatamente encaminhada ao veterinário. Medicada, amparada e, pela primeira vez, cuidada de verdade, começou lentamente a se recuperar.
Cada refeição, cada banho, cada carinho ajudava a apagar, aos poucos, as marcas do abandono.
O tempo passou, e com ele veio algo que muitos animais resgatados esperam por meses e, às vezes, anos.
Em 9 de dezembro, Alessandra voltou às redes para anunciar a notícia que emocionou milhares de pessoas: a cachorrinha havia sido adotada.
“Para aquele que a deixou no fundo do quintal, silenciosa, magra, apagada… Àquele que passou por ela todos os dias sem enxergar sua dor, sem notar sua fome, sem ouvir o grito mudo de um coração que só queria existir… E que, no dia do resgate, disse apenas: ‘pode levar’. Nós levamos.”
A protetora descreveu o momento como uma travessia. A cachorrinha cruzou a fronteira entre o abandono e a chance. Agora, ela não estava mais sozinha.
A filhote ganhou um lar, duas irmãs caninas que a receberam com carinho, e uma tutora que a olha “como quem encontra um tesouro perdido”.
Kiara, como foi chamada, ganhou cama, comida, rotina, brincadeiras e uma família.
“E agora, nos braços de quem a ama de verdade, ela se entrega ao colo que nunca teve.”
Nos comentários, os seguidores não esconderam a emoção.
“Senti aqui o amor nesse abraço. Que todos os animais pudessem ter esse cuidado”, escreveu uma pessoa.
“Emocionante! É maravilhoso ver que ela foi recebida com tanto amor”, disse outra.
“Que belezinha! Aqueceu meu coração”, resumiu mais um comentário.
Maus-tratos: como denunciar
No Brasil, casos de abuso, abandono, privação de alimento, manutenção em local insalubre, agressões físicas e negligência são enquadrados no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9.605/1998).
A pena prevista é de detenção de três meses a um ano, além de multa, podendo ser aumentada se o animal morrer.
Quem presencia uma situação de maus-tratos pode e deve denunciar.
O caminho mais direto é procurar a delegacia de polícia mais próxima para registrar um Boletim de Ocorrência.
Também é possível acionar a Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, órgãos municipais ligados à vigilância sanitária, zoonoses ou meio ambiente, além de delegacias especializadas.
Outra opção é denunciar diretamente ao Ministério Público, que tem autoridade para propor ação contra quem desrespeita a legislação ambiental.
O IBAMA também recebe denúncias pelo telefone 0800 61 8080 ou pelo e-mail linhaverde.sede@ibama.gov.br, encaminhando o caso às autoridades locais.
Sempre que possível, é importante reunir provas: fotos, vídeos, endereço do local, nomes de responsáveis e testemunhas. Quanto mais detalhada a denúncia, maiores as chances de uma ação eficaz.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.
