“Nada é por acaso”: Durante viagem, protetor vai checar a água do carro e se depara com família escondida dentro do capô

Marcelo da Silva Vieira é protetor da causa animal e carrega essa missão desde muito cedo.

Aos nove anos de idade, já demonstrava uma sensibilidade rara diante do sofrimento dos animais, algo que não apenas moldou sua infância, mas também definiu o propósito que seguiria por toda a vida.

Foi justamente essa dedicação ainda na infância que o levou a ser reconhecido como o protetor mais jovem da América Latina, um título que representa não vaidade, mas compromisso diário com vidas que muitos insistem em não enxergar.

Sempre atento ao que acontece ao seu redor, Marcelo afirma que ajudar animais em situação de risco deixou de ser uma escolha pontual e passou a fazer parte da sua forma de viver.

Para ele, não existe desligar esse olhar. Segundo suas próprias palavras, “mais um dia comum na vida de um protetor” quase nunca é realmente comum.

Atividades simples, como ir à padaria, à farmácia ou ao mercado, frequentemente se transformam em chamados inesperados por socorro, exigindo decisões rápidas, sangue frio e, acima de tudo, coração aberto.

Marcelo costuma refletir sobre como essas situações parecem encontrá-lo com frequência. Ele acredita que isso acontece porque quem escolhe proteger animais passa a enxergar o mundo com mais consciência, empatia e responsabilidade.

É como se o sofrimento deixasse de ser invisível. Esse sentimento, segundo ele, não é exclusivo: é compartilhado por tantos outros protetores que carregam a mesma inquietação no peito e a mesma urgência em agir.

E foi exatamente assim que, no dia 27 de setembro, mais uma vez o chamado o encontrou. Desta vez, não durante uma tarefa corriqueira do cotidiano, mas na estrada, enquanto retornava do Rio de Janeiro para São Paulo.

Uma viagem comum, que prometia ser apenas mais algumas horas ao volante, acabou se transformando em mais um capítulo marcante da sua história como protetor.

Marcelo — carinhosamente chamado de Marcelinho — conta que, ao parar para abastecer o carro, pediu ao frentista que verificasse se estava tudo certo com a água do veículo.

Foi nesse instante, durante o que parecia ser apenas uma parada rotineira, que algo completamente inesperado chamou sua atenção. Dentro do capô do carro, uma ninhada de saruês havia feito daquele espaço improvável o seu ninho.

Os filhotes estavam sem a mãe, o que causou espanto imediato. Segundo Marcelinho, foi impossível não se perguntar como aqueles pequenos animais haviam ido parar ali.

“Me espantou na hora, porque não dava para entender como eles tinham parado naquele lugar”, contou.

Em tom de brincadeira, mas carregado de verdade, ele completou: “Cara, logo no meu carro. Eu falo que isso me persegue e ninguém acredita. É espiritual, não é possível.”

Com todo o cuidado necessário, Marcelinho removeu os nove filhotes, um a um, garantindo que nenhum se machucasse. Em seguida, acomodou-os com segurança dentro de uma caixa.

O alívio veio ao saber que existiam pessoas, como ele mesmo diz, “doidas como eu”, dispostas a ajudar sem pensar duas vezes. Assim, pôde entregá-los a Eduardo, que vive no Rio de Janeiro e assumiu a responsabilidade de oferecer os cuidados adequados à ninhada.

O protetor aproveitou o episódio para fazer um alerta. Segundo ele, especialmente nesta época do ano, durante a primavera, é fundamental redobrar a atenção — principalmente para quem vive em regiões de serra ou mata. São áreas onde situações como essa acontecem com mais frequência, e a atenção pode ser decisiva para salvar vidas.

Marcelo também fez questão de explicar que verificou cuidadosamente o local antes de remover os filhotes. Conferiu embaixo do carro, ao redor do veículo e em cada espaço possível para garantir que a mãezinha não estivesse ali naquele momento. A preocupação em não cometer erros faz parte da responsabilidade que ele carrega em cada resgate.

Por fim, com bom humor, ele comentou: “Ainda bem que eu filmo essas situações, porque se eu apenas contasse, muitas vezes eu teria a sensação de que poderiam não acreditar.”

A frase, acompanhada de risadas, revela uma verdade: a realidade vivida por protetores muitas vezes parece inacreditável para quem observa de fora. Mas para Marcelo, ela é apenas mais um dia — nunca comum — de uma vida dedicada a proteger, cuidar e salvar.

Repercutiu

Marcelo registrou em vídeo todo o resgate dos filhotes e decidiu compartilhar o momento em seu perfil do Instagram, @marcelinhoprotetoroficia, que reúne mais de 191 mil seguidores. A publicação foi ao ar no dia 27 de novembro e rapidamente chamou a atenção de quem acompanha sua rotina dedicada à causa animal.

O vídeo ultrapassou 181 mil visualizações e recebeu milhares de comentários, muitos deles carregados de emoção, fé e admiração. Para os internautas, o episódio reforçou a sensação de que nada acontece por acaso.

“Meu Deussssss. Por isso digo: NADA É POR ACASO. Deus te fez parar para ver a água do carro, para salvar esses bebês”, escreveu uma seguidora.

Outros comentários exaltaram o caráter e a sensibilidade do protetor: “Marcelo, você é um ser único!”

Já outra pessoa destacou a importância de atitudes como a dele em um mundo tão carente de empatia:

“Emocionante. Muito bonito ver pessoas humanas de verdade. Meus sinceros parabéns.”

Assista:

A repercussão mostrou que, além de salvar vidas, Marcelo também inspira. Suas ações não apenas resgatam animais em perigo, mas despertam consciência, empatia e esperança em milhares de pessoas que acompanham e se emocionam com cada história compartilhada.

Siga Marcelo no Instagram @marcelinhoprotetoroficial.

Curiosidades sobre os saruês

Os saruês, também conhecidos como gambás, são animais cheios de curiosidades e características únicas. Eles são marsupiais, ou seja, as fêmeas carregam os filhotes em uma bolsa abdominal logo após o nascimento, assim como os cangurus. Os bebês nascem extremamente pequenos e dependem totalmente da mãe nas primeiras semanas de vida.

Uma das características mais conhecidas do saruê é a capacidade de “fingir de morto” quando se sente ameaçado, comportamento chamado de tanatose, usado como mecanismo de defesa natural. Além disso, são animais noturnos, muito adaptáveis e excelentes escaladores.

Apesar da fama injusta, os saruês são inofensivos e extremamente importantes para o equilíbrio ambiental. Eles se alimentam de insetos, frutas, pequenos animais e até restos orgânicos, ajudando no controle de pragas e na limpeza do ambiente. Também possuem grande resistência a doenças, como a raiva.