Com poucos recursos e muito amor, veterinárias salvam cão caramelo paralisado, e primeiro passo emociona a equipe

Cavalete é um vira-lata caramelo que, após receber um diagnóstico delicado, acabou sendo levado pelos antigos responsáveis para a eutanásia.

No entanto, tudo mudou quando seu caminho se cruzou com o da veterinária Liliane e de Jucimara Santana, que reconheceram nele algo que ia além da condição clínica: força, vontade de viver e a certeza de que ainda havia muito amor e história pela frente.

E assim, Cavalete ganhou uma nova chance, deixou para trás o destino que parecia inevitável e começou uma jornada marcada por cuidados, amor e esperança.

Jucimara, que ao lado de Lays Maciel decidiu adotar Cavalete, compartilhou um vídeo emocionante em seu perfil no TikTok, @marasantana254, em janeiro de 2024, mostrando a impressionante evolução do caramelo.

As imagens revelam não apenas a recuperação física de Cavalete, mas também sua transformação emocional, marcada por mais disposição, brilho no olhar e vontade de viver.

Na legenda, Jucimara resumiu todo o sentimento em uma frase que tocou quem assistiu: “Quando me perguntarem se já vi um milagre, irei dizer: o nome dele é Cavalete.”

A publicação rapidamente ganhou repercussão, ultrapassando 14 milhões de visualizações e reunindo milhares de comentários cheios de emoção, gratidão e admiração.

Entre as mensagens, seguidores exaltaram o trabalho da equipe responsável pelo cuidado do cão: “Meu Deus, é muita sorte quando encontramos uma equipe de veterinários bons de verdade”.

Outros refletiram sobre o abandono animal: “Eu fico tão emocionada vendo vídeos de cachorros, porque amo tanto os animais e me pergunto por que tanta gente abandona… eles têm coração”.

Houve ainda quem deixasse palavras de fé e reconhecimento: “Que Deus abençoe essa equipe de anjos que cuidam dele.”

Assista:

O que aconteceu com Cavalete?

Na época, Jucimara, natural de Juazeiro do Norte, Ceará, era estudante de medicina veterinária e atuava no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).

O local é o destino de praticamente todos os casos envolvendo animais na cidade, concentrando situações delicadas como abandono, maus-tratos, doenças graves e pedidos de eutanásia. A rotina ali é intensa, marcada por decisões difíceis, mas também por encontros capazes de mudar destinos.

Foi nesse contexto que Cavalete cruzou o caminho das Jucimara. A então tutora do vira-latinha o levou até o centro solicitando a eutanásia, após ter passado por um veterinário que a orientou a procurar o CCZ para esse fim.

Ao chegar, a médica responsável que a atendeu questionou se havia algum encaminhamento formal ou laudo que justificasse o procedimento, já que, segundo os protocolos, a eutanásia só pode ser realizada quando há comprovação clínica incontestável de que não existe possibilidade de tratamento. Ela não tinha.

Diante da situação, a equipe — da qual Jucimara fazia parte — foi até o carro para avaliar o animal. Foi então que se depararam com uma cena dolorosa e impactante: Cavalete estava imóvel, com o corpo rígido, sem conseguir reagir ao toque.

O quadro indicava algo grave, e logo surgiu a suspeita de tétano, uma condição séria, mas tratável quando há intervenção adequada.

Mesmo assim, a equipe tentou convencer a tutora a dar uma segunda chance ao animal. Ela, porém, já estava decidida e deixou o cão no local acreditando que ele seria submetido à eutanásia. Mas o destino tinha outros planos. Cavalete não seria silenciado naquele dia.

“Hoje eu vejo que Deus usou tudo isso para que Cavalete chegasse até a gente e para que ele fosse, literalmente, salvo”, declarou Jucimara mais tarde, emocionada.

Após a realização de exames, o diagnóstico de tétano foi confirmado. Diante disso, Jucimara, junto da médica responsável, decidiu lutar pela vida do cachorrinho.

Mesmo diante dos riscos, do tratamento complexo, do prognóstico reservado e com pouco recurso, a equipe optou por dar a Cavalete aquilo que ele nunca teve: uma chance de viver.

O que veio depois foi uma jornada marcada por cuidados intensivos, dedicação diária e muita esperança. Cada pequena melhora era celebrada como uma vitória.

Cavalete, que chegou sem forças, começou lentamente a responder ao tratamento, provando que, quando alguém acredita, até os casos mais difíceis podem ter um final diferente.

Assista:

Sobre o tétano

O tétano em cães é uma doença grave causada pela bactéria Clostridium tetani, que está presente no solo e no ambiente.

Quando os esporos dessa bactéria entram no corpo através de feridas profundas ou cortes, eles produzem uma neurotoxina que interfere no sistema nervoso, levando a espasmos musculares intensos e rigidez, podendo afetar movimentos, respiração e até ser fatal se não tratada rapidamente.

Embora seja mais raro em cães do que em outros animais, a doença exige atendimento veterinário imediato, com limpeza de feridas, antitoxinas e cuidados de suporte para aumentar as chances de recuperação.

Cavalete ganhou uma nova vida

O tratamento de Cavalete era caro e delicado, exigindo medicações específicas, acompanhamento constante, internações, fisioterapia e uma rotina intensa de cuidados.

Cada dia representava um novo desafio, tanto emocional quanto financeiro. Para que ele tivesse uma chance real de sobreviver, foi criada uma campanha de arrecadação, que rapidamente mobilizou pessoas dispostas a ajudar, mostrando que a empatia ainda encontra espaço quando uma vida depende disso.

A história de Cavalete logo repercutiu em toda a cidade, sensibilizando moradores, protetores e profissionais da área da saúde animal.

Foi assim que o caso chegou até a veterinária Lays Maciel, que, junto com Jucimara, decidiu assumir totalmente a responsabilidade pelo tratamento.

Unidas pelo mesmo propósito, elas não mediram esforços para garantir que o vira-lata tivesse acesso a todo o cuidado necessário e à chance de um recomeço.

Para compartilhar cada avanço dessa jornada, foi criado o perfil no Instagram @o.cavalete, onde o dia a dia do guerreiro passou a emocionar milhares de pessoas. Nos comentários, o carinho é constante:

“Tão bom vê-lo assim. Que Papai do Céu lhe conceda muitos anos de vida, muita saúde, amor e alegria, anjinho.”

“Ele merece todaaa a fama. A história dele é linda e precisa ser contada para sempre.”

“Ver a força de vontade dele em sobreviver é incrível. Você merece tudo de melhor que a vida pode oferecer.”

Hoje, Cavalete é mais do que um sobrevivente. Ele se tornou símbolo de luta, esperança e amor, celebrando cada conquista, inclusive com uma festa de um ano, que marcou não apenas seu aniversário, mas a vitória da vida sobre a dor e o sofrimento.

Assista:

Que Cavalete seja muito feliz!