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"Diferente de tudo que vocês já passaram a mão": Bulldog francês nasce completamente sem pelos e fofura rara encanta

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em Cães

Um registro compartilhado no dia 16 de dezembro pelo perfil @novo.lar.pets.rachel no TikTok trouxe a público um caso raro na cinofilia brasileira. Um filhote de bulldog francês nasceu sem qualquer pelagem devido a uma mutação genética natural.

O animal nasceu em um canil no dia 10 de junho de 2024 e foi mantido sob observação inicial para que os criadores compreendessem se a condição era decorrente de uma doença tratável ou de uma característica permanente.

Rachel a responsável pelo vídeo esclareceu que a falta de pelos no animal não é resultado de intervenção humana ou tratamentos para doenças de pele. Trata-se de uma condição congênita.

Ele nasceu com essa mutação e permanecerá assim durante toda a vida. Diferente de outras linhagens de cães pelados que costumam apresentar ausência de dentes devido a correlações genéticas entre os folículos pilosos e o desenvolvimento da dentição, este filhote possui todos os dentes.

O animal apresenta uma textura de pele variada, sendo lisa em algumas regiões e áspera em outras. Outro detalhe mencionado na postagem é a temperatura corporal elevada do cão.

Como não possui a camada de pelos para isolamento térmico, o corpo compensa a troca de calor, resultando em uma pele muito quente ao toque.

A responsável reforçou no vídeo que o bulldog será entregue a um novo lar apenas após a castração para impedir que a mutação seja reproduzida de forma descontrolada.

A anatomia do Bulldog Francês e as dermatites

De acordo com o Portal Vet da Royal Canin o bulldog francês é uma das raças mais predispostas a complicações dermatológicas. Em animais com pelagem padrão, a estrutura física do cão favorece quadros inflamatórios.

As dobras de pele localizadas ao redor do focinho, orelhas, olhos e na base da cauda criam um ambiente propício para a fricção e o acúmulo de umidade. Esse cenário altera a barreira cutânea e facilita a proliferação de microrganismos.

Muitos tutores enfrentam dificuldades com a dermatite atópica, uma doença inflamatória crônica e pruriginosa.

Ela ocorre por uma predisposição genética associada a anticorpos IgE, tornando o animal sensível a alérgenos presentes no ambiente, como ácaros e pólens.

Além da pele, a otite externa é outra queixa frequente. Cerca de 50% a 80% dos casos de inflamação no canal auditivo em cães desta raça estão ligados à hipersensibilidade alimentar ou à atopia.

A mutação do filhote apresentado no vídeo elimina o problema do acúmulo de umidade entre os fios de cabelo, mas exige cuidados redobrados com a derme exposta.

Em situações onde a perda de pelo não ocorre desde o nascimento, a queda pode indicar patologias específicas, como a Alopecia X.

Essa condição causa a rarefação ou queda total dos fios sem um motivo inflamatório aparente, afetando além dos bulldogs, raças como o Spitz Alemão e o Chihuahua.

Assista o vídeo:

Diagnóstico e manejo da Alopecia X

Já o Oasis Pet afirma que a Alopecia X é uma das condições mais intrigantes da dermatologia veterinária. Ela é caracterizada pela perda progressiva de pelos no tronco e na parte posterior das coxas, geralmente preservando a cabeça e os membros.

O termo "X" é utilizado justamente porque a causa exata da doença ainda é debatida, embora se saiba que existe um forte componente genético envolvido.

Para diferenciar uma mutação natural, como a do bulldog do vídeo, de um quadro de alopecia, o médico-veterinário realiza uma avaliação minuciosa.

O diagnóstico envolve exames dermatológicos, testes alérgicos, raspados de pele para identificação de parasitas e análises laboratoriais para avaliar possíveis desequilíbrios hormonais.

Caso o tutor note o pet soltando muito pelo ou perceba falhas na pelagem, é fundamental buscar auxílio profissional.

Outras manifestações clínicas que podem acompanhar a perda de pelos incluem a descamação da pele, presença de crostas, pápulas e pústulas.

Em casos onde a barreira cutânea está comprometida, pode haver umidade excessiva na área afetada, coceira intensa e vermelhidão. Animais com problemas de pele crônicos também podem demonstrar apatia, emagrecimento e uma pelagem remanescente opaca e quebradiça.

Riscos da falta de tratamento precoce

Quando uma doença de pele não é tratada rapidamente, ela tende a evoluir de forma acelerada. O desconforto causado pela coceira e pela inflamação prejudica a qualidade de vida do animal.

Quanto mais tempo demora o início do tratamento, mais difícil se torna o controle da condição. O que pode ter começado como uma alergia simples pode evoluir para uma infecção bacteriana secundária, aumentando a área da lesão e dificultando a cura total.

No caso específico do bulldog sem pelos apresentado nas redes sociais, o manejo é diferenciado. Por não possuir a proteção natural contra raios solares, esses animais precisam de hidratação constante da pele e proteção contra queimaduras.

A temperatura elevada mencionada no vídeo é uma resposta fisiológica comum em raças "nuas", pois a falta de pelos acelera a percepção térmica da pele ao toque humano.

Perspectiva genética e ética na criação

A decisão do canil de manter o animal sob observação e só liberá-lo para adoção após a castração reflete uma preocupação com a ética na criação de animais de raça. Mutações genéticas espontâneas podem ocorrer em qualquer linhagem.

É o caso de uma ninhada que em 2021 preocupou autoridades no Reino Unido ao nascer completamente sem pelos. Segundo O Canal do Pet, autoridades barraram a procriação.

“As raças de cães são revisadas e atualizadas ‘regularmente’ por dados de saúde específicos da raça e qualquer cão com exageros físicos graves deve ser evitado, para o bem-estar do animal, que deve ser prioridade absoluta” explicou o especialista em saúde e bem-estar do Kennel Club, Bill Lambert, amplamente divulgado declaração à mídia do Reino Unido na época.

Portanto, a reprodução deliberada de animais com mutações deve ser evitada quando não se conhece o impacto total dessa alteração na saúde do animal a longo prazo.

Embora fuja completamente do padrão estético estabelecido para o bulldog francês, o animal demonstra vitalidade e saúde, provando que mutações genéticas podem criar indivíduos únicos sem necessariamente comprometer sua alegria e interação com os seres humanos.

Beatriz é jornalista formada pela Universidade de Passo Fundo, com especialização em Escrita Criativa e Editoração pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera. Apaixonada por narrativas envolventes e pelo universo pet, ela também possui certificação em Storytelling para Marketing Digital pela Santander Open Academy, o que complementa sua habilidade de transformar histórias reais em conteúdos informativos e inspiradores. Dedica-se à produção de reportagens que valorizam a convivência ética e afetiva entre humanos e animais de estimação, promovendo empatia, informação de qualidade e o respeito aos animais.