"Ela não sabia, mas seria a última vez que precisaria pedir atenção na praia": Moça se comove ao ver estado de cadelinha idosa
Por Larissa Soares em Proteção AnimalNatalina ainda não sabia, mas aquela seria a última vez que dormiria na praia.
A cadelinha idosa decidiu acompanhar uma mulher durante uma caminhada na praia, em Belém, no Pará.
Mas ela não imaginava que aquela mulher era Raquel Viana, fundadora do abrigo Au Family.

Durante o trajeto, Raquel notou algo estranho na cadelinha. Natalina parava com frequência, se agachava e tentava urinar, mas não conseguia.
Foram várias tentativas frustradas ao longo de quase uma hora de caminhada. O corpo dava sinais claros de que algo não estava bem.
“Não dava para ignorá-la e deixá-la para trás”, contou Raquel no Instagram.
Idosa, com poucos dentes na boca, mas, ainda assim, doce, foi impossível deixar a cachorrinha para trás.
Da areia direto para a clínica
Assim que saiu da praia, Natalina foi levada diretamente para uma clínica veterinária.
A preocupação inicial era a dificuldade para urinar, mas os exames logo revelaram que a situação era ainda mais delicada.
Ela já apresentava doença do carrapato e alterações compatíveis com problemas renais, identificadas nos exames de sangue.
Um ultrassom foi solicitado para investigar se havia algo mais comprometendo a bexiga. E havia.
Apesar do quadro preocupante, uma coisa chamava atenção em todas as atualizações compartilhadas pelo abrigo: o sorriso banguela de Natalina. Mesmo fragilizada, ela parecia agradecer cada gesto de cuidado.
“Esse sorriso não tem vez”, escreveu Raquel em uma das postagens.
Natalina saiu da rua, mas ainda precisa de um lar
O Au Family deixou claro desde o início: o resgate foi apenas o primeiro passo.
Apesar dos esforços para oferecer o melhor dentro do abrigo, Raquel reforçou que um abrigo nunca substitui um lar, especialmente para uma cadelinha idosa.
“Ela saiu da praia, do abandono, da rua. Mas não é justo que ela viva dentro de um abrigo”, explicou.
Pouco depois, veio a confirmação do diagnóstico mais temido.
Além da doença do carrapato, Natalina foi diagnosticada com um Tumor Venéreo Transmissível Canino (TVT), um câncer contagioso que exige tratamento específico e isolamento.
Por conta do risco de transmissão, ela precisou permanecer internada, já que o abrigo não dispõe de uma área adequada para isolamento. Não há previsão de alta.
“Ela está com um tumor muito grande. Esse tipo de câncer é altamente contagioso”, explicou o abrigo em publicação.
Enquanto trata a doença do carrapato, o tumor precisará aguardar o momento certo para ser combatido.
O tratamento é longo, delicado e gera custos diários.
Apesar de tudo, Natalina segue demonstrando força. Entre exames, internações e cuidados intensivos, ela continua distribuindo aquele ‘sorriso banguela’, como se soubesse que, pela primeira vez, alguém está lutando por ela.
O abrigo reforça que tanto a adoção responsável quanto o apadrinhamento são formas de ajudar.
Afinal, além do tratamento médico, Natalina merece algo que nunca teve: um fim de vida digno, confortável e cercado de amor.
Para mais informações sobre como ajudar o abrigo, acesse: @aufamilyabrigo.
O que é o TVT?
Segundo informações do PetMD, o Tumor Venéreo Transmissível (TVT) é um câncer que afeta principalmente cães e é transmitido pelo contato direto com o tumor, geralmente durante o acasalamento.
No entanto, ele também pode ser transmitido por comportamentos sociais, como lambeduras, mordidas ou contato com feridas.
Embora raro em algumas regiões, o TVT é mais comum em países de clima tropical e subtropical e em populações de cães de rua.
O tumor costuma aparecer nos genitais externos, com aspecto semelhante a uma couve-flor, sangrando facilmente ao toque.
Em alguns casos, pode surgir no nariz, boca, olhos ou pele, se o cão tiver contato com o tumor de outro animal.
Os principais sinais incluem sangramento, inchaço, lambedura excessiva da região afetada e dificuldade para urinar.
Como é feito o diagnóstico e o tratamento
O diagnóstico do TVT é feito por meio da coleta de células do tumor, analisadas em laboratório.
Na maioria dos casos, o câncer não costuma gerar metástase, e o prognóstico é considerado bom quando o tratamento é iniciado corretamente.
De acordo com o PetMD, o tratamento mais comum envolve quimioterapia, aplicada semanalmente, por até seis semanas. Em tumores menores, a cirurgia pode ser uma opção. Em casos específicos, a radioterapia também apresenta bons resultados.
Sem tratamento, o tumor tende a crescer, causar dor, sangramentos frequentes e facilitar infecções secundárias, como infecção urinária.
Por isso, o isolamento é fundamental: cães com TVT não devem ter contato com outros cães até a confirmação da cura, para evitar a disseminação da doença.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.









