Pinscher abandonado em cemitério de Passo Fundo é resgatado por protetora e ganha nova chance
Após cuidados e acolhimento, ele foi adotado e hoje vive feliz com uma nova família
Por Beatriz Menezes em CãesUm pequeno pinscher foi encontrado abandonado em um cemitério de Passo Fundo (RS) em uma cena que chocou voluntários da causa animal e moradores da região.
A história do cãozinho, que inicialmente se mostrava assustado e agressivo, teve um final feliz graças ao trabalho incansável da protetora independente Aline Bonfante, que também é dona do Pet Shop Bonfante e estudante de Medicina Veterinária.
Entramos em contato com Aline que nos contou que o resgate começou após um apelo publicado nas redes sociais. Na publicação foram muitos apelos e comentários de denúncias de que havia um cão solitário perambulando entre os túmulos.
O post mobilizou dezenas de pessoas, e muitos marcaram Aline, conhecida por seu histórico de resgates bem-sucedidos. Apesar de estar offline por dois dias, ao ver a situação, Aline entrou em ação imediatamente.
“Eu vi a postagem à noite, muita gente tinha me marcado. Ele estava no cemitério perto da minha casa e do meu pet shop. Só que ninguém conseguia se aproximar porque ele estava muito agressivo, mordia, jogava as coisas… mas era medo. Ele estava em estado de alerta constante”, relembra a protetora.
Com mais de 15 anos de atuação no resgate e cuidados de animais, Aline sabia que precisaria agir com cautela.
Então no dia 8 de julho munida de equipamentos como cambão, caixa de transporte e cordas, ela foi até o local.
O cachorro estava escondido dentro de uma das gavetas de concreto do cemitério, em um espaço estreito e profundo, com cerca de dois metros e meio.
Assista abaixo:
“Me arrastei até lá para alcançá-lo. Tentei laçar com o cambão, mas ele era tão pequeno que escapava. Depois de muito esforço, consegui colocá-lo na caixa de transporte e levá-lo para o pet shop”, conta.
“Foram três dias de muita paciência. Ele queria morder tudo e todos. Eu fui aos poucos ganhando a confiança dele.”
Aline deu banho morno, aplicou anti pulgas, vermífugo e iniciou o processo de socialização do animal.
A convivência e os cuidados constantes trouxeram resultados rápidos e em poucos dias, o cãozinho já estava mais calmo, permitindo manipulações e até carinhos.
Castração e busca por adoção responsável
Com o comportamento mais estável, Aline agendou a castração do pinscher. A recuperação pós-cirúrgica também ficou sob os cuidados da protetora, que ofereceu lar temporário até que uma adoção segura fosse possível.
A ONG Apapet então iniciou o processo de triagem para encontrar a família ideal.
“Recebemos vários interessados, mas fui clara desde o início que ele precisava de alguém com paciência, sem crianças pequenas, que compreendesse o tempo de adaptação dele”, reforça.
Após a seleção, Alessandra foi escolhida como nova tutora. Mãe de um adolescente de 15 anos e já tutora de uma cadelinha, ela demonstrou sensibilidade e disposição para acolher o novo membro da família.
Um novo lar e um novo começo
Neguinho, nome dado por Aline e mantido pela nova família, foi recebido com carinho e se adaptou rapidamente à nova casa.
"Na primeira semana ele já estava se entendendo com a outra cachorrinha da casa. Hoje, dizem que ele é extremamente carinhoso. Isso me deixa muito feliz", emociona-se Aline.
A adoção foi concluída com responsabilidade e acompanhamento. Semanas após a castração, Alessandra levou Neguinho de volta ao pet shop para a retirada dos pontos.
Uma vida dedicada aos animais
Além de protetora, Aline Bonfante é uma das vozes mais ativas na causa animal em Passo Fundo e mantém parceria com a ONG Apapet e também ajuda um vereador da causa animal.
Com mais de 300 resgates ao longo dos anos, ela mantém um brechó beneficente cuja renda é revertida para castrações, compra de ração, medicamentos e estrutura para acolher emergências.
O caso do pinscher não foi isolado, mas representa muitos outros que infelizmente não ganham visibilidade.