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Após câmera mostrar animalzinho que mulher jogou de dentro de sacola; protetora decide denunciar

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em Gatos

Era noite. O movimento na Rua Augusto David de Moraes, esquina com a Rua Zacarias Gomes de Souza, no bairro Uberaba, em Curitiba, no Paraná, era praticamente inexistente.

O silêncio só era quebrado pelo som distante de alguns carros e o piscar esporádico de postes de luz.

Foi nesse cenário vazio que uma câmera de segurança registrou uma cena revoltante: uma mulher se aproximou lentamente, carregando uma sacola.

Sem demonstrar hesitação, ela a arremessou em direção a um muro e foi embora, como se nada tivesse acontecido.

O que havia dentro da sacola? Um bichinho indefeso, abandonado como se fosse lixo.

O caso

O caso aconteceu em julho. Uma mulher vestindo um vestido longo e com os cabelos presos é vista se aproximando pela Rua Oséas Saraiva de Araújo, carregando uma sacola nas mãos.

Ela caminha com calma até chegar à esquina com a Rua Zacarias Gomes de Souza. Então, sem demonstrar qualquer hesitação, arremessa a sacola na calçada e se afasta tranquilamente, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

Instantes depois, a sacola se movimenta… até que um pequeno gatinho emerge de dentro dela, assustado e desorientado.

Ao ver as imagens, Yasmim Fernandes ficou chocada e indignada com a frieza do ato. Em um desabafo comovente, ela afirmou:

"Abandono acontece, não por falta de recursos, é por falta de compaixão! Antes de adotar, pense! Antes de abandonar, sinta! Respeitar os animais é respeitar a vida!"

Em busca de justiça, Yasmim compartilhou as imagens em seu perfil no TikTok, @yasmimfernandes805, no dia 23 de julho. No entanto, foi após repostar o vídeo no dia 31 que a publicação ganhou força e viralizou.

Na gravação, ela se posiciona com firmeza e faz um apelo:

"Faço essa denúncia, gente. Não sejam coniventes com esse tipo de pessoa. A gente precisa mostrar a cara delas, precisamos identificar esses criminosos, porque abandono de animais é crime!"

A publicação ultrapassou 336 mil visualizações e recebeu milhares de comentários comovidos e indignados.

"Chorei tanto ao ver essa cena. Se ela não queria o gato, era só ter doado para alguém", escreveu uma internauta.
"Como consegue? Eu fico um dia longe dos meus e já fico com o coração apertado", comentou outra.
"Que judiação, gente! Fico indignada com uma cena dessas... meu coração chega a doer", desabafou uma terceira.

Assista:

A denúncia não ficou restrita às redes sociais. Quando uma internauta perguntou: "Amiga, você fez a denúncia?", Yasmim respondeu sem hesitar:

"Sim, amiga! Fiz na Delegacia do Meio Ambiente. E ainda fiz a cara dela aparecer no jornal local, porque eu sou dessas!"

Abandono de animais no Brasil

O abandono de animais domésticos no Brasil é um problema grave e persistente. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022 existiam cerca de 30 milhões de animais abandonados no país, sendo aproximadamente 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos.

O Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo (IMVC) também confirma esse número, calculando 30,2 milhões de cães e gatos abandonados.

Principais motivos por trás do abandono

Um estudo realizado por instituições de proteção animal (como a Cobasi) revelou que 75% dos casos de abandono ocorrem em áreas urbanas.

Os tutores alegam diversas razões, incluindo mudança de residência, problemas financeiros, nascimento de filhos, crescimento do animal ou alterações na rotina, Um levantamento mais aprofundado identificou que:

  • 44,2% dos abandonos foram motivados por problemas com moradia;
  • 30,8% por dificuldades financeiras;
  • e 11,5% por questões de saúde dos tutores.

Consequencias e desafios

O abandono causa sofrimento físico e emocional nos animais, além de representar risco à saúde pública (pela circulação de zoonoses e acidentes) e gerar desequilíbrios nesse convívio urbana.

Assista:

O que diz a lei brasileira sobre abandono de animais?

Lei de Crimes Ambientais – Lei nº 9.605/1998

Desde 1998, o abandono e os maus-tratos contra animais são considerados crimes no Brasil, segundo o artigo 32 da Lei Federal nº 9.605/98, conhecida como Lei de Crimes Ambientais.

Esse artigo prevê:

“Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.” Pena: detenção de três meses a um ano, e multa.

No entanto, essa pena era considerada branda e, muitas vezes, resultava apenas em prestação de serviços comunitários ou acordos judiciais.

Lei nº 14.064/2020 – Aumento da pena para maus-tratos a cães e gatos

Em setembro de 2020, foi sancionada a Lei nº 14.064/20, que alterou o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais apenas para os casos de maus-tratos contra cães e gatos. Essa lei ficou conhecida como Lei Sansão, em homenagem a um pitbull que teve as patas traseiras decepadas após ser brutalmente agredido em Minas Gerais.

Com essa nova lei, a pena passou a ser:

Reclusão de 2 a 5 anos, multa e proibição da guarda do animal.

Ou seja, o crime passou a ter pena de reclusão (e não mais detenção), o que permite prisão em regime fechado, investigação mais séria, e maior rigor da Justiça.

O que é considerado maus-tratos ou abandono?

De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), maus-tratos incluem:

  • Abandonar animais;
  • Mantê-los sem comida ou água;
  • Deixar em locais sujos ou sem abrigo;
  • Agressões físicas;
  • Privação de cuidados veterinários;
  • Confinamento inadequado (ex: gaiolas muito pequenas).

O abandono, portanto, é uma forma de maus-tratos e é crime — mesmo que o animal pareça saudável ou seja deixado “em local seguro”.

Resgate da gatinha

Yasmim Fernandes não apenas denunciou o caso, como também resgatou a gatinha e a levou imediatamente para uma consulta veterinária. Foi então que recebeu o diagnóstico: a felina estava com esporotricose.

Assista:

A esporotricose é uma infecção fúngica causada por fungos do gênero Sporothrix, que pode atingir a pele, o sistema linfático e, nos casos mais graves, órgãos internos. A forma mais comum de transmissão no Brasil é por meio do contato com gatos infectados, especialmente por arranhões, mordidas ou contato com feridas abertas.

O tratamento exige o uso de antifúngicos, como o itraconazol, durante vários meses. Também é essencial manter o animal isolado, com acompanhamento veterinário rigoroso. Como é uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida para humanos, a doença exige atenção, higiene e responsabilidade.

Mesmo com todos os cuidados, a gatinha estava muito doente. Yasmim a manteve segura, isolada, cercada de carinho, mas infelizmente, em menos de uma semana, ela faleceu.

Abalada, Yasmim descreveu a gatinha como mansinha, dócil e amorosa, e deixou um desabafo tocante:

"Corações se uniram. Gente que acreditou que, com cuidado e amor, ela ficaria bem. Mas no fim, ela partiu. Silenciosa como chegou, mas agora envolta em amor. Não foi apenas uma gata abandonada. Foi uma luz breve, intensa, que tocou muitos corações. Hoje, apesar da tristeza, resta a certeza: ela soube o que era ser amada. E isso, ninguém tirou dela."

Redatora e apresentadora do Canal Amo Meu Pet.

Com formação em Design de Produtos e especialização em Design de Interiores pela Universidade de Passo Fundo, a Ana encontrou sua verdadeira paixão ao unir criatividade, comunicação e o amor pelos animais.

Apaixonada por contar histórias que tocam o coração, ela estudou Escrita Criativa com o escritor Samer Agi e participa do programa JournalismAI Discovery, organizado pela Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e a Iniciativa de Notícias do Google, buscando se aprofundar no universo digital.

Hoje, dedica-se a produção de conteúdos que informam, emocionam, conscientizam e arrancam sorrisos.