Tutora esquece viveiro de macaco aberto e animal faz a maior bagunça em casa
Por Beatriz Menezes em Mundo AnimalNo último dia 13 de agosto, a jornalista Mariana Passos viralizou nas redes sociais, especialmente no TikTok, ao compartilhar um vídeo mostrando seu macaco de estimação, Benjamim, em uma situação inusitada dentro de casa.
Nas imagens, o primata explorava livremente o lar após Mariana se esquecer de fechar o viveiro, deixando portas e gavetas abertas, latas derramadas e até a pia do banheiro alagada.
Benjamim, um macaco-prego de oito anos, chegou à casa da jornalista ainda bebê, vindo do criadouro legalizado Aves do Paraíso, que à época era o único autorizado na América Latina para primatas domésticos.
Mariana, que é jornalista, atriz e estudante do 8º semestre de Medicina Veterinária, lembra que sempre sonhou em ter um primata:
“Desde os oito anos, meu tio-avô tinha um sagui e eu fiquei encantada. Sabia, porém, que animais assim exigem espaço, tempo e dedicação”.
O cuidado com primatas domésticos exige atenção extrema. Benjamim possui um recinto interno de 7 metros de altura por 5 metros de comprimento e largura, equipado com enriquecimento ambiental, alimentação balanceada e acompanhamento veterinário especializado.
“Nos primeiros dois anos, não trabalhei e vivi exclusivamente para cuidar de Benjamim. Ele acordava cinco vezes por noite para mamar, até que aprendi, em um curso de medicina de primatas, que eles são intolerantes à lactose. Hoje, mesmo com oito anos, ele ainda acorda cerca de três vezes por noite para beber água”, relata Mariana.
Animais assim não têm vacinas no Brasil; sua imunidade é comparável à de um bebê de um ano.
“Todo cuidado é essencial para a saúde deles”, explica a jornalista, que também enfatiza os custos elevados.
Um primata doméstico legalizado atualmente custa cerca de 100 mil reais, enquanto animais oriundos do tráfico custam cerca de 5 mil reais, mas representam crime e risco à fauna.
A criação de primatas é regulamentada pelo IBAMA e pela Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998).
“Você pode ter um animal silvestre em casa, desde que venha de criadouro legalizado. Qualquer criação de animal oriundo do tráfico ou reprodução não autorizada é crime, com multa, apreensão do animal e até prisão. Antes de adquirir, é essencial pesquisar o criadouro, garantir recinto adequado e acompanhamento de equipe especializada”, alerta Mariana.
No episódio que viralizou, Mariana explica que o primata estava seguro.
“Minha casa tem câmeras em todos os cômodos, e alguns vizinhos me alertaram que Benjamim estava no muro. Macacos são curiosos, mas se o ambiente é seguro, eles não fogem. Ele só explora”.
No vídeo, Mariana alterna momentos de repreensão e carinho, mostrando a complexidade da interação com primatas domésticos. Ao perceber que não seria punido, Benjamim concordou em voltar ao colo da tutora e retornar ao viveiro.
O conteúdo, que ultrapassou 2 milhões de visualizações, gerou comentários de admiração, surpresa e também críticas infundadas. Mariana enfatiza que não tolera ofensas e ameaças.
“Jamais imaginaria que um vídeo de humor pudesse viralizar tanto. Infelizmente, algumas pessoas comentam sem embasamento e até ameaçam. Todo e qualquer comentário que infrinja a lei será respondido judicialmente”.
Apesar da repercussão, a jornalista reforça a mensagem de conscientização de que ter um primata doméstico exige tempo, investimento, dedicação e conhecimento especializado, mostrando que a vida com animais exóticos vai muito além do que se vê nas redes sociais.
“Muitas pessoas pensam que são ‘fofinhos pets’, mas é necessário saber que são animais de grande porte, com instintos selvagens, que não são adequados para crianças e exigem manejo especializado. Se um cão domesticado pode ser perigoso, imagine um primata, que está sendo domesticado há apenas 30 anos. Ele ainda não tem o gene domesticável, e sim os instintos selvagens que SEMPRE virão a tona.”, conclui Mariana.
A publicação tem mais de 373 mil visualizações, 29 mil curtidas e 560 comentários.
“Foi o dia mais feliz da vida dele”.
“Eu ia chorar e contratar alguém pra arrumar tudo”.
“Não teve absolutamente NENHUM canto da casa que ele não revirou, até as mínimas coisinhas inimagináveis estavam bagunçadas”.
Foram alguns dos comentários.
Confira o vídeo completo abaixo:
Você sabia? O Rio Grande do Sul lançou o Programa ‘Guardiões da Fauna’ para acolher animais silvestres de forma legal e segura
Agora, após uma iniciativa inédita da Sema - Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura, cidadãos cadastrados podem oferecer abrigo legal a animais silvestres provenientes de apreensões ou resgates.
O objetivo é garantir o bem-estar dos animais que não podem retornar à vida livre e ampliar a rede de cuidado fora dos centros de reabilitação.

Para se tornar um guardião, é necessário residir no estado, não ter histórico de infrações ambientais, passar por vistoria técnica e comprovar capacidade para manter o espaço de forma segura.
Cada mantenedouro poderá acolher até cinco animais, com possibilidade de ampliação para até dez no caso de aves, sendo proibida a comercialização, reprodução ou exposição dos animais sem autorização.
O cadastro deve ser feito pelo Sistema Online de Licenciamento Ambiental (SOL), e vistorias periódicas da Sema garantem que os animais recebam cuidado contínuo.
Entre as espécies que podem ser acolhidas estão papagaios, caturritas, aves silvestres, macacos, bugios, lagartos, tartarugas e gato-do-mato.
O programa também busca envolver a sociedade na proteção da biodiversidade e coibir mantenedouros irregulares.