Abrigo salva família de gatinhos deixada em caixas de transporte durante feriado
Por Beatriz Menezes em GatosUma pequena família de gatos foi encontrada em caixas de transporte na calçada de um shopping em Las Vegas na tarde do feriado do Dia do Trabalho, deixando moradores e equipe de resgate preocupados com o bem-estar dos animais.
Um bilhete preso a uma das caixas indicava que a dona não tinha condições de cuidar dos felinos e pedia ajuda:
"Desculpe. Gatinha boazinha. Sem dinheiro. Por favor, ajudem."
Dentro das caixas estavam três filhotes e sua mãe, ofegantes e assustados.
O resgate aconteceu quando um membro da equipe da Homeward Bound Cat Adoptions percebeu a situação, mesmo com o abrigo fechado para o feriado.
Kimberly Wade, gerente de marketing da organização, contou ao The Dodo que os gatos foram retirados das caixas e levados imediatamente para o centro de adoção.
Os exames iniciais mostraram que a família felina estava em boas condições de saúde, embora a mãe apresentasse leve magreza,o que é normal durante o período de amamentação.
"Eles estavam claramente acostumados com cuidadores humanos, não são gatos de rua", explicou Wade.
Apesar da ausência de microchip na mãe, toda a família mostrou comportamento dócil e tranquilo, facilitando o resgate.
Com os filhotes com cerca de sete semanas de idade, a equipe identificou a necessidade de um lar temporário até que pudessem ser desmamados e socializados.
Ellen Richter, voluntária do abrigo e responsável pela @foster_kitten_tails estava no local no momento e decidiu levá-los para sua casa.
Confira:
Ela relatou que os filhotes inicialmente se mostraram tímidos, escondendo-se no fundo das caixas de transporte, enquanto a mãe, batizada de Italia Ristretto, buscava atenção e interação.
Italia tem menos de um ano, é brincalhona e curiosa, características que preocupavam a voluntária quanto à adaptação dos filhotes durante o período de separação para procedimentos veterinários, como castração e microchipagem.
Ellen relatou que os filhotes foram ganhando confiança rapidamente, explorando o novo ambiente e interagindo com os humanos aos poucos.
Uma semana após a chegada, a mamãe felina passou por todos os procedimentos no abrigo e agora se prepara para encontrar um lar definitivo.
Os filhotes, por sua vez, estavam se alimentando sozinhos e demonstrando curiosidade, sem demonstrar sinais de estresse pela ausência da mãe.
A protetora compartilha atualizações constantes nas redes sociais, mostrando os filhotes explorando, subindo em ombros e interagindo com humanos, embora a gatinha mais nova da ninhada ainda apresente um pouco de timidez em relação ao novo lar.
A equipe do abrigo reconhece que a situação poderia ter sido trágica se os gatos não tivessem sido encontrados a tempo. Wade ressaltou que, sem a presença da equipe naquele momento, o destino da família felina seria incerto.
"Felizmente tudo se encaminhou para que eles fossem resgatados e recebessem cuidado adequado", disse.
Enquanto a mãe se recupera da castração e se prepara para adoção, os filhotes seguem em um lar temporário seguro, aprendendo a socializar e a confiar em humanos.
Com o resgate registrado e a adaptação em curso, a equipe do abrigo mantém expectativa positiva sobre o futuro da família, que segue recebendo atenção e cuidados especializados até que estejam prontos para novos lares permanentes.
Quando os filhotes podem se separar da mãe e por que isso importa
Diferente do que muitos pensam, cães e gatos não “nascem prontos”. Assim como os seres humanos, eles passam por diferentes estágios de desenvolvimento até chegar à vida adulta.
Veterinários comportamentalistas DigitalVet recomendam que os filhotes permaneçam com a mãe e a ninhada por pelo menos 60 dias, garantindo que aprendam habilidades essenciais para a vida.
“Algumas das etapas mais importantes para o desenvolvimento e aprendizado dos filhotes acontecem até a 12ª semana de vida. Esta fase é conhecida como período de socialização e é indispensável para o aprendizado social do filhote. Não permitir que o animal tenha essas experiências junto à mãe e aos demais membros da ninhada pode ter consequências bastante graves”, explica o Dr. Ricardo Fontão de Pauli, médico veterinário comportamentalista (CRMV 5730).
Durante esse período, os filhotes aprendem a interagir com outros animais, exploram o ambiente de forma segura, descobrem limites ao morder e criam vínculos com os cuidadores.
O afastamento precoce da mãe pode gerar medo, ansiedade, agressividade e dificuldades de socialização.
“Com o afastamento da mãe e com os sistemas sensoriais ativos, os filhotes passam a socializar mais entre si e com o ambiente, incluindo humanos e outras espécies. Brincadeiras, interações e mordidas são fundamentais para a formação emocional e da personalidade. É nesse momento que aprendem, por exemplo, que morder dói”, detalha o especialista.
Além do aprendizado social, o período de convivência com a mãe também protege os filhotes.
“Cães e gatos ainda estão desenvolvendo o sistema imunológico. Separá-los cedo aumenta o risco de doenças infectocontagiosas como a Parvovirose e a Cinomose, que são facilmente transmitidas entre filhotes não vacinados”, alerta o Dr. Ricardo.
Os filhotes passam por diferentes fases, desde o estágio neonatal, em que dependem totalmente da mãe para se alimentar e se manter aquecidos, até o período juvenil, quando exploram o ambiente com mais autonomia.
“Permitir que os filhotes tenham contato com a mãe e a ninhada por, pelo menos, 60 dias possibilita um desenvolvimento mais saudável e um futuro mais feliz, tanto para eles quanto para suas famílias”, conclui o veterinário.
Respeitar essas etapas é fundamental para que o animal cresça saudável, equilibrado e confiante.