Homem atropela cão, que assustado foge, mas desfecho não termina como todos imaginavam

Sabe aqueles dias em que nada dá certo, como se tudo fosse uma provação? É nesses momentos que a vida desafia, mas também fortalece o coração para reconhecer pequenas vitórias e abraçar o recomeço.

Foi assim com David Aires que, em meio a semanas de 'muita provação, perseguições e acusações infundadas', enfrentou um dos períodos mais difíceis.

O que parecia tornar tudo pior acabou se transformando em um novo começo para ele e para um vira-latinha cujo destino parecia ser apenas as ruas.

Um encontro que mudou dois destinos

Era manhã do dia 16 de agosto, por volta das 9h, quando David, ao chegar em casa de carro, acabou atropelando um cachorrinho. Desesperado, estacionou o veículo, desceu apressado e correu para socorrê-lo.

Mas o vira-latinha, assustado, fugiu em disparada. De coração apertado, David levou as mãos à cabeça, tomado pela preocupação, e decidiu procurá-lo pelas ruas, determinado a encontrá-lo e garantir que estivesse bem.

Quando finalmente o encontrou, David o pegou com cuidado no colo, colocou-o dentro do carro e seguiu direto para o veterinário, na esperança de que nada grave tivesse acontecido com aquela vida frágil.

No hospital, a surpresa foi perceber que o mais grave no vira-latinha havia sido apenas a perda de um dente, um sinal de que, apesar do susto, ele teria a chance de se recuperar plenamente.

David ficou aliviado ao saber que o cachorrinho não havia sofrido ferimentos graves. Mas o que mais o tocou foi perceber que sua missão não terminava ali.

Sua decisão não seria apenas prestar os primeiros socorros, e sim mudar para sempre o destino daquele vira-latinha: ele escolheu adotá-lo.

Em uma publicação feita em seu perfil no Instagram, no dia seguinte ao acidente, David contou:

'Através da dor e da perda de um dentinho, esse anjo ganhou um lar, uma família e muito carinho. Meu cunhado me disse ontem, em meio ao meu desespero com o que aconteceu, que Deus escreve certo por linhas tortas, e somente hoje, com a cabeça mais tranquila, eu percebi isso. Dias bons passam, e os ruins também. Muita fé para seguir fazendo o bem com a ajuda de Deus!'

A atitude repercutiu

David revisou as imagens da câmera de segurança para entender como havia atropelado o cachorrinho. Ao assistir, seu coração se comoveu e, no dia 17 de agosto, decidiu compartilhá-las em seu perfil das redes sociais, @david.aires.94.

Na legenda, escreveu:

'Na hora entrei em desespero, socorri e adotei. Hoje Deus falou ao meu coração, mostrando que, às vezes, é preciso perder e sofrer para receber algo maior'.

O vídeo alcançou mais de 719 mil visualizações e milhares de comentários, entre elogios e mensagens de apoio:

'Eu confio plenamente em pessoas que amam os animais assim'.

'O cachorrinho pensando: às vezes o fundo do poço tem molas. Parabéns pela atitude'.

'Você é iluminado! A maioria das pessoas jamais prestaria socorro'.

Assista:

Apesar da comoção, também surgiram críticas. David não se calou e respondeu com firmeza:

'Mais uma vez quero agradecer a todos que estão deixando mensagens de carinho e apoio. Aos que criticam, aconselho procurar um médico para se tratarem e começarem a fazer o bem a alguém. Assim irão ocupar a mente com coisas boas e deixar de contaminar a internet com falas perversas na tentativa de invalidar ações de quem tenta ajudar'.

Houve também quem questionasse sobre o cachorrinho preto que aparece nas imagens. Mas ele não é de rua: trata-se do Lobão, que também é fruto da adoção.

Adoção do Lobão

Lobão foi adotado em maio do ano passado, depois de perambular por muito tempo pelas ruas até ter a sorte de cruzar em frente à casa de David e de sua esposa, Juliana Rangel Aires.

O casal ainda tentou encontrar a antiga família do cão, mas ninguém apareceu. Sem pensar duas vezes, decidiram adotá-lo.

'Aparentemente foi abandonado, mas agora ele tem um papai e uma mamãe que cuidam muito bem dele', contou Juliana.

Assim que ganhou um lar, Lobão teve um verdadeiro dia de 'princeso', com direito a banho, tosa e muito carinho, iniciando uma nova vida cercada de afeto e segurança.

Juliana compartilhou no dia 13 de maio, em seu perfil @juliana_rangel_aires_, o vídeo da primeira vez de Lobão no pet shop. A publicação emocionou e rendeu comentários cheios de carinho, como:

'Que Deus os abençoe poderosamente.'

'Vocês são incríveis.'

'Vocês são pessoas maravilhosas e de bom coração, parabéns pela atitude.

Confira:

Esses dois cãezinhos realmente tiraram a sorte grande: cruzaram o caminho de pessoas maravilhosas, que transformaram abandono e sofrimento em uma vida cheia de amor e cuidado.

Todos os dias, milhares de cães e gatos vivem nas ruas, sofrendo com fome, frio e maus-tratos. Muitos já tiveram um lar, mas foram vítimas do abandono; outros nasceram sem nunca conhecer carinho.

Adotar é transformar esse destino, oferecendo amor e segurança a quem só conheceu a dor. Mas, mesmo sem poder adotar, todos podem ajudar: doando ração, colaborando com tratamentos veterinários, oferecendo lar temporário ou apoiando abrigos e ONGs.

Esses protetores fazem um trabalho essencial, muitas vezes com poucos recursos. Cada gesto conta. Para um animal, sua atitude pode ser a diferença entre o abandono e a vida.

Atropelou um animal? A lei obriga a prestar socorro

No Brasil, qualquer motorista, seja de carro ou de moto, tem a obrigação de prestar socorro ao atropelar um animal. Além de ser um dever humano, a lei também respalda essa responsabilidade.

A Lei de Crimes Ambientais (9.605/98) considera crime omitir socorro e deixar um animal ferido sem assistência, podendo ser enquadrado como maus-tratos. Já o Código de Trânsito Brasileiro prevê penalidades para quem se envolve em um acidente e não oferece ajuda, o que inclui situações com animais.

Na prática, isso significa que, ao atropelar um bichinho, o motorista deve parar, verificar seu estado e buscar ajuda imediata, levando-o a uma clínica veterinária ou acionando órgãos competentes, como zoonoses, bombeiros ou protetores locais. Fugir ou ignorar a situação, além de ser uma crueldade, pode resultar em multa, processo e até prisão.

Prestar socorro não é apenas uma obrigação legal: é um ato de empatia e responsabilidade, que pode salvar vidas e mostrar que a convivência entre humanos e animais deve ser baseada no respeito.