'Na sua casa, um colo seria rotina': Abrigo emociona ao falar sobre medo que impede adoção
Por Larissa Soares em Proteção Animal
Quem nunca ouviu alguém dizer que só não adota um animal de rua porque tem medo de deixá-lo sozinho em casa?
A frase, comum nas redes sociais e nas conversas de quem sonha com um cachorro, foi o ponto de partida para um vídeo emocionante da ONG Viva Bicho, de Balneário Camboriú (SC), que abriga mais de 600 animais.
Nas imagens, os cães aparecem esperando, observando, sonhando. E o texto, simples e certeiro, toca onde dói:
“Mas você já parou para pensar que, na sua casa, um colo seria rotina? Os invernos seriam menos frios. O medo e a fome não existiriam. A velhice seria bem vivida.”
A reflexão que a publicação propõe é a de que, talvez, o que impede muitas pessoas de adotar não seja a ausência, mas a culpa por não poder estar presente o tempo todo.
Só que, para um cão que hoje divide o espaço com centenas de outros, o simples fato de ter um lar e um humano que o ama todos os dias, já é o suficiente para transformar o medo em segurança, e a espera em alegria.
Na rua, não há rotina. No abrigo, não há silêncio nem dono. No lar, mesmo com horas vazias, há colo, cama macia, prato cheio e, acima de tudo, amor.
Adotar não é prometer presença constante, mas sim, garantir uma estabilidade. A certeza de que haverá um “depois”. Depois do expediente. Depois da reunião. Depois de você voltar.
Veja o vídeo publicado pela ONG Viva Bicho BC:
O medo de ficar sozinho e o que fazer com ele
Sim, alguns cães sentem angústia quando ficam sozinhos. Latem, uivam, roem o que não deviam.
Mas, segundo a RSPCA, uma das maiores entidades de bem-estar animal do mundo, é possível trabalhar e resolver essa ansiedade.
- Identifique a ansiedade
Pesquisas indicam que oito em cada dez cães têm alguma dificuldade para lidar com a ausência do tutor, mas metade deles não demonstra sinais visíveis.
Por isso, filmar o cão de vez em quando pode ajudar a identificar comportamentos sutis, como andar de um lado para o outro, choramingar ou tremer.
- Ficar sozinho pode ser divertido
A boa notícia é que, com paciência, eles aprendem. A RSPCA recomenda que o tutor ensine o cão, desde cedo, que ficar sozinho é algo tranquilo e até divertido.
O segredo é acostumar o animal aos poucos, aumentando o tempo de ausência gradualmente e sempre associando esse momento a algo positivo, como um brinquedo recheado ou um petisco saboroso.
Veja: 7 melhores brinquedos para cachorros que ficam sozinhos
Outras dicas importantes:
- Brinque e passeie com o cão antes de você sair, para que ele gaste energia e relaxe;
- Deixe brinquedos especiais, como o clássico Kong recheado com petiscos;
- Mantenha uma rotina previsível, que transmita segurança;
- Evite punições, mesmo diante de bagunças, pois elas apenas aumentam a ansiedade.
O ideal, segundo a entidade, é que o cão não fique sozinho por mais de quatro horas seguidas. Se isso for inevitável, vale contar com o apoio de amigos, familiares ou até de alguém para passear com o cão.
E lembre-se: a solidão de algumas horas nunca se compara à solidão de uma vida inteira sem dono.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.