Após 800 km de viagem, filhote de border collie reconhece sua missão ao encontrar idoso solitário
"(...) Talvez Jeová estivesse lhe enviando uma companheira, porque ele se sentia muito solitário”
Por Larissa Soares em Aqueça o coraçãoMimí Spicher, jornalista argentina, dirigiu quase 800 quilômetros até chegar à casa do pai, um homem religioso, de poucas palavras e muitos silêncios.
“Ele é daqueles que conversam com os cães pelo olhar”, disse ela em uma publicação emocionante no Instagram.
Morando sozinho no campo, o pai de Mimí sempre teve uma relação natural com os animais. Mas, depois que o último cachorro se foi, ele decretou: “não quero mais saber de bicho”.
Mesmo assim, Mimí insistiu. Levou no carona uma filhote de border collie de três meses e uma intuição forte de que algo bom estava prestes a acontecer.
Quando chegou, foi direta: ‘Pai, trouxe um cachorro pra você’.
Ele respondeu do jeito típico dos ‘velhos experientes’, com um “não” firme, cheio de convicção.
Mas a cachorrinha, que atendia pelo nome de Paca (como todos os cães que ele já tivera), não se deu por vencida. Foi direto até os pés dele, deitou-se ali e não saiu mais.
Naquela tarde silenciosa, algo mudou e a resistência dele começou a se dissolver.
“Ela o escolheu”, contou Mimí. “E ele, embora não tenha dito nada na hora, também a escolheu.”
No dia seguinte, quando Mimí já estava na estrada de volta, enviou um áudio ao pai: “Se o senhor não quiser ficar com ela, tudo bem, eu entendo”.
A resposta veio em seguida, cheia de emoção:
“Ele me respondeu com um áudio, quase em lágrimas, dizendo que talvez Jeová estivesse lhe enviando uma companheira, porque ele se sentia muito solitário”, relatou Mimí.
E foi assim que Paca encontrou sua missão de devolver o brilho ao olhar de um homem que havia se acostumado com o silêncio.
Veja o vídeo dublado por inteligência artificial:
“Meu velho disse que não queria mais cachorros. Mas a cachorra o escolheu mesmo assim”, escreveu ela na legenda. “E naquela noite, ela dormiu dentro de casa. Às vezes, o amor volta na forma de uma alma de quatro patas.”
Nos comentários, os internautas se derreteram:
“Ufff Mimi, quanta emoção na sua história, tivemos pais que mal sabem expressar suas emoções, cabe a nós alcançá-los”, escreveu uma seguidora.
“Paca tem uma linda missão”, comentou outra.
O poder dos cães na vida dos idosos
Os cães podem transformar a vida de pessoas idosas. Segundo a Abbeyfield England, organização britânica que abriga idosos em lares comunitários, os benefícios da convivência com cães são profundos.
Na Abbeyfield Brecon Society, por exemplo, vive Twiglet, uma cocker spaniel de terapia que já faz parte da rotina dos moradores.
Há mais de um ano e meio, Twiglet visita os quartos, participa do café da manhã e é presença certa nos corredores.
“A alegria que ela traz é imensurável. Ela sabe com quem precisa ser mais gentil e com quem pode brincar. E quando algum morador não está bem, fica quietinha ao lado dele”, relata a equipe do lar.
Os cães como Twiglet ajudam a diminuir a solidão, estimulam o contato físico e emocional e até contribuem para a saúde cardiovascular.
Caminhar com o cachorro, alimentá-lo e brincar devolvem o senso de rotina e propósito, algo essencial na velhice.
Além disso, o simples ato de acariciar um cão libera ocitocina, o hormônio do bem-estar, reduz o estresse e traz conforto emocional.
Sem contar o companheirismo, a lealdade e o afeto incondicional que eles oferecem.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.