Após 15 anos vivendo presa em gaiola, papagaia parte corações online ao se deparar com porta aberta
Por Larissa Soares em Proteção Animal
Durante 15 anos, Jasmine conheceu o mundo apenas por entre as grades de uma gaiola.
O tempo e o confinamento fizeram com que a maracanã-de-colar esquecesse algo essencial à sua própria natureza: o voo.
O momento em que ela se depara com a porta aberta, livre para sair pela primeira vez, partiu corações no TikTok e fez mais de 27,4 mil pessoas refletirem sobre o que a liberdade significa para um animal que viveu tanto tempo sem ela.
O vídeo, publicado por Cailin (@caitlin_and_friends), mostra Jasmine desconfiada, observando a saída.
A porta escancarada, o caminho livre, mas ela não sai. Caminha de um galho a outro, inquieta, sem entender o que está acontecendo.
O texto sobreposto explica o motivo: “Ela acha que não pode sair da gaiola, porque ficou presa nela por 15 anos.”
No dia seguinte, Cailin compartilhou uma atualização: Jasmine havia saído, mas passou o tempo “escondida embaixo da gaiola”. Era o primeiro contato real com o desconhecido.
Redescobrindo o mundo
A tutora contou que, com o passar dos dias, a ave começou a explorar o ambiente ao redor. Duas semanas depois, Jasmine descobriu que tinha cômodo próprio: um quarto inteiro adaptado para seu bem-estar, com papel de parede de floresta, troncos, brinquedos e uma fonte d’água.
“Encontramos alguém que estava vendendo pedaços de árvores e nos certificamos de que eram espécies seguras para pássaros”, explicou Cailin. “Depois, foi um saco, mas descascamos, mergulhamos em clorexidina e fizemos furos para fixar poleiros naturais.”
Os internautas se encantaram com o cuidado.
“Meu pássaro acabou de assistir isso e perguntou se somos pobres”, brincou um seguidor nos comentários.
Além de um novo lar, Jasmine ganhou tempo para reaprender e coragem para tentar. Em outro vídeo, Cailin compartilha:
“Jasmine começa a ganhar músculos! Comece aos poucos e, com sorte, em algumas semanas ela conseguirá pular da corda até o topo da árvore.”
Trinta e nove dias depois de ter chegado lá, ela finalmente conseguiu escalar e Cailin disse estar muito orgulhosa dela.
Os internautas ficaram emocionados com a jornada da ave:
“Ela provavelmente está tipo ‘tem tanto espaço para atividades!’”, escreveu um internauta. “Ela está indo muito bem”, disse outro.
A espécie e seus hábitos
Segundo o portal WikiAves, a maracanã-de-colar (também conhecida como ararinha-de-colar ou arara-brava) é uma ave psittaciforme da família Psittacidae, comum em áreas agrícolas e cerrados, especialmente no Pantanal e no Araguaia.
Com plumagem verde, colar amarelo-dourado e coroa azul, ela mede cerca de 40 centímetros e pesa em torno de 250 gramas.
A maracanã-de-colar é sociável e costuma viver em bandos, deslocando-se por longas distâncias em busca de alimentos e locais de descanso.
Por isso, o cativeiro prolongado tem impacto profundo no comportamento e na saúde desses animais, que precisam de espaço e estímulos constantes para manter o equilíbrio físico e emocional.
Outra ave que descobriu suas asas
Em novembro do ano passado, uma arara-canindé chamada Aurora foi resgatada de uma situação de maus-tratos em Campinas (SP) e chegou a um consultório veterinário em estado crítico.
Com apenas quatro meses de vida, Aurora havia sido criada em uma gaiola minúscula, do tamanho destinado a calopsitas. Magra, debilitada e sem nunca ter sentido o vento sob as asas, ela foi mais uma vítima do tráfico ilegal de animais.
“Ela sequer sabia que tinha asas”, contou a veterinária Natália Zupelli, responsável pelo caso, no TikTok.
A equipe se deparou com desafios desde o início. Aurora não sabia se alimentar sozinha e apresentava pneumonia e intoxicação por metais pesados, provavelmente porque, faminta, tentou roer a própria gaiola.
“A tinta continha metais, e ela acabou ingerindo”, explicou Natália nas redes sociais.
Com paciência e cuidados intensivos, Aurora começou a se recuperar. A veterinária lembra do momento em que a arara descobriu o prazer de se apoiar em um poleiro: “Foi o primeiro gosto de liberdade que ela teve.”
A cada dia, ganhava peso e confiança. Quando percebeu que podia abrir as asas, hesitou. Mas os veterinários a incentivaram com biscoitos, seus petiscos favoritos, até que, um dia, ela finalmente se lançou em seu primeiro voo curto.
Três meses depois, Aurora estava irreconhecível. Forte, colorida e curiosa, recebeu alta e foi transferida para um local seguro, onde pode continuar sua reabilitação.
Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.