Cachorro tímido que vive em abrigo sente muito medo de mostrar seu lindo rosto a alguém

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em Proteção Animal

Um cão de abrigo vivia encolhido em um canto de seu canil no Chapin Veterinary Hospital, localizado na Carolina do Sul (EUA). O animal estava tão dominado pelo medo que se recusava a encarar o mundo.

O ambiente barulhento e desconhecido de um abrigo de animais o sobrecarregava a ponto de ele se tornar praticamente invisível, uma sombra trêmula que escondia o rosto de qualquer pessoa que se aproximasse.

Seu corpo ficava achatado contra o cimento frio, buscando refúgio sob uma cama, numa tentativa desesperada de desaparecer.

A cabeça baixa e o olhar perdido denunciavam um estado de pânico constante.

A situação de Flapjack, como ele foi batizado, era crítica. Um animal em tal estado de estresse dificilmente consegue uma chance de adoção.

Foi nesse cenário de desespero que a equipe do abrigo decidiu procurar ajuda especializada.

Eles entraram em contato com a Hounds in Pounds, uma organização de resgate sem fins lucrativos conhecida por seu trabalho com cães que necessitam de cuidados veterinários intensivos e apoio comportamental.

A organização, ao saber da história de Flapjack, não hesitou em intervir.

Cat Suzuki, fundadora e presidente da Hounds in Pounds, recorda o primeiro contato com a história do animal.

"Flapjack estava tão isolado. Ele não ia ser adotado daquele jeito. Então, é claro, concordamos em ajudá-lo.", disse Suzuki em uma entrevista ao The Dodo.

A equipe de resgate sabia que a jornada para recuperar a confiança de Flapjack seria longa e exigiria paciência, mas estavam determinados a oferecer a ele a chance de uma nova vida.

Ao chegar ao abrigo para buscá-lo, a cena que encontraram confirmou a urgência do caso.

"Ele não olhava para você. Ele não mantinha a cabeça erguida", complementou Suzuki, descrevendo a profunda barreira de medo que o cão havia construído ao seu redor.

A transferência para um ambiente mais calmo e acolhedor foi o primeiro passo na reabilitação de Flapjack.

A equipe da Hounds in Pounds compreendia que forçar a interação apenas agravaria seu trauma.

A abordagem inicial foi simplesmente oferecer um espaço seguro, onde ele pudesse começar a descomprimir, longe dos sons e cheiros que o aterrorizavam.

O progresso, a princípio, era quase imperceptível. Qualquer movimento brusco ou som inesperado o fazia recuar para sua concha de proteção.

Os voluntários passavam tempo perto de seu espaço, falando com vozes suaves, sem exigir qualquer reação.

Com o passar dos dias, a rotina consistente e a atmosfera de tranquilidade começaram a surtir efeito. Pequenos sinais de curiosidade surgiram. Um olhar rápido, uma orelha que se movia na direção de uma voz familiar.

Cada um desses gestos era uma vitória celebrada silenciosamente pela equipe. A introdução de petiscos saborosos e brinquedos foi feita de forma gradual, sempre permitindo que Flapjack ditasse o ritmo da interação.

Aos poucos, ele começou a associar a presença humana a experiências positivas, um passo fundamental para reconstruir a confiança perdida.

Quanto tempo leva para um cão adquirir confiança?

Ter a confiança dos nossos companheiros caninos é uma honra para nós como cuidadores. Mas e se o seu cão passou por uma experiência que dificulta a confiança?

Existe algo que você possa fazer para ajudá-lo a se sentir seguro, confiante e amado o suficiente para confiar em você? Com certeza.

Com um pouco de tempo e paciência, você pode começar a derrubar as barreiras que seu cão construiu.

Razões pelas quais seu cão pode ter problemas de confiança de acordo com a zoetispetcare.

Embora os cães sejam conhecidos por seu amor incondicional, muitos fatores podem afetar sua capacidade de confiar nas pessoas, até mesmo na pessoa que cuida deles.

Isso pode variar desde a falta de socialização como um filhote, não sendo exposto a imagens e sons como passeios de carro, crianças e fogos de artifício, às cicatrizes emocionais de um histórico de abuso ou de sobrevivência a um evento traumático.

Além disso, a genética pode tornar alguns cães mais predispostos ao medo.

E um cão em uma situação totalmente nova, como uma adoção recente, pode levar algum tempo para confiar e se acostumar com pessoas desconhecidas, um lar diferente e uma mudança na rotina.

Como a confiança afeta o bem-estar mental de um cão

Cães que parecem confiar em você o fazem porque não sentem medo ou ansiedade perto de você ou no ambiente em que vivem.

Construir confiança significa fazer seu cão se sentir seguro. A confiança dá ao cão um nível de certeza de que interagir com você resultará em algo bom.

Assim, essas interações não só aumentam, como cães confiantes buscam oportunidades de interação com aqueles em quem confiam. Isso também gera mais confiança no seu cão.

Por outro lado, um cão ansioso e medroso parecerá desconfiar de você e pode se esquivar de gestos carinhosos como carinho, não estar disposto a brincar e outras atividades divertidas e não se animar ao cumprimentar seu companheiro humano ao chegar em casa no final do dia.

Como construir confiança com seu cão

Construir confiança leva tempo e paciência, mas há muito que você pode fazer.

Aprenda a ler a linguagem corporal deles. Um cão feliz terá corpo e rosto relaxados. Um cão medroso terá o corpo tenso e poderá evitar contato visual.

Observe outros sinais de medo e ansiedade como encolher-se, orelhas baixas, rosnar ou tremer. Se os sinais forem graves, procure um veterinário.

Deixe que seu cão determine o ritmo.

Respeite o espaço dele.

Aproxime-se do cão na altura dele, sentando-se no chão para ficar no nível dos olhos.

Deixe seu cachorro vir até você e recompense a aproximação com uma voz calma e um petisco.

Se ele pegar o petisco de forma brusca, ele ainda está ansioso. Se ele pegar gentilmente, você pode tentar um carinho suave no peito ou queixo, nunca por cima da cabeça.

Use o "teste de consentimento". Acaricie por três segundos, pare e observe. Se ele pedir mais, continue. Se ele se afastar, respeite a decisão.

A consistência é fundamental. Mantenha uma rotina previsível de alimentação, passeios e brincadeiras.

Isso gera segurança. Forneça um espaço seguro, um refúgio que seja só dele e nunca seja usado para punições.

Participe de atividades que promovam a construção de confiança, como associar sua presença a algo positivo, por exemplo, deixando um petisco sempre que passar por ele. Brinque muito, pois a brincadeira libera hormônios de bem-estar.

Comece o treinamento baseado em recompensas com comandos simples e sessões curtas e divertidas.

Mantenha uma postura calma, pois os cães captam nossas emoções. Se tudo isso parecer desafiador, não hesite em procurar apoio profissional de um veterinário comportamentalista.

O esforço para construir a confiança de um cão vale a pena, pois resulta em um relacionamento mais forte, profundo e significativo.

Beatriz é jornalista formada pela Universidade de Passo Fundo, com especialização em Escrita Criativa e Editoração pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera. Apaixonada por narrativas envolventes e pelo universo pet, ela também possui certificação em Storytelling para Marketing Digital pela Santander Open Academy, o que complementa sua habilidade de transformar histórias reais em conteúdos informativos e inspiradores. Dedica-se à produção de reportagens que valorizam a convivência ética e afetiva entre humanos e animais de estimação, promovendo empatia, informação de qualidade e o respeito aos animais.