Sem saber para onde ir após dono falecer, cacatua cega de 50 anos reencontra a alegria de viver ao conhecer sua nova enfermeira: outra cacatua

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em Aqueça o coração

Na Califórnia, Estados Unidos, uma cacatua cega e idosa chamada Dino teve sua vida transformada após ser acolhida por uma voluntária e encontrar em outra cacatua, Magnolia, uma ‘enfermeira’ de asas e coração gigante.

Dino tinha pelo menos 50 anos quando chegou ao resgate. O dono havia falecido e, sem saber para onde ir, o pássaro foi deixado por uma pessoa que dirigiu quilômetros até o abrigo onde a enfermeira conhecida como BPlus Parrot Mom atuava como voluntária.

Além da cegueira, Dino apresentava problemas cardíacos, um ferimento no peito e apenas uma asa e uma perna funcionais. Ele estava em condições delicadas e precisava de cuidados intensivos, algo que a cuidadora estava disposta a oferecer.

“Daquele dia em diante, prometi que ele nunca mais se sentiria sozinho, sem cuidados ou sem amor”, contou ao GeoBeats Animals. “O que me surpreendeu foi que, para um pássaro que havia passado por tanta coisa, ele era incrivelmente doce.”

Mas o que ela não imaginava é que Magnolia, sua cacatua guarda-chuva, perceberia de imediato que o novo morador precisava de ajuda e assumiria o papel de cuidadora.

“Elas são incrivelmente inteligentes, emocionalmente inteligentes. Magnolia queria muito cuidar dele”, disse.

Mesmo sem enxergar, Dino aprendeu a reconhecer a presença da nova amiga. Magnolia, por sua vez, ajustou sua forma de interagir para não assustá-lo.

Com o tempo, os dois criaram uma relação de confiança e companheirismo que devolveu ao idoso cacatua a alegria de viver.

“Ele começou a agir mais como um pássaro, a se divertir e a ficar mais animado e falante”, contou a tutora.

'Sou um bom menino'

Dino, que precisava de apoio constante, passou a acompanhar a tutora em todos os lugares dentro de um pequeno transportador adaptado.

“Era como ter um bebê recém-nascido. Ele caía com frequência, então coloquei a gaiola ao lado da minha cama. Quando ele caía, eu me levantava para confortá-lo.”

Todas as manhãs, Dino saudava a tutora com um alegre “bom dia” e repetia as frases que ouvia com frequência: “Sou um bom menino. Está tudo bem. Vamos lá.”

Por trás da fragilidade, havia uma força enorme. Dino enfrentava feridas abertas causadas por automutilação, um comportamento comum em papagaios que sofrem de estresse emocional.

Os cuidados diários com o curativo levavam cerca de duas horas.

“Eu fazia suéteres tortos para combinar com suas asas tortas”, disse a tutora.

Apesar de suas limitações, Dino floresceu. Magnolia nunca o deixava sozinho, posicionando-se ao seu lado como uma enfermeira.

Por dez meses, ele viveu uma rotina cercada de amor, conforto e segurança, até o dia em que seu corpo não resistiu mais.

“Foi a despedida mais difícil, mas me conforta saber que seu último capítulo foi repleto de amor e conforto. Ele sabia que era um bom menino”, escreveu ela nas redes sociais.

Nos comentários, seguidores expressaram apoio e admiração:

“É reconfortante saber que seus últimos dias foram os melhores que ele poderia ter imaginado. Amor, cura, dignidade e devoção.”

Um legado que continua

Após sua partida, a tutora transformou a antiga gaiola de Dino em um símbolo de resgate e esperança. Seu pai restaurou a estrutura, revestindo-a com uma nova camada de pó na cor do brasão do pássaro.

Agora, ela serve como “gaiola DinoSoar”, uma lembrança de onde tudo começou e um abrigo para novos papagaios com necessidades especiais.

“Algumas coisas são mais difíceis de abandonar do que outras. A gaiola do Dino era uma delas”, escreveu ela. “Agora, ela continua o legado dele — mais forte e pronta para dar a outros pássaros a mesma chance de voar.”

A vida e as curiosidades sobre as cacatuas

Segundo o San Diego Zoo, as cacatuas são aves exuberantes e inteligentes, pertencentes à família dos papagaios.

Originárias da Austrália e de ilhas vizinhas, elas vivem em florestas tropicais, bosques de eucalipto e áreas abertas.

São conhecidas pela crista móvel, que erguem para expressar emoções como alerta, empolgação ou curiosidade.

Essas aves são altamente sociais e costumam viver em bandos barulhentos, comunicando-se por meio de gritos e vocalizações potentes.

A capacidade de fazer barulho, aliás, é uma adaptação importante para se manterem em contato nas florestas densas.

As cacatuas também são excelentes escaladoras, graças aos pés zigodáctilos (com dois dedos voltados para frente e dois para trás), que lhes permitem segurar objetos com precisão.

Além disso, algumas espécies demonstram comportamentos complexos, como o uso de ferramentas, como a cacatua-palmeira, que fabrica bastões para “tocar tambor” em troncos ocos, uma forma de comunicação territorial.

Quando vivem em pares, as cacatuas costumam formar laços duradouros e cheios de afeto, dividindo tarefas como a incubação dos ovos e o cuidado dos filhotes.

Magnolia e Dino parecem ter replicado esse instinto ancestral de união e proteção.

Dino poderia não enxergar, mas sabia exatamente onde estava o amor.

Larissa é jornalista e escreve para o Amo Meu Pet desde 2023. Mora no Rio Grande do Sul, tem hobbies intermináveis e acha que todos os animais são fofos e abraçáveis. Ela se formou em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e é “mãe” de duas gatas.