Marido traz para casa vira-lata caramelo de rua e o incentiva a não ter vergonha de entrar em seu novo lar
Por Ana Carolina Câmara em CãesO marido de Tracey Ferrin é o tipo de pessoa que não consegue ver um bichinho em apuros e simplesmente virar as costas.
Por isso, há cerca de dois anos, ele ligou para a esposa para contar sobre um cãozinho que andava rondando o local onde trabalhava.
Preocupado com o animal, disse que precisava fazer alguma coisa por ele — e assim o fez. Junto com os colegas de trabalho, deu água e comida ao vira-latinha, além de ligar para diversos abrigos de animais da região em busca de um lugar que pudesse acolhê-lo. Infelizmente, todos estavam lotados, e nenhum pôde recebê-lo.
Foi então que o coração bondoso de seu marido falou mais alto. Ao ligar novamente para Tracey, contou o que havia acontecido e perguntou se poderia levá-lo para casa. Mas havia um detalhe importante: a intenção não era apenas oferecer um lar temporário, e sim um lar para sempre.
E adivinha? Tracey aceitou sem hesitar, e naquele momento, a vida do casal e do pequeno cãozinho mudaria para sempre.
"Eu pensei: 'Com certeza, traga-o para casa'", disse Tracey ao The Dodo. "Ele nunca foi o tipo de pessoa que levava um cachorro ou um gato para casa. Esta foi a primeira vez em 20 anos de casamento."
Um recomeço para o vira-latinha
O vira-latinha de pelagem caramelo foi batizado de Buddy. Depois de tudo o que havia passado nas ruas, ele finalmente tinha um lar, mas sua reação surpreendeu a todos.
Ao chegar em casa, Buddy se recusou a entrar. O medo e a desconfiança ainda falavam mais alto do que a sensação de segurança que o aguardava do outro lado da porta.
“Ele estava muito assustado e realmente inseguro”, disse Tracey. “Não sei se ele já tinha entrado em algum lugar antes, porque ele simplesmente ficou paralisado... era como se suas patinhas não soubessem o que estavam tocando.”
O que Buddy viveu antes de ser resgatado ninguém sabe ao certo, mas uma coisa era clara: Tracey e seu marido estavam determinados a não deixá-lo sofrer mais.
Eles sabiam que o medo não seria vencido de um dia para o outro e, por isso, decidiram agir com paciência, carinho e tempo, oferecendo ao cãozinho tudo o que ele mais precisava naquele momento, confiança e amor verdadeiro.
“Fomos extremamente cuidadosos com a forma como interagimos com ele”, disse Tracey. “Nos abaixamos no chão, na altura dele, porque não queríamos assustá-lo.”
A primeira interação do caramelo com sua nova família durou cerca de 30 minutos e foi marcada por gestos de acolhimento.
Ele recebeu um banho quentinho, que o ajudou a se acalmar e a eliminar as pulgas, além de muito carinho e atenção, essenciais para que começasse a se sentir seguro em seu novo lar.
Já limpinho e um pouco mais confiante, o casal acomodou Buddy na antiga casinha de sua cachorra, que logo se tornou o seu refúgio favorito.
"Ele passou os dias seguintes lá dentro", disse Tracey. "Ele ainda era muito tímido e não saía. Nós o alimentávamos no canil. Eu deixava a porta aberta para que ele soubesse que podia sair, mas ele se sentia muito seguro dentro do canil."
Sissy, a buldogue inglesa da família, não ficou muito empolgada com a chegada do novo integrante, e dá para entender, né?
No começo, ela estranhou o caramelo que agora dividia seu espaço e a atenção dos tutores. Porém, com o tempo e muita convivência, o ciúme inicial deu lugar à curiosidade e, aos poucos, à amizade.
Além de criar um forte laço com Sissy, Buddy também se tornou inseparável de Noah, o filho do casal, que na época tinha 15 anos.
Entre brincadeiras e momentos de descanso, os dois desenvolveram uma conexão especial, marcada por confiança e companheirismo.
"Eles realmente criaram um vínculo", disse Tracey sobre Noah e Buddy. "Buddy ficou muito doce e carinhoso depois que a timidez e a incerteza começaram a passar."
A alegria de ter um lar
Tracey contou que, em poucas semanas, Buddy estava menos arisco à nova rotina. O cãozinho, antes assustado e retraído, passou a demonstrar confiança, alegria e gratidão em cada gesto.
Tracey contou que um dos momentos mais marcantes, e que mostrou o quanto o vira-latinha já se sentia em casa, aconteceu de forma simples, mas cheia de significado:
“[Buddy e Sissy] estavam na minha cama, e Buddy se aconchegou bem pertinho dela, e ela não se mexeu, porque normalmente se afastaria”, contou Ferrin. “Parecia que eles estavam se abraçando. Entreguei meu celular para o meu filho e ele os gravou.”
Anos já se passaram desde o seu resgate, e Buddy continua cercado de amor e carinho. Hoje, ele é um cão feliz, confiante e cheio de vida, que adora brincar, dormir pertinho da família e aproveitar cada momento ao lado de quem lhe deu uma segunda chance.
Assista:
Sua história mostra que, com paciência e afeto, até os corações mais feridos podem aprender a confiar novamente.
O que faz um cão sentir medo?
Os cães podem reagir com medo por diversos motivos que vão além do óbvio.
Em muitos casos, esses comportamentos têm origem na socialização insuficiente durante a fase de filhote — ou seja, se eles não foram expostos de forma positiva a pessoas, sons, objetos e ambientes variados entre as 7 e 16 semanas de vida, há maior probabilidade de apresentarem medos ou inseguranças mais tarde.
Além disso, o ambiente em que vivem também conta bastante. Um estudo mostra que cães que vivem em ambientes urbanos, com pouco exercício físico, menos estímulos e menos interação, têm maior tendência a apresentar medo social (como receio de pessoas ou cães desconhecidos).
Outro fator é o trauma ou experiências negativas que o cão pode ter vivido — casos de abandono, privação, dor ou situações de estresse podem causar reações de congelamento, fuga ou recusa em entrar em ambientes que remetam ao passado.
Por fim, estímulos simples como ruídos muito altos, mudanças bruscas no ambiente ou rotina e ausência de orientação também podem provocar comportamentos de medo ou ansiedade no cão.
Para ajudar um cão a superar o medo, é essencial agir com paciência, carinho e consistência. Nunca o force a enfrentar situações que o assustam, pois isso pode piorar o quadro.
Em vez disso, use o reforço positivo, recompensando cada pequeno avanço com petiscos e elogios. Mantenha uma rotina estável e crie um ambiente tranquilo, sem gritos ou punições.
Socialize-o gradualmente com pessoas, sons e lugares diferentes. Se o medo persistir, procure um veterinário comportamentalista, que pode orientar um plano de dessensibilização e, se necessário, associar terapias complementares.
Redatora e apresentadora do Canal Amo Meu Pet.
Com formação em Design de Produtos e especialização em Design de Interiores pela Universidade de Passo Fundo, a Ana encontrou sua verdadeira paixão ao unir criatividade, comunicação e o amor pelos animais.
Apaixonada por contar histórias que tocam o coração, ela estudou Escrita Criativa com o escritor Samer Agi e participa do programa JournalismAI Discovery, organizado pela Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e a Iniciativa de Notícias do Google, buscando se aprofundar no universo digital.
Hoje, dedica-se a produção de conteúdos que informam, emocionam, conscientizam e arrancam sorrisos.
