Em seu último dia de vida, tutores vão até parque da cidade com shih-tzu com um cartaz que comove a todos
Por Ana Carolina Câmara em Cães
Acredito que nenhum tutor de pet está realmente preparado para o dia em que precisará se despedir do seu melhor amigo.
Por mais que saibamos que o tempo deles é mais curto, o amor, a convivência e as lembranças tornam a separação uma das experiências mais dolorosas da vida.
Afinal, quem ama um animal sabe que ele nunca é “apenas um pet”, mas parte da família, um companheiro leal que deixará marcas eternas no coração.
Recentemente, a jovem Coeli Fortun, de 29 anos, passou por isso: despediu-se de Manolo, seu fiel shih-tzu. Foram 15 anos de companheirismo, amor e lembranças inesquecíveis.
Sabendo que o adeus seria difícil, Coeli decidiu transformar aquele último dia em uma homenagem especial, repleta de carinho e significado.
Algo que não apenas comoveu Coeli, mas também tocou o coração de pessoas desconhecidas, que se uniram para tornar o último dia de Manolo em um momento único.
Manolo, um cãozinho companheiro e amável
Coeli adotou Manolo quando ainda era adolescente, por volta dos 14 anos, enquanto vivia em Manila, nas Filipinas.
O cachorrinho foi o único da ninhada que nasceu cego e, por causa dessa condição, acabou sendo rejeitado pelos criadores, que o consideravam “inapropriado” para venda.
Mas o destino interveio, e o que muitos viram como um defeito, Coeli enxergou como um chamado para o amor.
Desde o primeiro encontro, ela se encantou com aquele pequeno e frágil cão, decidido a viver e amar apesar das limitações. Ao levá-lo para casa, Coeli prometeu dar a ele a vida que merecia: cheia de cuidado, carinho e respeito.
Assim começou uma amizade verdadeira, uma ligação tão forte que nem mesmo a mudança de país foi capaz de separar.
Em 2022, quando Coeli se mudou para Toronto, no Canadá, com Sean, seu namorado, para cursar a pós-graduação, ela manteve a promessa feita anos antes: nunca abandonar Manolo. E, junto com ele, levou também Snuffles, seu gato.
E assim, Manolo e Snuffles se tornaram o conforto de Coeli e de seu namorado nos dias mais difíceis, especialmente por estarem tão longe da família.
Tudo corria bem até que, em fevereiro de 2025, Manolo começou a apresentar mudanças sutis em seu comportamento.
“Meu parceiro e eu estávamos dormindo quando o Manolo começou a gritar de repente”, contou Coeli ao People. “Ele se acalmou quando o seguramos, e meu parceiro massageou suavemente seu pescoço com movimentos circulares até que ele voltasse a dormir. Mas, pouco depois, ele começou a gemer também durante o dia.”
A princípio, o casal acreditou que pudesse ser um problema na coluna, algo comum em cães da raça shih-tzu, devido ao corpo alongado e às patas curtas, que acabam sobrecarregando a região lombar.
Preocupados, Coeli e Sean não hesitaram em levar Manolo para uma consulta veterinária, na esperança de descobrir a causa do desconforto e garantir o melhor tratamento possível para o pequeno.
Manolo passou por uma série de exames, mas nenhum indicou problemas na coluna ou qualquer outra anormalidade física.
Diante disso, o veterinário decidiu investigar mais a fundo e levantou a hipótese de demência canina em estágio inicial, uma condição que pode afetar cães idosos e causar confusão, desorientação e alterações de comportamento.
Manolo começou a tomar suplementos para demência canina, além de medicamentos específicos para tratar a artrite, comuns em cães idosos.
No entanto, o tratamento não surtiu o efeito esperado. Pouco tempo após o diagnóstico, suas patinhas começaram a deformar, dificultando os movimentos e abalando o casal, que assistia à deterioração do amigo com o coração apertado.
Mesmo assim, eles não desistiram. Determinados a garantir o máximo de conforto para Manolo, buscaram novas formas de cuidado, como fisioterapia, adaptaram a rotina, ofereceram apoio constante e o cercaram de amor.
Cada gesto era uma forma de dizer que, independentemente da doença, ele continuava sendo parte essencial da família — e que não enfrentaria aquele momento sozinho.
Só que a idade já começava a pesar, e Manolo, em vez de apresentar melhora, acabou piorando.
Com o tempo, desenvolveu mielopatia degenerativa, uma doença neurológica progressiva que afeta a medula espinhal e compromete gradualmente a coordenação motora e a capacidade de andar.
“Seus choramingos e gritos se tornaram mais frequentes e intensos, e eventualmente se transformaram em gritos longos e dolorosos”, revela Coeli.
Diante da angústia do peludinho, o casal já mal conseguia dormir. As noites se tornaram longas, interrompidas pelos gemidos de dor de Manolo, que pareciam partir o coração de seus tutores.
Eles tentaram de tudo: calmantes, analgésicos e uma combinação de suplementos recomendados pelos veterinários, mas nada parecia aliviar o sofrimento.
“Seu espírito permanecia tão forte, mas seu corpo estava falhando”, explica Coeli. “O que começou como episódios noturnos de mal-estar devido à demência e gritos de frustração durante o dia, eventualmente se transformou em gritos constantes de dor e ansiedade ao longo do dia.”
Foi então, enquanto preenchiam uma ficha na clínica veterinária sobre o estado de saúde de Manolo, que Coeli e o namorado se deram conta de algo: amar também é saber deixar partir. Entre lágrimas e silêncios, entenderam que insistir em prolongar o sofrimento não era um ato de amor, mas de apego.
“Essa foi a pior parte. Ver um cachorro tão feliz e vibrante, que adorava usar as patas, que adorava nos ver, que adorava nos ouvir chamá-lo, que adorava brincar conosco… definhar tão rapidamente”, compartilha Colie.
Naquele instante, a razão falou mais alto que o coração. Eles decidiram oferecer ao cãozinho o descanso que ele merecia. Foi uma escolha dolorosa, mas repleta de amor e coragem.
Os últimos dias de Manolo
Coeli e Sean decidiram transformar a última semana de Manolo em uma verdadeira celebração da vida. Antes da eutanásia, prepararam dias repletos de amor, paz e significado.
Se cercaram amigos próximos, pintaram um quadro juntos com o pet, assistiram ao pôr do sol e permitiram que ele saboreasse todas as suas guloseimas favoritas.
“Todos choraram, mas também perceberam algo especial: Manolo parecia em paz pela primeira vez em muito tempo”, relembra Coeli emocionada.
No último dia, o casal quis que o pequeno fosse cercado de amor e boas energias. Foram até um parque da cidade com uma placa que dizia: “É o último dia do nosso cachorro. Deem-nos alguns conselhos e um petisco para ele (trouxemos muitos).”
“Alguns estranhos olharam e disseram que sentiam muito; outros apenas passaram. Mas aqueles que pararam… esses foram incríveis”, conta Coeli, lembrando com carinho das palavras gentis e dos gestos de compaixão que transformaram a despedida em um momento de ternura e humanidade.
Assista:
Sem dúvida, Manolo e Snuffles foram muito amados!
Semanas antes da partida de Manolo, o gatinho, que já tinha 20 anos, também havia falecido, deixando o coração de Coeli duplamente ferido.
Perder dois companheiros tão especiais em tão pouco tempo foi devastador, mas também reforçou o quanto eles haviam sido importantes em sua vida.
Entre lágrimas e lembranças, Coeli encontrou consolo na certeza de que ofereceu a ambos uma vida repleta de amor e cuidado, e que eles partiram sabendo o quanto eram queridos.
Redatora e apresentadora do Canal Amo Meu Pet.
Com formação em Design de Produtos e especialização em Design de Interiores pela Universidade de Passo Fundo, a Ana encontrou sua verdadeira paixão ao unir criatividade, comunicação e o amor pelos animais.
Apaixonada por contar histórias que tocam o coração, ela estudou Escrita Criativa com o escritor Samer Agi e participa do programa JournalismAI Discovery, organizado pela Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e a Iniciativa de Notícias do Google, buscando se aprofundar no universo digital.
Hoje, dedica-se a produção de conteúdos que informam, emocionam, conscientizam e arrancam sorrisos.










