"Que assim seja": Homem faz momento de oração com os pets antes da refeição e vídeo viraliza

Um vídeo de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, ganhou as redes sociais nesta semana. As imagens mostram um grupo de cães aguardando em silêncio.

Eles esperam o tutor, Romeu Allig terminar uma oração. Apenas após o "Que assim seja" final, os animais avançam para as tigelas de ração.

A cena chamou atenção pela calma e obediência dos animais. O portal Amo Meu Pet procurou o Sr. Romeu para entender a rotina e ele explicou que o ritual diário vai além da fé.

Foi a solução encontrada para acabar com a desordem e as brigas na hora da alimentação. O tutor, que se declara católico e devoto de Nossa Senhora Aparecida, transformou a necessidade de organização em um momento de gratidão.

Ele agora compartilha a rotina com seus quatro cães residentes e um "visitante" frequente. A prática se consolidou e os novos membros aprendem observando os mais velhos.

Como tudo começou

O momento que viralizou não nasceu apenas da devoção. Sr. Romeu explicou que a disciplina foi uma resposta direta ao caos.

"Começou exatamente pela impaciência deles na hora da refeição", relatou.

Segundo ele, a situação anterior era complicada. "Se eu servia os pratinhos e botava era aquela bagunça, quem comia mais ligeiro avançava, comia a comida do outro, brigavam".

A fé, já presente na vida do tutor, tornou-se uma ferramenta de treinamento. Ele decidiu unir a necessidade de calma com sua crença.

"Comecei a fazer eles ficarem sentadinhos", disse. "Como a gente é muito cristão (...) comecei a fazer oraçãozinhas, assim, coisa que daí a gente fala calmamente com eles, com gentileza, e daí eles acabaram aprendendo".

O resultado foi uma mudança completa no comportamento da matilha.

"Agora são os cachorrinhos calmos, eles não atacam uns as comidas dos outros, sabe? Cada um tem o seu pratinho, cada um respeita o espaço do outro, nunca mais brigaram".

Ele estima que a paz reina há pelo menos quatro ou cinco anos. A rotina é tão estabelecida que os recém-chegados se adaptam.

"Os que vão chegando vão aprendendo", contou o Sr. Romeu. Ele usou o exemplo da cadela mais nova, Lila.

"Ela chegou aqui, a primeira vez, ela queria atacar a comida dos outros (...) e daí eu fui orientando, fui botando ela sentada, fazendo ela esperar, e ela via os outros também esperando, agora ela senta, fica bem calminha".

O grupo que aparece no vídeo é formado por cinco cães. Quatro deles moram com Sr. Romeu e sua família. O quinto é um hóspede regular.

O tutor detalhou quem é cada membro. Confira:

O maior deles é Ayron, um pastor alemão. Ele foi comprado em 2018 e faz aniversário em 16 de maio. Ayron necessita de cuidados especiais.

"Ele tem problema cardíaco, ele toma remédio todas as manhãs, mas ele é assim, ele vive uma vida bem tranquila", explicou o tutor.

Depois vem Lupinho, um shih-tzu com pedigree de 11 anos, que faz aniversário em 1º de abril. A idade trouxe limitações. "Ele está completamente ceguinho, né, daí a gente tem que cuidar um pouquinho mais dele, mas ele é um amorzinho".

Lalinho é o cão preto com uma lista branca no peito. Ele foi adotado e tem uma história de resgate.

"É de rua, é de uma casa abandonada que tinha ali, a cachorrinha ganhou uns 4, 5 lá, só sobrou ele, daí eu fiquei com dó e trouxe pra cá, faz dois anos". Lalinho compartilha o aniversário com o tutor, 24 de julho, e tem 3 anos.

A caçula é Lila, a única fêmea do grupo. Ela também foi adotada.

Confira abaixo:

"Nós fomos lá num bairro bem distante. A minha filha que achou no celular, na internet, que não tinha dono". Lila tem aproximadamente cinco meses.

O quinto cão, Floquinho, pertence à sobrinha de Romeu.

"Ela tem uma agência de viagens, daí ela viaja muito e deixa ele aqui comigo, porque eles são muito amigos e aqui na minha casa tem o pátio, daí eles brincam o tempo todo".

O tutor também criou um método para medicar os cães

A oração filmada não é o único momento de fé do dia. Sr. Romeu revelou que existe uma segunda oração, realizada à noite.

"A gente reza todo dia", afirmou.

"Tem a oração da noite também, que antes de dormir também eles comem, fazem a oraçãozinha também, agradecem".

O conteúdo das preces inclui gratidão e um pedido especial. Eles agradecem "a Deus pelo lar que eles têm, pela comida" e pedem "que Deus ajude os cachorrinhos que estão na rua, que não têm nenhuma caminha para dormir, que estão comendo lixo nas lixeiras".

Veja:

Para o tutor, a conexão é real. "Eles parecem que compreendem, eles ficam bem quietinhos".

O cuidado diário com Ayron, o pastor alemão cardíaco, gerou outra rotina. Dar comprimidos para um cão de grande porte era um desafio.

"Imagina dar um comprimido para um pastor alemão, é uma bagunça todo dia. Aí eu inventei um método".

O método foi apelidado de "xiguidu".

"Eu compro uma mortadela dessas que não tem gordura e corto em cubinhos", detalhou. "Aí eu pego o vidrinho de remédio e sacudo assim, faz o barulhinho e lhe chamo para vir e tomar o xiguidu".

O truque envolve velocidade e distração. "Eu corto os cubinhos, ponho o remédio no meio e atiro para o Ayron e ele pega e engole. Mas assim, se tu atirar só um cubinho, ele engole só um cubinho. Só o cubinho e cospe fora o remédio".

A solução foi mostrar o próximo prêmio. "Tu atira um e fica mostrando o outro. Aí ele engole ligeiro, não tem tempo de elaborar, que é que ele tem remédio dentro, daí você atira o outro e ele engole".

O método do "xiguidu" é usado para vermífugos ou outros remédios para os demais cães. A hora do remédio virou um momento de união.

"Não dá encrenca, não dá nada, eles tomam facilmente e todos ganham um cubinho daí. Então, são todos parceiros uns dos outros, né? A hora do remédio, todos ganham um cubinho".

Você também já precisou criar um método para evitar que seus cães façam bagunça na hora da refeição? Deixe seu comentário.