'Meu pequeninho, dei meu melhor': Moça passa 4 semanas cuidando de pássaro debilitado e final emociona
Por Ana Carolina Câmara em Mundo Animal
Em outubro, era um dia comum na vida de Margone Perondi quando ela se deparou com uma criaturinha frágil e indefesa precisando de ajuda: um filhote de bem-te-vi.
Margone sabia que, se ignorasse o filhote, ele dificilmente sobreviveria. Apaixonada por animais e pela natureza, como ela mesma se define, sentiu naquele instante que precisava fazer algo por aquele serzinho tão vulnerável.
Sem pensar duas vezes, decidiu acolhê-lo. E assim, por quatro semanas, tornou-se a guardiã do pequeno, oferecendo abrigo, alimento e todo o cuidado que um filhote tão delicado precisava.
Lar temporário
Muito provavelmente o bem-te-vi havia caído do ninho, e quando Margone o encontrou, percebeu imediatamente que aquele filhotinho indefeso não sobreviveria sozinho.
Sem pensar duas vezes, levou-o para casa e começou a alimentá-lo com papinha própria para filhotes, oferecendo o que ele mais precisava naquele momento: calor, segurança e a chance de sobreviver.
Desde o primeiro dia, Margone se dedicou com todo o coração. Preparou uma caminha aquecida, observou cada pequeno movimento e acompanhou cada evolução com um cuidado quase materno.
Ela sabia que a fase inicial era a mais delicada e que, sem ajuda, o filhotinho não teria forças para seguir em frente.
Por semanas, sua rotina se moldou à do pequeno bem-te-vi, que ainda não tinha nome, mas já tinha um lugar especial em seu coração.
“Foram mais de quatro semanas cuidando diariamente. Nas três primeiras ele dependia exclusivamente de mim, depois foi começando a se tornar mais independente, criando asas e voou!”, contou Margone, lembrando do processo com carinho.
A cada dia, o pequeno se mostrava mais atento ao ambiente, acompanhando movimentos, sons e luzes com curiosidade crescente.
Parecia compreender, no seu jeitinho de ave, que alguém havia acreditado nele quando mais precisava. Com o passar do tempo, era evidente sua vontade de se fortalecer e de explorar o mundo além das paredes da casa.
Quando ficou um pouco maior, Margone começou a introduzir alimentos como os tenébrios, larvas ricas em proteína e fundamentais para aves insetívoras. Esse alimento ajudou o bem-te-vi a ganhar energia e a se preparar para a vida que teria ao ar livre.
Logo depois vieram as frutas, oferecendo vitaminas e nutrientes essenciais para seu desenvolvimento. E então, como um pequeno milagre diário, ele começou a se alimentar sozinho.
Suas penas, antes quase invisíveis, passaram a surgir, revelando o início da plumagem de um pássaro saudável e cheio de vida.

Com esse progresso, Margone passou a levá-lo para o pátio de casa. A ideia era simples, mas fundamental: deixá-lo sentir o vento, acostumar-se com o cheiro da grama, ouvir o canto de outros pássaros e iniciar os primeiros exercícios de voo.
A cada visita ao quintal, sua postura mudava. Ele observava atentamente o céu, batia as asinhas com mais força e demonstrava uma vontade clara de voar.
“Manter preso nunca foi uma opção”, afirmou Margone.
E assim foi. Quando chegou a hora, Pi, nome que ela escolheu para o filhote, abriu as asas e partiu. Um voo bonito, firme, cheio de significado. O voo que simbolizava tudo o que ela mais desejou para ele desde o início: liberdade.
“Meu pequeninho, dei meu melhor, e acho que deu certo… porque ontem você voou lindamente”, escreveu, emocionada.
Para Margone, essa experiência foi um “lar temporário cheio de aprendizados”. Ela sempre foi contra pássaros em gaiolas, mas depois de conviver com Pi, esse sentimento se tornou ainda mais forte.

Segundo ela, antes mesmo de entender o que era liberdade, Pi já demonstrava a emoção que sentia ao ouvir o canto dos pássaros do lado de fora. Era evidente a vontade de ir, de sentir, de voar.
“Todos merecem isso. Todos os seres”, declarou.
E para quem ama ouvir o canto das aves, ela deixa um recado cheio de verdade:
“Gosta de ouvir o canto dos pássaros? Eu amo também… mas, para isso, vou ao meio do mato ouvir.”
Repercutiu
Margone compartilhou um vídeo emocionante em seu perfil no Instagram, @margonep, no dia 11 de novembro.
Nas imagens, ela reuniu toda a jornada de Pi: desde o momento em que o encontrou caído e indefeso até o dia em que ele finalmente abriu as asas e partiu para viver sua vida em liberdade.
A publicação rapidamente ganhou força nas redes sociais, acumulando milhares de visualizações e dezenas de comentários cheios de carinho e identificação.
Muitas pessoas se reconheceram na experiência de Margone e aproveitaram o espaço para compartilhar suas próprias histórias.
Uma internauta escreveu: “Incrível, Margo! Salvei um filhote de chupim que tinha apenas 5 dias de vida. Hoje ele já está completando um mês, vive solto e sem gaiola. Ele teve uma segunda chance de viver e merece a liberdade. Em breve será o nosso adeus e o olá para a liberdade dele.”
Outra pessoa comentou: “Você é incrível, Margo! Esperança para a humanidade.”
E, entre tantos relatos emocionados, houve quem resumisse o sentimento de todos com humor e sensibilidade: “Acho que caiu um cisco no meu olho.”
Confira:
Pi teve muita sorte em ter cruzado o caminho de Margone, né?
Encontrou nela não apenas abrigo, mas uma verdadeira protetora que acreditou em sua vida quando ele mais precisava. Foi graças a esse cuidado que ele pôde crescer, se fortalecer e conquistar a liberdade.
Sobre o bem-te-vi
O bem-te-vi é uma das aves mais conhecidas e queridas do Brasil, facilmente identificado pelo canto marcante que parece pronunciar seu próprio nome: “bem-te-vi!”.
Segundo o Wikiaves, essa ave pertence à família dos tiranídeos e possui uma impressionante capacidade de adaptação, vivendo tanto em áreas urbanas quanto em regiões de mata.
Com aproximadamente 22 a 25 centímetros, o bem-te-vi se destaca pela coloração viva: peito amarelo brilhante, dorso marrom, garganta branca e a clássica faixa preta que atravessa os olhos, lembrando uma pequena máscara.
Seu bico forte e levemente curvado permite explorar uma dieta extremamente variada. O bem-te-vi, trata-se de uma ave onívora, que pode se alimentar de frutas, insetos, peixinhos, pequenos vertebrados, néctar e até ovos de outras espécies.
No comportamento, o bem-te-vi também chama atenção. É curioso, ousado e frequentemente visto interagindo com quintais, postes, árvores de calçada e telhados, mostrando o quanto se adapta bem ao convívio próximo dos humanos. É igualmente territorial, defendendo seu espaço com coragem, inclusive contra aves maiores.
Na reprodução, constrói ninhos grandes e fechados, feitos com galhos e fibras vegetais. A fêmea coloca de 2 a 4 ovos, e ambos os pais cuidam dos filhotes, que crescem rapidamente até ganhar independência.
Com sua coragem, inteligência e canto inconfundível, o bem-te-vi se tornou um dos símbolos mais marcantes da biodiversidade brasileira, encantando todos que têm o privilégio de observá-lo no dia a dia.
Redatora e apresentadora do Canal Amo Meu Pet.
Com formação em Design de Produtos e especialização em Design de Interiores pela Universidade de Passo Fundo, a Ana encontrou sua verdadeira paixão ao unir criatividade, comunicação e o amor pelos animais.
Apaixonada por contar histórias que tocam o coração, ela estudou Escrita Criativa com o escritor Samer Agi e participa do programa JournalismAI Discovery, organizado pela Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e a Iniciativa de Notícias do Google, buscando se aprofundar no universo digital.
Hoje, dedica-se a produção de conteúdos que informam, emocionam, conscientizam e arrancam sorrisos.








